𝐓𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐅𝐢𝐯𝐞

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Me espreguicei na cama. Depois de um tempo, você consegue se acostumar e acordar sem precisar de despertador nem e nem que ninguém te chame. 

Olhei a hora no relógio. Eu ainda podia dormir mais tempo, porém, estou sem sono algum. 

Me sentei na cama, escutei um ronco baixinho, olhei para o lado e vi Eliza, com um pijama de abelhinhas e com o cabelo preso. 

Ontem a noite, dormi antes que os Miller chegassem, talvez porque fiquei um bom tempo olhando para o teto e tentando imaginar o que poderia ter naquele porão. Acordei com Alyssa me chamando, perguntando se a irmãzinha dela podia dormir na minha cama, eu só concordei, nem tinha prestado atenção no que ela tinha dito. 

Procurei pelos outros dois e vi ambos deitados em um colchão enorme no chão. Peter estava todo espremido enquanto Aly estava toda esparramada. 

Ri baixinho. Dormir com ela é igual você não ter espaço na cama, Alyssa dorme igual uma estrela na cama. Eu odiava quando ela inventava de dormir em casa. Eu amo ela, mas eu odiava acordar com as pernas dela jogadas por cima de mim. 

Arrumei Eliza na cama, para não ter perigo dela cair e então me levantei, tentando fazer o mínimo de barulho possível. 

Na ponta dos pés, peguei uma roupa e fui pro banheiro. 

Pois é, acho que passei meia hora no banheiro. Lavei meu cabelo, e como não estava com pressa alguma, lavei ele com a maior calma do mundo. 

Sai do chuveiro e sequei o cabelo com a toalha antes de colocar uma blusinha de alça fina. Coloquei minhas meias e escutei batidas na porta. 

— ãn... – Murmurei baixo. 

— Sou eu, April, abre a porta. – Abri e dei de cara com Alyssa toda descabelada. — Você toma banho? – Semicerrei os olhos e me virei, pegando minha calça. — Sua bunda cresceu? – Me virei para ela, vestindo minha calça rapidamente. 

— Para de olhar pra minha bunda! – Abotoei o botão. — O que você quer a essa hora da manhã, peste? 

— Odeio quando me chama assim. – Ela se sentou no chão. — Vim conversar com você. Ontem nem fiquei aqui e quando cheguei estava dormindo. 

Peguei o pente e comecei a pentear meu cabelo, olhando para ela. 

— Sei lá, só me conta as coisas. Conseguiu fazer amizades? 

— Tenho o total de cinco amigos. – Ela abriu um sorrisinho. 

— Melhor que nada, não é? – Ela olhou para os dedos do pé. — Como seus amigos se chamam? 

— O que você quer, Alyssa? – Ela murchou os ombros. 

Eu conhecia ela há anos, mesmo com a diferença de quatro anos de idade, somos muito próximas. Eu sabia que ela queria perguntar alguma coisa só pelas suas sobrancelhas enrugadas. 

— Ai, eu tô me segurando pra não perguntar... – Ela disse, mexendo os dedos do pé. — Ontem a noite você tava dormindo toda descoberta na cama, e, vamos supor que aquela sua camiseta não tampasse certas marcas... – Cara, isso é sério? — Você tá toda fudida, April. Agora mesmo, consigo ver esse roxo enorme no seu ombro. – Olhei para meu ombro e realmente: uma marca roxa enorme e nem visível. 

— Porra... – Olhei pelo espelho. — Eu vou estrangular ele. – Abri a porta do banheiro e fui até o quarto, pegando uma camisa xadrez cor caramelo claro. 

— Estrangular quem? – Ela só colocou a cabeça pra fora do banheiro. Logo voltei para o mesmo cômodo e fechei a porta. 

Coloquei a camisa e a ajeitei, olhando pelo espelho mais uma vez. 

𝐂𝐥𝐚𝐬𝐬 𝐨𝐟 𝟖𝟔, 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora