𝐓𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐓𝐰𝐨

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— Nossa, que esse homem é um bonitão. – Meu tio disse, após terminamos o filme. — Todo sarado. É por isso que gosta do filme? 

— Nem gosto desse filme, quem gostava era meu pai. – Falei, nem prestei muita atenção no filme, mas deveria já que ele está elogiando tanto o cara  — Acho que você confundiu. 

— Confundi? – Perguntou confuso. — Não confundi, você vivia me falando sobre esse filme! 

— Só vi você até meus 8 anos e eu não tenho certeza se esse filme existia em 74. – Nunca gostei desse filme, talvez no futuro eu saiba apreciar. — Tá tudo bem. Você só se confundiu, não tem problema. 

— Tem certeza que não é esse o seu filme favorito? – Balancei a cabeça negativamente. 

— Mal assisto filme, tio. – Ele colocou a mão no rosto e se levantou. 

— Eu preciso fumar. – Ele pegou seu maço e saiu da sala, indo para o lado de fora. 

Tio Logan parecia meio distraído e confuso o caminho inteiro até em casa. Não sei o quanto a briga com tio Jeff o afetou e muito menos como, mas ele não parecia legal. 

Ou talvez, seja apenas cansaço, já que ele fica a maior parte do seu tempo livre em festas, e eu imagino que noites acordado deve te dar algum tipo de cansaço. 

E tio Jeff? Nem me pergunte. Não o vejo desde ontem, depois da briga que eles dois tiveram, pelo o que parece, ele saiu e não voltou até agora e não deu nenhuma explicação. Mas, eu conheço meu tio e sei que ficaria fora por tanto tempo sem nenhum motivo. Ou ele está resolvendo algo ou ele está se afastando, e pra falar a verdade? Não quero que ele se afaste. 

O filme em questão era exterminador do futuro, nunca assisti esse filme por motivos de preguiça, mas, meu pai vivia alugando ele, vira e mexe eu passava pela a sala de casa e o via todo largado no sofá assistindo esse filme. E como todos sabem, fui meio que afastada dos meus tios quando era mais nova, e em 1974, quando eu tinha 8/9 anos, esse filme nem existia. 

Bufei baixo e levantei do sofá e fui pro meu quarto. Eu estou morta de cansaço, os dias de sexta me deixam acabada em todos os sentidos possíveis. 

Senti uma vontade imensa de me sentar na janela, sentir o ventinho fresco no meu rosto enquanto eu ferro com meu pulmão enquanto fumava igual um dragão. Coloco esse pensamento no fundo da minha mente. Tenho tentado parar de fumar de novo, mas isso é quase impossível de vez em quando. Na maioria das vezes, pra vontade ir embora, eu simplesmente durmo. 

Talvez eu deva fazer isso. 

Me joguei na cama e olhei para o teto, batendo os dedos na minha própria barriga. No que eu poderia pensar que me causaria um sono profundo e duradouro? Não faço ideia. 

Na verdade, tudo que eu consigo pensar é nos meus últimos dias na escola. Nessa última semana. Meus novos amigos (e meus fiéis amigos), como as coisas ainda estão boas e calmas, meu maior medo é tudo ir por água abaixo. Tenho medo de falar algo idiota e Angel e Tommy se afastarem e quando eu menos esperar Robin e Steve se afastarem também. Por isso, às vezes controlo minha língua grande e afiada. Meus melhores momentos são com eles, e não sei o que seria de mim sem as minhas pestes. 

Involuntariamente penso em Eddie, parece que quanto mais tento afastá-lo, mas ele insiste em voltar e me perturbar, tem sido assim dia e noite. Volto a lembrar do que Lina disse no almoço de hoje e tento imaginar o que aconteceria se Eddie e eu discutirmos sobre o assunto tão perturbado. Uma parte minha imagina nós voltando a sermos o de antes e clima estranho indo embora, consigo ver claramente nos dois segurando as mãos um do outro naquela maldita sala de física, ou então ele me abraçando enquanto eu sinto aquele cheiro fortíssimo de cigarro, maconha e uma colônia barata (a maconha estraga tudo, meu pulmao pede arrego), porra, eu amo o abraço desse desgraçado. 

𝐂𝐥𝐚𝐬𝐬 𝐨𝐟 𝟖𝟔, 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora