𝐄𝐢𝐠𝐡𝐭𝐞𝐞𝐧

968 80 280
                                    

Eu sei que meu dia vai ser uma merda quando o dia amanhece cinza e frio. 

Não me julgue, amo dias frios e tempos chuvosos, mas eles sempre trazem coisas ruins consigo. Pelo menos pra mim. 

Pensei seriamente em faltar, seria a opção mais viável, estava frio, ia chover e  estava ventando forte. Não sei o que aconteceu, o clima de Hawkins é meio esquisito, ontem estava um calor desgraçado e hoje está frio e vai chover canivetes. 

Vesti um casaco quente e coloquei um dos meus coturnos, na intenção de não passar frio algum na escola. Prendi meu cabelo e desci as escadas, indo pra cozinha. 

— Puta merda! Que frio do caramba! – meu tio esfregou as mãos, do nada, ele levou um tapa na cabeça. — Que isso, Jeffrey? Tá maluco? 

— Olha boca, seu imundo! – Ele me olhou. — Bom dia, filha. Logan vai te levar hoje.– Ele saiu com uma xícara na mão. 

— Só pra isso que eu durmo aqui, para ser mordomo de vocês. – Ele revirou os olhos, apertando os braços. 

— Senhor, – Jaqueline, uma das ajudantes na casa parou do lado do meu tio com uma bandeja na mão. — aqui está seu achocolatado. – Ela o entregou. 

— Obrigado, Line. Você é um anjo! – Ele disse antes de seguir até a sala. 

— A senhora quer alguma coisa? 

— Não, obrigada. – Sorri minimamente, ela assentiu e saiu do cômodo. 

Eu não estava com fome, comi mais um pedação daquele bolo ontem a noite e acho que se eu comer mais alguma coisa vou acabar passando mal pra caramba. 

Fui pra sala, meus tios estavam todos sentados nos sofás: Tia Georgia estava com as pernas esticadas e cobertas por uma coberta felpuda e fofa, Tio Logan com encolhido com a xícara na mão e Tio Jeff com a cabeça encostada nas costas do sofá, ele estava no mínimo com 5 blusas, 2 luvas e 3 meias; o pé dele estava com o dobro de largura. 

Levantei os pés da minha tia, me sentei no sofá e coloquei os mesmos no meu colo. 

— Quer mesmo ir hoje? – Querer eu não quero, mas se eu não for vou me arrepender mais tarde. 

— Vou.– Falei, mexendo na sua meia com estampas de morango. — Talvez tenha algo importante. – Ergui os ombros. 

— Eu nasci pra sofrer! – Tio Logan falou antes de se levantar e beber todo seu achocolatado de uma vez. — Vamos logo, Pitchula, quero voltar e dormir. – Me levantei e dei um beijo na minha tia e no meu tio. Escutei a voz do tio Jeff dizer "cuidado!", mas eu estava meio longe para responder. Acho que ele sabe que eu escutei. 

Estava mais frio do lado de fora do que dentro, estava ventando forte e, muito provavelmente, esse vento estava estragando todo o meu cabelo. Vou chegar na escola parecendo um pinguim-macaroni. 

Um trovão iluminou o céu, me assustando. Por Deus, que horror. 

Corri até o carro e abri a porta do passageiro. Tio Logan entrou na porta da frente, seus cabelos estavam mais bagunçados que o normal, tudo culpa culpa vento. 

— Você quer ir mesmo? – Assenti. — Credo, garota. Qualquer ventinho a mais eu usava como desculpa pra ficar em casa, e você quer ir mesmo vendo a tempestade que vai vir? – Ele me olhou, decepcionado. 

— Tenho coisas importantes pra fazer na escola, tipo... 

— Estudar que não é... – Ele me interrompeu, e riu. — Você só não quer faltar pra ficar de namorinho com o Eddie. – Minhas bochechas queimaram ao lembrar da situação que meu tio nos pegou ontem a tarde. Não era nada a mais que alguns beijos, mas ainda assim ele viu Eddie e eu quase nos engolindo. — Sua safada. – Neguei os mais rápido que consegui. — É normal, adolescentes fazem isso. 

𝐂𝐥𝐚𝐬𝐬 𝐨𝐟 𝟖𝟔, 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora