[Alex]
— Dois dias... — eu repetia em voz baixa para mim mesmo, enquanto apoiava meu braço sobre o balcão do bar, com meu queixo repousando sobre minha palma aberta. Eu observava o vaivém dos garçons que revezavam ao pegar os pedidos dos poucos clientes que visitavam o bar naquela noite.
Reconstruí todos os passos daquela noite, recordo-me nitidamente de nosso breve e catastrófico diálogo. Ben parecia tão seguro de si mesmo. Sua confiança exalava por todos os poros de seu corpo, e seu magnetismo tão igualmente. De novo me percebi tão desconcertado. Gostaria eu de ser como os muitos jovens de minha idade, que simplesmente conseguem esquecer de tudo o que fizeram depois de beberem, porém eu não fui agraciado com este dom, o que torna tudo tão mais vergonhoso, tão mais embaraçoso.
Eu ainda podia ouvir claramente sua voz doce e melodiosa, e tenho certeza de que em algum momento acabamos trocamos nossos números. Acredito que talvez, ele tivesse ficado tão embriagado naquela noite que eventualmente esqueceu-se de mim. De todas as hipóteses que eu simplesmente criava, todas acabavam em duas possibilidades de conclusão: ele deveria ter me esquecido ou eu não era interessante o suficiente para que ele me ligasse. Apesar de que nada do que possa suceder daquela ocasião, possa mudar o fato de aquela noite foi perfeita, pois eu nunca tinha me divertido.
Sarah, Tom, Kathy e Cris ainda estavam nítidos em minhas memórias, porém a presença de Ben, era como se tudo o que estava bom, tivesse simplesmente ficado ainda melhor. Não acho que nenhuma quantidade absurda de álcool seria capaz de me fazer esquecê-lo. Ou talvez, este fosse só mais um sinal de que eu não deveria me apegar demais a felicidade, pois eu melhor do que ninguém sei, que é impossível ter tudo o que desejamos.
— Alex? — Tom chamou enquanto chacoalhando sua mão direita praticamente em meu rosto para verificar se eu estava bem ou vivo. Eu sobressaltei quando percebi o quão próximo meu rosto estava de sua mão, e ele também acabou assustando-se com minha súbita reação.
— Tom? Ah... Desculpe... Precisa de algo? — perguntei um pouco hesitante. Envergonhado por estar devaneando, quando na verdade eu deveria estar mesmo era atento ao movimento do bar. Tom não pareceu ligar, ele tinha esse lado que simplesmente não ligava muito para as coisas, internamente, muitas vezes desde que nos conhecemos, eu queria ser exatamente como ele.
— Tudo bem... Só não deixe o Vince te pegar assim — Tom disse no intuito de me acalmar do susto que eu tinha tomado. Sorri ainda envergonhado, me escondendo atrás de minhas próprias mãos, e ele certamente continuou a falar.
— Preciso que você prepare a bebida do dia e um especial da casa, acha que consegue? — Tom me perguntou. Tentei me esforçar para lembrar os ingredientes de cada uma das bebidas. Ele continuou me observando com a sobrancelha arqueada, depois de alguns segundos, eu senti que algo tinha me vindo em mente e anuí para que ele continuasse a atender as outras mesas.
— Eu consigo, não se preocupe — eu falei. Em seguida comecei a preparar primeiro a bebida especial da casa, era a que eu mais tinha preparado desde que eu havia começado a trabalhar com Vince, quando eu não estava aos fins de semana ajudando Jeff com a parte técnica das apresentações musicais.
Levei alguns minutos preparando o pedido que Tom trouxera para mim, em seguida levantei minha mão, tentando chamar sua atenção pelo salão do bar.
— Você é o máximo, Alex! Só não fique sonhando com seu príncipe encantado — Tom disse me provocando e eu fiquei completamente vermelho. Eu sabia que eu tinha mudado de cor, pois senti minhas bochechas queimarem e um súbito calor, que fazia com que minhas axilas começassem a pingar de suor.
— Vai se foder! — eu falei gesticulando com meu dedo do meio, em seguida fiz um gesto para que ele levasse o pedido que ele tinha vindo buscar.
Tom caminhou até o centro do salão equilibrando a bandeja com as bebidas em sua mão direita e rindo de mim. Talvez eu realmente estivesse me empoderando do meu papel de palhaço. Mesmo não recebendo nenhuma resposta de Ben nestes dois dias, eu não me sentia totalmente dependente de sua presença, pois eu sentia que eu tinha meus amigos, que sempre davam um jeito de me trazer de volta para a Terra, principalmente quando eu parecia estar fora de órbita.
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Essa Não É Uma História de Amor Qualquer [EM REVISÃO]
RomantizmAlex jamais imaginou que sua vida um dia ficaria de pernas para o ar, e nem que a única solução para seus problemas, seria fugir para o mais longe possível de casa, mas ele também nunca imaginou que fugir de seus problemas também o levaria a encontr...