[6] Música Para Todos

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[Alex]

Novamente eu me encontrava no banco do passageiro. Desta vez quem guiava o carro era Sarah, conversamos bastante no caminho até meu novo serviço, e um dos principais tópicos de nossa conversa foram os planos secretos dela. Eu sabia que me indicar para um dono de bar, um que seus clientes majoritariamente seriam músicos, me parecia muito como algo que ela maquinou. Sarah sempre me conheceu muito bem, enquanto estávamos na escola, quando costumava ter aulas extras de artes, e eu sempre estava engajado com a banda, por mais que a ideia de tocar em intervalos de jogos de futebol não fossem agradáveis para mim, apenas estar tocando, criando ou compondo coisas me fazia querer frequentar a escola muito mais do que um adolescente comum gostaria.

"Plus", na banda tinha um rapaz que eu tinha uma queda tão grande quanto as de Niágara, mas acredito que este momento obscuro sobre meu passado poderia ficar bem distante da nossa atual história, não é mesmo?

— Ansioso para começar? — Sarah me perguntou momentos antes de pararmos em frente ao bar. 

Eu não pude deixar de notar que ela me olhava levemente preocupada. Não sei se ela duvidava se eu seria capaz de dar conta ou não, mas eu a olhei em seus olhos, e talvez isto fizesse de nós dois preocupados. Não estava menos preocupado do que ela, talvez um pouco a mais, pois sabia exatamente no que implicava o risco de não me adaptar. Mesmo estando em Seattle por três dias, não gostaria de voltar para casa tão cedo e lidar com tudo aquilo sozinho, de alguma maneira eu pertencia àquele lugar.

— Você nem faz ideia! — respondi após perceber que talvez ela ainda esperasse por alguma resposta. 

Sorri involuntariamente e aquele ato, com toda certeza, transpareceu todo o nervosismo que se acumulava dentro de mim. Sarah retirou sua mão direita do volante e colocou sobre meu ombro, o apertou um pouquinho mais, mas não que ela tivesse a intenção de me coagir ou algo do tipo, era a maneira dela dizer que estava ali comigo.

— Escute, você vai tirar isso de letra, e tudo ficará bem. Afinal, você é  Alex fucking Smith! — ela tentou me animar, mas temos que admitir que aquilo acabou mais nos fazendo gargalhar. Eu a olhei novamente em seus olhos cor de mel, e a abracei.

— Obrigado! Não sei o que eu faria sem vocês... — eu a agradeci de maneira um pouco melindrosa, e como resposta tomei um soco bem dado em meu braço esquerdo.

— Por que fez isso? — questionei enquanto acariciava meu braço agora dolorido.

— Para você parar de ficar choramingando, eu disse que acredito em você, agora saia do carro antes que eu me arrependa de te ter sob "tutela" — Sarah disse me provocando, lancei um olhar fulminante, e que ao mesmo tempo havia um pouco de gratidão, pois este era o tipo de pessoa que ela era. Ela sempre lhe estenderia a mão em momentos de necessidade, mas também lhe daria uma voadora se fosse necessário, para te fazer acordar para vida.

Abri a porta do carro e em seguida saí, fiquei parado em frente ao bar por algum tempo. Com toda certeza, estava reunindo toda a minha coragem para encarar aquele novo desafio. Antes que eu decidisse entrar no bar, Sarah abaixou a janela de seu carro e me disse — "quando sair me avisa" — ela deu a partida e voltou para sua casa.

— Já estou aqui, então é hora de pegar o touro pelos chifres! — eu disse para mim mesmo.

 Caminhei em direção a porta do bar e o adentrei, a primeira coisa que pude perceber além do fato de que ainda não tinha chegado mais ninguém, era que Vince estava de cócoras de frente ao palco, ele checava alguma coisa, já que parecia estar completamente absorto com alguma coisa ou algum reparo, e não percebeu minha chegada. Caminhei vagarosamente até o local onde ele estava, percebi que a existência de três pequenos degraus ao lado esquerdo do placo, e os subi. Mesmo que a diferença entre o palco e o chão não fosse muito grande, senti como se eu estivesse no topo de uma colina. E aquilo certamente me fez imaginar, como os músicos deveriam se sentir ao ter a visão de muitas pessoas desconhecidas prontas para lhes darem um pouco de atenção, nem que fosse durante uma única música.

Essa Não É Uma História de Amor Qualquer [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora