Sete: Podrão da esquina.

4.8K 441 329
                                    

só pra provar que sou uma pessoa muito legal, aqui tá a att pra comemorar os 5k!

agora, vejo vocês sábado!

__________

O tempo voava, assim como os pensamentos de Rosé e Suzy. A noite era uma criança e elas sabiam disso. Bae refletia sobre tantas coisas, seu último relacionamento não tinha sido lá aquelas coisas, tinha terminado de uma forma bem comum: com um par de chifres. Mas ela sempre conseguiu seguir em frente sem muita luta, ela conseguia esquecer e viver sua vida normalmente. Bae nunca tinha refletido muito sobre sua sexualidade, para ela o gênero nunca realmente importou, mas de uns tempos pra cá tinha só saído com mulheres porque lhe trazia um conforte muito diferente de tudo que já tinha experienciado na vida.

Muitos poderiam discordar dela, mas para ela era fácil conviver com mulheres. Embora nem sempre fossem fáceis de lidar, era muito melhor do que ter que conviver com homens. E em toda sua vida, os únicos dois homens que ela teve que conviver por longos anos eram Seongjin, seu pai e  Donghae, seu irmão mais velho. Mas ela sempre esteve rodeada por mulheres durante toda sua vida, jovens, magras, ricas e a grande maioria, asiáticas.

Bae vinha de uma família que carregava seu negócio como se nada além dele importasse, o status estava acima de tudo. O negócio de família tinha sido de sua mãe, antes de sua avó, e antes da sua avó, da sua bisavô, e antes dela de toda sua geração de mulheres da família. Os homens da família, eles lidavam com algo diferente, eles não precisam se preocupar com modelos. Esse peso era das mulheres. Eram elas que tinham que lidar com os padrões e serem impecáveis o tempo todo.

Suzy no momento em que fez 18 anos e antes disso já sabia qual seria seu destino, na época do colégio seus amigos ficavam preocupados sobre qual faculdade iriam fazer e como seriam suas vidas quando o colégio acabasse, mas ela não tinha esse tipo de dúvida ou ânimo. Ela sempre soube que teria que administrar modelos, que veria horrores nos bastidores, à ponto de modelos comerem algodões para se manterem magras e perderem parte do estômago por abuso de remédios como laxantes. Ela sabia que ia ter que entrar para uma indústria que era cruel e muitas vezes explorava das mulheres da forma mais agressiva possível e ela até tinha escolha, mas não tinha coragem.

Porém, ela queria ser melhor, ela queria ser alguém que realmente se importava com as modelos da sua agência, alguém que não estava só ali pelo status. Ela queria fazer diferença. E isso automaticamente lhe tornava diferente dos demais da sua família. Ela não se importava só com o dinheiro, ela sabia que estava lidando com seres humanos que também tinham emoções. Cada vez que recebia uma modelo nova na sua empresa ela fazia com que se sentisse acolhida e soubesse que ali, ela não precisaria ir ao extremo.

Teria sido muito mais difícil se ela tivesse odiado aquele caminho, porque faria com que ela fosse infeliz por muito tempo. Mas ela tinha aprendido a gostar e com o tempo, amar o que fazia. Era arte. De certa forma, ela contribuia para o mundo e sempre foi isso que ela quis.

Suzy não era revolucionária por fazer aquilo, e ela sabia disso. Ela não queria ter síndrome de white savior, embora ela nem pudesse tecnicamente entrar nesse termo — porque era asiática — mas ela também não queria agir que nem seus pais. Quando ela aceitou a agência, sabia do peso sobre seus ombros e estava disposta a enfrentar quem fosse, desde que fizesse as coisas do seu próprio jeito e se não fosse do jeito dela, ela não faria.

Seu irmão, Donghae, riu na cara dela quando ela disse quão desumano era a forma que as garotas eram tratadas e como era absurdo o que faziam com elas, ele diss que ela acabaria com o nome da família eventualmente se continuasse daquele jeito, porque era fraca. Porém ela provaria, e tem provado desde então que ele estava completamente errado por supor algo como aquilo. Ela não era fraca, ela era diferente deles.

Valentine's Day Onde histórias criam vida. Descubra agora