Os Theerapanyakul

Confia em mim

Rain divagava calmo no mundo dos sonhos. Tudo à sua volta era em tons de azul bebê, sua cor favorita.

Estava sonhando, é claro. As nuvens que mais pareciam algodão doce faziam parte de uma alucinação criada por seu subconsciente, mas ele estava satisfeito em ficar ali pela eternidade, era tão bom. Quente, macio, aconchegante e cheiroso. Completamente melhor do que a sensação de dormir em sua cama. Aromas estranhamente deliciosos rodeavam o ambiente, era masculino. Familiar.

Havia um aroma meio amadeirado, também um toque suave no final. Aquela combinação poderia parecer estranha, mas era deliciosa com toda certeza, entretanto seu subconsciente não era capaz de identificar a fonte. Rain tentou imprimir uma imagem mental que se encaixasse com aquela combinação de perfumes, se esquecendo por um momento das nuvens macias e quentinhas. Mas quanto mais se esforçava e sua mente trabalhava naquela informação, mas seu corpo ficava pesado e as nuvens iam sumindo aos poucos. Estava acordando, e aquilo de algum modo o irritou.

Balançou os pés, irritado, contra os lençóis grossos e piscou os olhos com força já prevendo a luz do sol que atravessaria a persiana queimando seus olhos, mas não havia luz nenhuma ali, estava escuro.

O garoto espreguiçou-se e piscou mais uma vez antes de tentar assimilar tudo que estava ao alcance de sua visão. Cortinas grandes, cinzas e pesadas cobriam a janela, mas o moreno não lembrava de tê-las ali, muito menos de suas janelas serem tão grandes. Por conta do sono, o garoto demorou mais do que seria necessário para processar aquela informação.

Entretanto, quando compreendeu a gravidade da situação, ou parte dela, automaticamente seu corpo ganhou uma dose de adrenalina e o garoto se jogou para fora da cama. Arquejou devido a queda, mas se recompôs rapidamente.

É claro, Phayu.

O garoto lembrou da noite anterior e se repreendeu por ser tão burro. Custava ter ficado acordado?

Percebeu que não trajava mais a sua roupa de antes, no lugar dela vestia um pijama em tom de azul bebê. Era uma camiseta de botão e um short que cobria metade de suas coxas, ambos estampados por patinhos amarelos. Rain praguejou, mas não conseguiu achar suas roupas em canto algum.

Rodou o quarto à procura do seu moletom e sua calça, mas quando notou que não conseguiria se vestir adequadamente e que já havia gastado tempo demais ali, se cobriu com uma jaqueta, calçou o primeiro par de pantufas que achou e correu.

O lugar estava aparentemente vazio. Não havia barulho e movimentos. Mas Rain não se deixou convencer, já havia visto isso antes naqueles livros água com açúcar. Certamente Phayu estaria na cozinha fazendo o café da manhã, então ele fugiria escondido sem que o maior soubesse.

A passos rápidos e silenciosos, chegou até a sala sem se deparar com o mais velho no caminho. Mas para seu azar Phayu estava exatamente ali sentado no sofá com um livro em mãos. O Theerapanyakul imediatamente o notou e baixou o livro suspirando.

_.O'Que faço com você, ham?.

Rain estremeceu e planejou dar meia volta. Entretanto, antes que o fizesse, Phayu o chamou.

_.Espere, eu quero conversar sobre algo com você.

Rain piscou atônito e sentiu uma vontade inexplicável de sorrir quando Phayu se levantou. O mais velho vestia um pijama igual ao seu, mas no lugar do short havia uma calça.

Prendeu os lábios entre os dentes e se sentiu vibrar quando o Theerapanyakul se aproximou. Claro, ligeiramente maior que o seu corpo e significantemente mais forte.

_.Dormiu bem?

Rain balançou a cabeça.

_.Eu...sim._.Confessou envergonhado. O cheiro do moreno era ótimo para lhe fazer dormir tranquilamente. Nunca havia dormido tão bem.