Capítulo 10

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Grego🎭

Entrei no meu carro e fui dirigindo tranquilamente até a casa da minha mãe, soube que ela tá na cidade, vou fazer uma visita.

Tava dúvida se ia ou não, mas no final eu decidi ir, não tenho nada a perder mesmo.

Mesmo a minha mãe tendo me abandonado no passado, eu não sinto raiva dela, na verdade eu entendo ela, quem iria querer ver o filho se acabar no tráfico? tava certinha quando foi embora. Não adianta falar nada, nem mesmo tentar me impedir, eu já tava com meu destino traçado.

No final foi até melhor ela ter ido embora, isso não era vida pra ela, os meus erros não precisam cair sobre ela.

Depois de um ano da partida dela, eu resolvi procurar saber por onde ela tava. Depois de lá sempre soube por onde ela tava, com quem estava, por aí foi.

Faz uma semana que ela chegou no RJ, nesse tempo eu fiquei pensando se ia ver ela ou não.

Como não sou procurado e nem tenho passagem pela polícia, eu posso sair de boa, mas sempre tô preparado pra caso acontecer alguma coisa.

Entrei no apartamento dela ouvindo a música do Amado Batista, passa anos e ela continua ouvindo esse cara.

Fiquei observando a sala, até sentir uma porrada na cabeça.

Me virei vendo ela com uma vassoura, porra, ela me bateu com um cabo de vassoura?

Silvana: Sai da minha casa, ou eu vou chamar a polícia. Seu bandido!

Em uma mão ela tinha a vassoura apontada pra mim, na outra ela tinha o celular.

Grego: Um bom jeito de receber seu filho, dona Silvana.

Minha mãe pareceu travar, ficou me encarando dos pés a cabeça, mas logo correu e me abraçou.

Fiquei meio sem jeito, mas retribuir o abraço dela. Não tô acostumado com essas paradas de abraço, fora que ela é a primeira a pessoa a me abraçar depois de anos.

Silvana: Seu filho da puta, como você me aparece assim do nada? achei que fosse um bandido, espera, você é bandido.

Grego: Por acaso a senhora iria me receber? — ela negou. — Então não vem reclamar, sou bandido com orgulho.

Silvana: Fala de boca cheia ainda, como se fosse bonito isso, você é ridículo, sem noção.

Grego: Foda-se beleza? tô nem aí, só vim aqui por vim mermo, mas já tô metendo o pé.

Não tô aqui pra levar desaforo não, só não rebato porquê tenho respeito por ela, mas paciência tem limites.

Fui pra sair, mas ela me impediu.

Silvana: Desculpa, tá bom‽ fica mais um pouco, vamos esquecer que você é traficante por algumas horas. Vamos curtir um momento de mãe e filho?

Pensei em recusar, mas já tava aqui mermo.

Acompanhei ela até a cozinha, me sentei em uma cadeira e ela na outra.

Grego: Veio fazer o que aqui no Rio?

Silvana: Vim pra formatura dos meus alunos, daqui a uns 3 meses, porém quis vim antes porque tenho outros assuntos pra resolver.

Grego: Por que parou de da aula mermo?

Silvana: Apesar de amar da aula, eu me sentir necessitada de ir viajar, curtir, aproveitar. Então foi isso que eu fiz, larguei tudo e fui viver. — respondeu enquanto servia café em duas xícaras.

Grego: Entendi, pretende ficar só até a formatura?

Silvana: Não sei, como eu te disse eu tenho um outro assunto pra resolver.

Conversamos por algumas horas, nem sabia que tinha tanto assunto pra conversar com ela.
Silvana começou a mostrar fotos do tempo que ela dava aula, dos momentos com os alunos, dava pra ver que eles realmente gostavam dela.

Olhei todas as fotos e uma me chamou atenção, tinha apenas uma foto que tava ela e uma morena, as duas tavam sorrindo abraçadas.

Grego: Certeza que essa aqui é aluna preferida, essa é a única foto que você tá sozinha com uma aluna.

Silvana: Sim, é a minha preferida, não vejo a hora de ver ela. — sorriu toda animada.

Olhei bem a foto, até que a garota é bonita, não é de se jogar fora.

Grego: Ela é solteira?

Silvana: Naquele tempo ela namorava, agora deve ser casada, eu acho. — deu de ombros.

Como sempre as meninas estragando as suas vidas casando.

Olhei pro relógio e vi que já tava ficando tarde, tava no meu horário já.

Grego: Tô vazando, qualquer coisa me aciona. Só vou aparecer se tu quiser.

Silvana: Não sei se quero te ver de novo, eu n... — cortei logo ela.

Grego: Já mandei o papo, se quiser liga pra esse número. — joguei o papelzinho com meu novo número.

Sai de lá e voltei pro morro, não podia da muita bobeira por aí. Cheguei indo logo pro meu barraco, entrei vendo o Dadinho sentado no sofá.

Grego: Tá achando que a gente é casado pra tu viver o tempo todo aqui em casa? Se liga vagabundo.

Dadinho: A gente é casado, tu que ainda não aceitou isso. — deu um sorriso fraco.

Grego: Tá todo estranho aí, tá pegando alguma coisa? — sentei ao lado dele, que apenas me olhou de relance.

Dadinho: Várias paradas que tão pesando a minha mente, já tô quase coringando por ai.

Grego: Diz o que tá pegando.

Dadinho: Minha vó voltou, disse que veio pra ficar, isso tá estranho. A mulher que me pariu tá pegando no meu pé toda hora, e ainda tem a parada da Safira.

Grego: De novo essa garota? tá apaixonado porra? deixa ela se foder, tu nem é nada pra ela. — peguei uma almofada jogando nele, que nem reagiu.

Não é a primeira vez que ele fala dessa tal de Safira, achava que era só uma mina que ele queria pegar, mas pelo visto tá é apaixonado.

Dadinho: Tu acredita que o meu primo tá metendo chifre nela com a melhor amiga dela? mancada do caralho, a mina não merece isso não. — negou com a cabeça.

Grego: E o que tu tem haver com o chifre alheio? é tu que tá levando galha? se liga Dadinho.

Dadinho: Não tô apaixonado não, só curto a garota como amiga, tá ligado? Ela é uma boa pessoa, sinto carinho de amigo por ela.

Grego: Rum, já te mandei o papo. Bandido não se apaixona, bandido não namora. Com mulher é só pente e rala, mulher só atrasa a vida do cara.

Dadinho: Não tô seguindo nem os meus conselhos, quem dirá o teu. Já disse que não quero nada com ela, já quis antes, agora não.

Grego: Irmão, vai na minha que é sucesso.

Dadinho deu uma risada e negou, deixei ele sozinho e fui pro quarto, preciso de um banho.

Coração Vagabundo - Em andamento Onde histórias criam vida. Descubra agora