Capítulo 22

222 24 5
                                    

• Eduardo / Dadinho 🍻

Minha maquete tava quase finalizada, faltava apenas alguns ajustes, sorrir todo feliz em ver que meu trabalho tá foda pra caralho.

Tô confiante que vou tirar uma nota alta no meu TCC, tô me esforçando pra caralho, sei que meu esforço não vai ser em vão.

Lídia: Uau, você tem talento, está muito bonito. — me virei vendo ela encostada na porta.

Eduardo: Valeu, mas o que você quer aqui? tô sem tempo. — peguei os cadernos de cima da cama e levei pra cima da escrivaninha.

Lídia: Hoje teremos um jantar em família, você tem que estar presente. Não adianta dizer que não vai comparecer, sua avó quer que todo mundo esteja aqui.

Eduardo: Sabe o motivo? — ela negou. — Então já pode sair, fecha a porta.

Já fiquei meio apreensivo, se dona Rosana marcou um jantar, então deve ser algo importante.
Mas tô sentindo que coisa boa não é, só de ela ter voltado dizendo que vai ficar por aqui, já é muito estranho.

Passei a tarde toda estudando, tô usando todo meu tempo livre pra me dedicar ao meu tcc.

Já era noite, só os familiares mais próximos estavam aqui, minha avó ainda não tinha aparecido, só estávamos esperando ela.

Papo reto, não queria tá aqui não, odiava essas reuniões em família, tô ligado que quase ninguém gosta de mim aqui.
Mas não me importo não, eu também não gosto deles, só tô aqui por causa da dona Rosana, se ela pediu, eu obedeço.

Tava quieto no meu canto, não tava afim de papo com ninguém, mas percebi que o Caio tava me rondando, sempre tava de olho em mim.

Na moral? isso já tava me irritando pra caralho, odeio esse pau no cu.

Todo mundo foi pra sala de jantar e eu fiquei sozinho na sala, tava distraído olhando pra escada, ouvir um pigarreio e virei a cabeça vendo o Caio.

Caio: Posso falar contigo? — olhei desconfiado, mas assenti. – Eu quero te pedir desculpas por aquele dia lá.

Estávamos sentando um de frente pro outro, fiquei encarando ele pra ver se ele tava zoando com a minha cara, mas ele parecia envergonhado, o que é muito estranho.

Eduardo: Você quer o que? repete aí, eu nao entendi. — me fiz de sonso e reparei ele respirar fundo.

Caio: Quero pedir desculpas por aquele dia que eu te bati, eu estava transtornado, a raiva tomou conta de mim e eu agir no impulso.

Eduardo: Já se passou bastante tempo, por que isso agora? — já sabia a resposta, mas quero ver se ele tem coragem de falar.

Caio: Safira conversou comigo, me fez ver que eu errei contigo, então resolvi te pedir desculpa.

Tu acredita? Porque eu não acredito, ele não pediu desculpas por vontade própria, tenho certeza que ela fez alguma pressão psicológica em cima dele.

Ele sabe que pode perder ela a qualquer momento, agora tá aí fazendo todas vontades dela.

Eduardo: Tô ligado. — respondi apenas isso e levantei.

Já estávamos todos no mesa, dona Rosana pediu pra servirem a comida, disse que quando todo mundo terminasse, ela faria um comunicado.

Não costumo me importar com esses comunicados não, mas vindo dela me deixa um pouco nervoso.

Tava tão nervoso que nem fome eu tava sentindo, mas comi só um pouco mesmo, só pra não fazer desfeita.

Rosana: Bom, eu mandei preparar esse jantar pra dar uma notícia a vocês, a notícia não é boa, mas quero que vocês saibam por mim. — seu olhar parou em mim e eu fiquei mais nervoso ainda.

Lídia: O que foi, mãe? Você está deixando a gente preocupado.

Rosana: Alguns meses atrás eu não estava me sentindo bem, comecei a sentir uns sintomas e fui ao médico. — deu uma pausa e respirou fundo. — Descobri que tô com um câncer de fígado, eu tô fazendo tratamento, mas ele tá muito avançado e já não tem mais cura.

Todo mundo ficou em silêncio, minha avó mantinha seu olhar em mim, ela deu um sorriso fraco e nem conseguir retribuir.

Tava me sentindo mal pra cacete, não queria mais ouvir nada, então eu levantei e todo mundo me ficou olhando.

A Lídia me chamou, mas nem quis papo, fui direto pro meu quarto. 

Fui pra varanda e me encostei no baláustre, pensei em fumar, mas tenho certeza que ela vai vim atrás de mim.

Dito e feito, não demorou muito ela bateu na porta, mas como eu não respondi, ela falou um "tô entrando".

Rosana: Ô meu menino, não fica assim, eu sei que é difícil pra você. — colocou a mão no meu braço e eu neguei com a cabeça.

Eduardo: Os médicos disseram quanto tempo a senhora ainda tem?

Rosana: Agora eu devo ter menos de um ano. — olhei pra ela e ela sorriu fraco.

Eduardo: Não sei nem o que falar, só consigo me sentir muito triste.

Rosana: Vem cá. — ela sentou na poltrona e me fez sentar na cadeira, de frente pra ela. — Não é algo que esperávamos, óbvio que isso vai deixar vocês tristes, mas a vida tem dessas. Não fique com pena de mim, eu aproveitei minha vida ao máximo que pude, sou muito feliz ao lado de todos vocês e você sabe que meu maior presente sempre foi você. — passou a mão no meu rosto e eu segurei beijando.

Eduardo: Eu te amo tanto, você é a pessoa que eu mais amo na vida. — segurei nas duas mãos dela e ficamos nos encarando.

Rosana: Eu te amo mais, você veio ao mundo pra me completar. — levei as duas mãos dela até a boca e beijei. — Ei, nada de chorar agora. — levou as mãos no meu rosto limpando as lágrimas.

Eduardo: Olha o que você faz dona Rosana, faz anos que eu não sabia o que era isso.

Minha avó deu risada e vi que os olhos dela encheu de lágrimas, seu semblante mudou e eu levantei puxando ela pra um abraço.

_____________

Votem e comentem pfv🥲

Coração Vagabundo - Em andamento Onde histórias criam vida. Descubra agora