Passou toda a tarde jogado sobre a areia. Queria fugir de sua realidade e ali conseguira.
Por um instante, sabe-se lá quanto tempo foi, sentiu arrependimento por todas as besteiras que havia feito.
Nem todas, melhor dizendo; algumas serviriam como boas lembranças dali a um tempo.
Procurou forças para levantar seu corpo adormecido, passos lentos afundavam seus tênis nos grãos finos. Chegou àquela casa que há tanto não visitava. Previu que, ao abrir o portão, um senhor alto viria lhe receber e chamá-lo de 'grandão', como fazia.
Mas não houve nada disso.
Abriu a grande e pesada porta de carvalho, fazendo ecoar o mesmo rangido dos velhos tempos.
Aquela casa, vazia daquele jeito, trazia tanta melancolia...
Um aroma familiar evadiu suas narinas, levando-o à cozinha. Encontrou a mesma velha senhora baixa e rechonchuda cantarolando os mesmos velhos boleros. Apoiou-se no batente da porta, soltando um riso curto, o que despertou Victoria.
- Oh, Niall! – a senhora exclamou, deixando a colher que usava sobre a bancada da pia. – Quanto tempo! – foi de encontro a ele, que estendia os braços. – Como você cresceu! – o abraçou. – E como está magro! Não tem comido não?
- Também senti saudades, Vica. – o garoto disse ainda rindo.
- Sente! – ela disse ao soltá-lo, indicando uma das cadeiras da mesa em tabaco ao centro da espaçosa cozinha. – Estava fazendo suco de laranja pra pôr no bolo.
- Não quero incomodar. – ele disse, acomodando seu corpo sobre a cadeira.
- Que incomodar o quê, menino! – ela riu. Voltou-se para o forno, onde espetou uma garfada na massa do bolo. – Você é o dono da casa!
- Mas você quem está cozinhando! – ele retrucou. – Não precisa se preocupar comigo, eu como uma fruta. – e esticou-se um pouco, pegando uma maçã verde sobre a fruteira ali perto.
- Você vai comer a maçã e o bolo. – a senhora ordenou.
- Tudo bem, tudo bem. – ele riu, finalmente mordendo a maçã. – E onde tá o Jonsey?
- Em Manchester. – a governanta respondeu. Provou um pouco da massa. – A filha dele entrou em trabalho de parto logo no início da tarde, ele teve que ir correndo pra lá.
- Qual filha, a Livie?
- Isso. – pôs o tabuleiro quente sobre o centro da mesa. – Vocês dois costumavam brincar bastante, quando eram pequenos.
- É... – ele respondeu, rindo por dentro. Se Dona Vica soubesse quais eram as brincadeiras... – Faz tempo que não a vejo.
- Ela esteve aqui mês passado pra ver seus pais, mas você, como sempre, não veio. – a senhora sentou-se à mesa.
- Eu tenho preferido ficar em Londres mesmo.
- E o que te trouxe aqui, então? – olhou de forma desconfiada para Niall. – Andou aprontando, por acaso?
Mesmo depois de anos, ela ainda o conhecia bem. Victoria não perdia seu jeito peculiar.
- Foi nada demais. – ele mentiu.
- Eu te vi nascer, não tente me enganar. – ela disse em tom divertido. Riu mais uma vez, fazendo-o rir também. – O que houve, Nialler?
- Nem sei por que ainda tento.
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Theater(N.H)
FanfictionEssa fanfic não é minha, estou apenas trazendo o trabalho da Abby para o Wattpad, com total autorização da mesma. Depois de alguns anos interpretando peças pequenas, um grande espetáculo é programado para o fim do ano letivo. Chegou a sua vez de bri...