Capítulo 21

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Anabel's P.O.V.

- Anda logo, Noel! Vou chegar atrasada! – esbravejei da porta da sala de aula do meu irmão, que parecia enrolar para me estressar. – Ah, dane-se, vou embora. – dei as costas, andando rápido e o ouvindo pedir para esperar. Já era 12h10, eu teria vinte minutos para chegar, comer, me arrumar e ir para casa da nova vizinha. Qual era mesmo o nome dela?

Ainda com Noel me chamando, porém caminhando, atravessei o portão da frente e parei por ali perto para aguardá-lo. Passando as vistas ao redor, vi Liam e Emma juntos. Não só juntos, como abraçados. As mãos dadas, as brincadeiras típicas de casal, tudo. Emily ficaria arrasada quando soubesse. Se soubesse.

Deixando de lado a imagem ruim, cacei meu irmão com os olhos, alcançando-o e o puxando para o rumo de casa, quase correndo. Precisava causar uma boa impressão no meu primeiro dia, e chegar atrasada não era a melhor forma.

Poucos minutos e estava em casa. Tomei um banho rápido e pus a primeira roupa que vi, me esquecendo até de coisas básicas, como o prendedor de cabelo e par de meia certo. Tive de praticamente aspirar a comida, mas consegui terminar meu asseio e tocar a campainha do sobrado na hora exata. Livie – consegui, enfim, me lembrar – logo atendeu, arrumada para trabalhar.

- Isso que eu chamo de pontualidade! – disse em tom de brincadeira. – Vem, entra. Tenho que te passar as informações necessárias.

Consenti, adentrando o pequeno vestíbulo. Era uma casa pequena, de primeira instância, com móveis clássicos e cheiro de alfazema. Ainda não tinha fotos ou plantas, tampouco artigos de decoração além do básico. Eu ia descobrindo os cômodos enquanto seguia Livie, que não parava para respirar enquanto falava:

- Deixei uma lista de atividades e horários, para eu ter controle do que você tem feito. – ela adiantou, apontando para uma folha amarela presa por ímãs à geladeira. – Na hora de ela dormir, como o berço ainda não chegou, você vai ter que ficar tomando conta. Não precisa montar guarda do lado da cama, só ir checar de vez em quando.

- Angie tem alguma alergia ou coisa do tipo? – me mostrei empenhada.

- Não, não! – respondeu ela, contente por me ver atenciosa. – Ela vai com qualquer um, não costuma enjoar nem ter cólicas, não tem problemas com comida nem produtos de higiene e limpeza. É bem fácil cuidar dela. Qualquer coisa, me ligue. Deixei uma lista de telefones úteis no verso da lista de tarefas. Tem também o notebook, se eu não puder atender, mande um email.

- Certo. – assenti, repetindo toda a sequência de informações para não esquecer.

- Mais alguma coisa? – perguntou ela para si. – Ah, sim! Otto e eu chegaremos entre seis e seis e meia já para acertar as contas, ok?

- Aham. – era essa a parte que me interessava. – E onde Angie está?

- Na cama, tirando um cochilo depois do almoço. Quer vê-la?

Respondi com um som positivo, seguindo Livie pelo estreito corredor entre a sala e a copa. Assim como no hall, as paredes eram revestidas de madeira envernizadas, e no fim do corredor residia um pequeno aparador da mesma cor delas. O último cômodo era onde as duas dormiam, um quarto simples, mas amplo e bem arejado/iluminado. Angie, uma menininha realmente inha, estava deitada no meio de uma cama de casal encostada à parede, com seu vestidinho rosa-chá lotado de babados. Parecia uma boneca, os dedinhos delicados e a aparência angelical que faziam jus ao nome. Sorri enquanto a observava, encantada com aquela criança de ralos cabelos loiros.

- Ela é linda, não? – disse baixo a mãe, para não acordar a neném. Concordei com a cabeça, temendo acordá-la. Angie parecia tão frágil, fiquei com medo de pegá-la no colo quando precisasse. – Agora, tenho que ir. Promete cuidar bem da minha menina? – brincou Livie, indo em direção à sala.

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