Capítulo 23

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No fim, a noite havia dado certo. Zayn e Saskia, ainda que não passassem das conversas, não deram a mínima atenção para os outros; Emily, mesmo reclamando que não queria ser empata, não foi embora, porque Anabel a chantageou, e Niall a levaria em casa, se ficasse; solidária com a amiga, Anabel não cedeu à enorme vontade de escapar dali com Niall. Ainda que a mão dele se atrevesse, escondida pela mesa, a subir por suas costas por dentro da blusa, arrepiando cada pedaço que tocava. Apesar de desejar aquilo (e muito mais) com todas as suas forças, a garota se segurava. Às vezes o repreendia com o olhar, mas ambos sabiam que não era porque ela não queria.

E ele estava adorando provocá-la. Senti-la reagir a cada toque em sua pele nua compensava cada minuto em que esperou. Saber que estava ganhando sua confiança para avançar o dava mais estímulo para continuar investindo. Caso não estivessem ali, quem saberia o que poderiam estar fazendo? Ele poderia, talvez, ter muito mais que só suas mãos nas costas delas. Teria, com certeza, mais além de alguns beijos rápidos, dados às escondidas quando Emily não olhava. Teria, com certeza, Anabel só para si, talvez do jeito que tanto queria. A ideia do "E se..." era boa e distante demais daquele instante.

À meia-noite, entretanto, todos tiveram de voltar para casa. Zayn pediu a um primo seu, também vizinho de porta, para buscá-lo e levar Saskia em casa, sob comentários sugestivos de Emily e Anabel, fazendo os dois ficarem ruborizados. Deixando-os finalmente a sós, as amigas e Niall partiram.

- É só nessas horas que sinto falta do Ben. – confessou Emily, vendo ao longe Zayn cochichar no ouvido de Saskia. – Não era eu que sobrava, e sim você, Bel.

- Muito engraçadinha, você. – disse a amiga, enquanto Niall ria baixo. – É bom tomar do próprio veneno, né? Você devia era me agradecer por não ser uma vaca e te deixar na mão pra ir me agarrar por aí.

- Eu bem gostaria... – ele observou, olhando de canto para a garota ao seu lado, que riu.

- Fica quieto, você acabou de chegar e já tá achando que pode tirar minha amiga de mim? – Emily ralhou.

- Você tirou meu amigo de mim por uns dias. – respondeu ele. – Nada mais justo.

- Aliás, qual a de vocês dois, hein? – Anabel se virou para trás, para olhar a amiga.

- Não sei, sinceramente. – disse ela. – Ele é super legal, a gente se deu bem, mas somos um pouco diferentes. Ou isso, ou nos falávamos pouco demais pra saber. – completou, rindo.

- Liam é estranho, mesmo. – Niall explicou. – Acho que se vocês conversarem, pode ser que role alguma coisa de novo. Tenta falar com ele.

- Já tentei uma vez. – contou a garota. – Não foi lá essas coisas, ele não deu o menor sinal de interesse. Nem um elogio.

- Não espere isso de um garoto, nos dias de hoje. – Anabel afirmou. Quando indagada pelo olhar de Niall, acrescentou: – Não adianta me olhar assim, é verdade. Garotos não elogiam.

- Elogiamos, sim. – discordou ele. – A diferença é que fazemos isso quando temos certeza do que estamos falando, e não saímos falando pra todo mundo só pra agradar. Tem que ter um significado de verdade.

- É por isso que se ouve tanto "gostosa" por aí – Emily constatou –, é tudo mentira, só pra levantar a autoestima.

- Gostosa não é um elogio, é um fato. – Niall corrigiu. – Se a garota é gostosa, a gente tem a obrigação de falar. E eu não preciso conhecer ninguém a fundo pra achar isso.

- Pensamentos masculinos são tão... – Anabel gesticulou, tentando achar a palavra certa.

- Práticos?

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