Capítulo 17

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Desculpem a demora. Isso aqui estava muito parado, mas vi que algumas pessoas estavam lendo a história, então resolvi postar mais capítulos.




Ele não havia dormido muito durante a noite. O que não significava que não havia dormido bem, muito menos que estava indisposto. Passar horas conversando com Livie tinha sido deveras divertido. Niall sentia falta de conversas calorosas, o que não vinha acontecendo com frequência: em sua própria casa, mal trocava uma palavra; no colégio, dizia apenas o necessário - as conversas com os amigos deixaram de ser interessantes. Estava em um estágio em que a pergunta "O que está acontecendo comigo?" era quase um mantra. Aquele não era o seu normal. Ele sentia que não era. Mas não sabia quando tudo tinha começado a desandar daquela forma. Ainda assim, por mais que tivesse razões para estar ranzinza, ele sorriu ao pensar no dia anterior.

Coçando a cabeça enquanto se levantava, o garoto repassou os compromissos do dia - colégio, teatro, casa -, notando que sua rotina ultimamente andava simples e monótona demais. Estava resumida à escola, basicamente. Onde tinham parado as idas à casa de Liam para tocarem juntos, os passeios de carro pelo centro, as noites ao lado de uma garota? Somente uma semana turbulenta foi capaz de deprimi-lo daquela maneira. Ele se sentia exausto sem sequer fazer um terço do que costumava.

Era assim que ele deveria continuar até o fim do colegial? A ideia era tão maçante, entediante. Niall não via a hora do ano letivo terminar. Não haveria mais aulas, ensaios, regras, nada. Pelo menos por um período suficiente para que ele se recuperasse de toda a mudança que sofria. Faltava apenas um mês. Quatro semanas. Alguns dias - dar um valor a eles não soava lá tão bem.

Animado com a contagem regressiva, ele se arrumou rapidamente. Quando calçou os tênis, reparou que as sandálias de Livie estavam no canto do quarto, perto da porta, lembrando-o da cautela que a garota teve para não acordar a filha, que dormia na suíte ao lado. Então ele riu ao recordar-se, também, que o esforço fora em vão, uma vez que os dois riram alto o bastante para acordar a pequena Angie. Livie teve de correr para amparar a bebê, esquecendo-se dos calçados. O garoto, após pronto, pôs a mochila nas costas e tomou as sandálias em mãos, deixando-as à porta do quarto de hóspedes para não incomodar nem Livie, nem Angie.

Otto já tinha ido trabalhar, pelo que Niall notou. Porém, Susan ainda estava em casa. E estava na sala, sentada no sofá, aguardando pelo filho. Ele engoliu a seco, não esperando que aquilo viesse a acontecer. E, ao invés de dar as costas como sempre, ele preferiu ouvi-la.

- Onde estão as chaves? - perguntou a mulher, sem cerimônias.

- Comigo. - respondeu ele, em tom de obviedade.

- Então me devolva. - ordenou ela, igualmente. O garoto riu sem humor. - Acha engraçado me desafiar, Niall?

- Te desafiar? - questionou ele, cínico. - Claro que não. Acho engraçado você ainda tentar se impor.

- Pois fique sabendo que eu não vou aturar seus desaforos. - Susan se ergueu, esforçando-se para não se exaltar. - Me dê as chaves, Niall. Você está de castigo, não devia ter pegado nada.

- Eu tô de castigo? - disse o filho, rindo abertamente e batendo palmas. - Muito boa essa, hein! - então cessou a aclamação, subitamente sério. - Aposto que você tá escondendo do seu marido que tá indo de táxi pro trabalho, já que peguei as chaves do seu carro.

- Ande logo, Niall. - apressou a mãe, estendendo a mão.

- Ou o quê? - disse ele, petulante. - Vai me subornar, que nem fez com o diretor? Aliás, vocês e meu pai devem ter dado uma baba pra ele, não é? - acrescentou, a voz cuspindo puro desprezo. - O cara quer até conversar comigo!

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