Capítulo 25

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Um toque. Dois. Três, quatro. O telefone quase foi desligado, mas do outro lado da linha alguém atendeu. Ela suspirou, aliviada.

- Alô?

- Hey, Nialler. – disse meio cantarolado, deitando-se de bruços na cama, apoiada nos cotovelos. – É a Anabel.

- Oi, Bel. – ele a cumprimentou cordialmente, levantando-se do sofá da sala para ir ao quarto em busca de privacidade. – Tudo bem?

- Tudo, sim, e você? – ela perguntou por educação, ouvindo-o confirmar. – Liguei pra saber sobre o jantar, como preciso ir vestida e esses detalhes.

- De lingerie. – o garoto brincou, tendo uma repreensão como resposta enquanto fechava a porta de seus aposentos. – Não precisa se preocupar muito, é algo mais em família.

- Só você e seus pais? Mas não vai ser um pouco estranho?

- Ah, não. – respondeu. – Uns conhecidos nossos também vem, uma amiga chegada há pouco tempo de Manchester e a família dela. Se fôssemos só nós três, não teria jantar nenhum.

- Entendo. – Anabel soou menos animada devido ao assunto. – E como andam as coisas entre vocês?

Ele não gostava de conversar sobre aquilo, ela sabia – assim como lembrava muito bem de não dizer "Otto", e sim "seu pai". Porém, depois de tantas tentativas dela de entrar em sua redoma de emoções, Niall poderia deixá-la passar por alguns minutos. Não seria tão ruim, a garota não descobriria tudo que se passava, de qualquer maneira.

- Otto continua a mesma coisa de sempre, não tem muito que dizer. – falou com indiferença, indo à sacada e apoiando o celular no ombro, prendendo-o ali com a cabeça. – Já Susan resolveu fazer as pazes comigo, espero que não seja da boca pra fora.

Ele tinha ciência de que não era, mas estava resguardando-se da exposição que seria contar tudo que havia ouvido, dito, pensado e sentido algumas horas antes.

- Fico feliz por você. – Anabel foi honesta. – Tomara que tudo dê certo agora.

- Também. – ele fez o mesmo, sacando do bolso o maço de cigarros e o isqueiro, acendendo um cigarro. – E você, como tá indo com Noel?

- Como assim? – a garota questionou, franzindo o cenho. Ouviu o som de um sopro forte. – Niall, você tá fumando?

- Depois que voltei pra casa meu dia só foi piorando, preciso de um trago. – ele respondeu em tom malcriado. – O curso dele, alemão, não é?

- Ah... Italiano. – corrigiu ela, sentindo o estômago revirar com a mentira, preferindo até mesmo esquecer o que ele fazia do outro lado da linha. "Preciso te contar uma coisa", pensou em dizer, refletindo melhor em seguida. – Ela tem um pouco de dificuldade porque só ouve a mim a tarde toda, mas tá saindo tudo bem. Eu fico exausta, mas ela é um amor.

- Ela?

"Ela?!" Tinha pensado em Angie e nem notara, quase fizera uma besteira.

- Ele. Ele é um amor. – retificou, apressada. – Tô distraída e um pouco cansada, desculpa.

- Você sempre tá cansada, tira um dia de folga. – o garoto sugeriu, soando bem mais como um pedido preocupado.

- Se eu pudesse... – ela soprou um riso. – Se eu deixo de ficar com Noel, tenho de ir ao ensaio. Daria no mesmo.

- Pelo menos você estaria comigo. – Niall disse entre uma tragada e outra. – Não gosto disso de você estar me trocando por outro garoto.

- Ele é meu irmão, Nialler. – ela rolou os olhos, rindo.

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