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Cê vai ficar fingindo que não aconteceu nada

Perguntando que horas pode passar na minha casa

Sentimento se foi, mas o tesão não acaba

Essa é a quinta última vez, nos falta palavra

-- Como que caralhos você quer que eu venha morar com você?!

-- Vindo! – ele exclamou, nitidamente irritado – Meu apartamento é grande pra um cara solteiro, é só trocar a cama!

-- Não vou me mudar, largar toda a minha vida em Nova York, onde estão minha família, meus amigos... Tudo o que eu construí para mim, para vir para Londres morar com você!

-- E por que não?!

-- Nós nos conhecemos há um mês só Joseph! – revirei os olhos, significativamente irritada de como ele podia achar essa ideia tranquila – Como que eu vou largar tudo, avisar para o meu editor que vou me mudar no meio da tour do meu livro mais recente?!

-- Como você quer sustentar esse relacionamento com cada um de um lado do oceano, então?! Porque eu tenho que viajar constantemente por conta das séries e dos filmes, o seu trabalho te permite bem mais flexibilidade de moradia que o meu! Eu tenho que passar meses no mesmo lugar, você pode escrever de qualquer lugar do globo, assim como estava fazendo mais cedo!

-- E como é que eu vou simplesmente largar tudo?! E nós nem temos um relacionamento! – exclamei, me sentindo péssima depois do silêncio extremamente pesado que nascera com isso, baixando o tom em sequência – Não foi isso que eu quis dizer... Nós estamos transando há um mês, não é o suficiente para que eu simplesmente pegue minhas coisas e venha para Londres como se não tivesse nada a perder...

-- Não, eu entendi – ele passou a língua no lábio pela enésima vez e tive certeza de que se não estivéssemos no quarto do hotel ele estaria em uma sequência frenética de cigarros – Não significou o suficiente para você escolher ficar...

-- Significou sim! – resmunguei, sentando-me cansada na beirada da cama enquanto ele continuava de pé e passando as mãos pelo rosto e cabelo, tão frustrado e cansado quanto eu – Só não foi tempo o suficiente para tomar uma decisão tão permanente...

-- Auty, você mora com seus pais, tenha a santa paciência – resmungou frustrado, ficando de joelhos no carpete de repente, e segurando meu rosto, me obrigando a abaixar a cabeça para encará-lo enquanto eu continuava sentada na cama – O que te prende aquela maldita cidade?! Você está em uma tour extremamente longa pela sua série de livros, o que te impede de vir para cá? Na pior das hipóteses você vai precisar de um flat se der algo muito errado, o que eu acho improvável...

-- Já te disse Joe, não é tão simples! Não é só pegar a mala e ir embora! Se for assim então vem pra Nova York, deixa tudo aqui e vai...

-- Não tem como termos esse dialogo... Eu desisto! Fuck!

Ele soltou o ar com força, levantando-se e finalmente indo para a varanda com a carteira inteira de cigarros. Ele mataria metade dela agora.

Enquanto isso peguei minha bolsa e saí do quarto, frustrada com o fato de termos ficado uma parte considerável da manhã discutindo sobre a ideia da mudança. Minha vida foi feita em Nova York, não era apenas largar tudo e só por amar tudo o que estávamos tendo ir para a Inglaterra, me mudar para o apartamento dele e tudo certo...

Mais tarde naquele mesmo dia, depois do anoitecer, eu estava na varanda do meu quarto do hotel, observando a paisagem noturna com um chá em mãos. Suspirei pela frustração porque eu havia conseguido fazer tudo o que o dia me exigira, com um sorriso no rosto, mas em nenhum segundo o homem de olhos castanhos e brilhantes havia deixado meus pensamentos.

Uma batida forte na porta me tirou dos meus devaneios, me fazendo questionar quem iria bater daquela maneira àquela hora da noite. Ao abri-la, com um xingamento e uma grosseria na ponta da língua, me deparei com um Joseph com uma expressão extremamente cansada e os olhos ardentes, provando que seu dia não havia sido muito diferente do meu.

-- Eu não quero deixar você ir assim de qualquer jeito, brava comigo...

-- Joe, não dificulte as coisas. A briga de hoje...

-- A briga de hoje não foi nada comparada ao tanto que eu te quero...

E me deu outro daqueles beijos de assalto que as vezes ele me tomava, me fazendo enroscar os dedos em seu cabelo e as pernas em seu quadril, enquanto sorriamos e ele me levava para dentro, fechando a porta com o pé e nos entregávamos àquela deriva mais uma vez, ignorando o que havia ocorrido mais cedo.

Não era hora para discutir, éramos só nós dois e apenas isso importava...

HOTEL CARO || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora