11

224 25 8
                                        

Me priorizar parece escolher te perder

Não me deixe só, me deixe perto de você

Relações ruins são bem mais fáceis de esquecer

Sei que vai doer já que foi tão bom

-- Eu já disse, ela não está namorando – Wesley resmungou enquanto estávamos andando na praia, claramente sem paciência para me ouvir falar sobre o assunto – Ollo disse que conseguiu conversar com ela e ela está se encontrando com potenciais modelos para as fotos da capa dos próximos livros!

-- O último não era um modelo, eu tenho certeza! – resmunguei, chutando uma pedra para longe – Era diferente dos outros. Ele tinha cara de executivo!

-- Quantas vezes você já acessou o Twitter essa semana?

-- Não importa! – revirei os olhos, soprando a fumaça – Estou te dizendo, não é um modelo! Ele não era um velho estranho, mas também não tinha aquele padrão modelo!

-- E o que acha que é então?! – ele revirou os olhos frustrado – Porque realmente Francis, não faz sentido você estar nessa paranoia toda se não vai ligar para ela ou pelo menos atravessar o oceano para tentar encontrá-la e resolver isso de uma vez por todas! Você vive dizendo que foi incrível, mas fica carbonizando o pulmão pelos cantos, tentando bancar de fodão e comendo o máximo de desconhecidas para ver se encontra alguém que tampe o buraco e suas fãs estão começando a te explanar na internet! – fiquei em silencio, apenas ouvindo a irritação do meu amigo – Ollo mantem contato constante com Addy e tem certo contato com Bryan. Ela não está namorando, mas eu tenho certeza de que está tão infeliz quanto você, só que ela tá lidando do jeito que pode. Você ficar obsessivo por informações do Twitter não vai resolver. Só, sei lá... Liga pra ela, sabe?

-- Não tenho outra opção, não é? – resmunguei, soltando a fumaça enquanto parávamos para observar o movimentar das ondas – Nenhuma possibilidade além de ligar, não é?

-- Suas opções são ligar ou esquecer, decida...

Segurou minha mão enquanto caminhávamos pela areia. Havia tentado por o sapato na bolsa e eu a impedira, carregando-o na mão junto com o meu e agora me sentia totalmente entretido com seu sorriso e suas observações da paisagem. Era uma das únicas praias de areia da Inglaterra e era incrível como conforme ela falava parecia estar criando toda uma história, me fazendo entender um pouco sobre como ela conseguia escrever tanto de maneira tão fluída e tão rápida.

-- Essas praias desertas tem um certo charme, elas são como se fossem uma mente – sorriu empolgada, praticamente me esquartejando enquanto enfiava os pés na areia após ter dobrados as meias sem pé para sentir seus dedos em contato com a areia nem tão macia – As ondas são tipo as ideias e elas ficam ressoando enquanto tem espaço o suficiente para se manifestar...

-- E nós somos o que? – questionei sorrindo com o devaneio – Porque se as ondas são ideias e a praia é a mente...

-- Interferências – ela sorriu e a encarei confuso – Se uma onda bater em nós, ela continuará existindo e prosseguirá seu caminho, mas vai ter uma falha. Nós somos pequenas interferências. Tipo quando você está pensando e encontra algum tipo de interferência, o pensamento continua existindo, mas existe uma falha na linha dele, que pode ser pequena ou não – a ideia fez sentido mas me fez abrir mais o sorriso ao perceber o quanto aquela concepção era inusitada, fazendo-a para e me encarar – O que foi?

-- Acho que nunca conversei com alguém assim, Auty – ela corou e percebi que foi pela maneira que a encarava – Que bom que você escreve suas ideias. O mundo precisa ouvi-las...

Ela ficou claramente muito desconcertada sem saber como prosseguir o raciocínio. Uma interferência, como ela havia dito. E a aproveitei para me aproximar mais, soltando sua mão apenas para poder envolver meu braço que segurava os sapatos em suas costas e mão que havia ficado livre, em seu rosto. Havia uma timidez tão bonita ali, seus olhos tão brilhantes, o rosto estava corado e seus lábios levemente entreabertos... Ela também vira que não haviam mais palavras para aquele momento.

Foi a primeira vez que nos beijamos e, infelizmente, eu nunca seria capaz de esquecer aquele dia ou todas as sensações que eu sentira ao beijá-la...

-- Você não consegue esquecê-la. – meu amigo me encarou, preocupado, depois que encarei o mar, chutando outra pedrinha – Teve outro devaneio, quando a mencionei. Você tem feito bastante isso...

-- O que sugere?

-- Liga. É sua melhor opção. – ele deu deombros, me fazendo rir – Ou pode atravessar o Atlântico. Mas, pessoalmente,acho que o telefone ainda é uma opção mais viável e prática.  

HOTEL CARO || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora