HOTEL CARO || joseph quinn

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Lingerie da cor do fim de tarde

Quem te ensinou o caminho até mim?

Mentira também é ocultar verdade

Porque você não cuidou de mim

Meu bem, te amar tanto não faz bem

Mas não faz diferença, não quero tua presença

Não me troque por ninguém, te farei crença

Disputar ego pra quê? Que você vença

Baby aprendi com você, não sei se lembra

Me perdeu em câmera lenta, porque

-- Não acredito que não vem aqui! – ela riu quando entramos em um sebo na Picadilly no fim da tarde – Se diz um leitor voraz e apaixonado pelos meus livros, mas nunca foi capaz de entrar em um lugar desses!

-- Não é comum, as pessoas geralmente me reconhecem, então faz tempo que não ando por aqui, fico mais pelo meu bairro – resmunguei enquanto ela praticamente me arrastava pela mão para dentro das prateleiras de livros antigos – Se bem que esse lugar está bem tranquilo...

-- Sim! – sorriu empolgada, me dando um beijo rápido que me desorientou em um primeiro momento, depois me fez rir ao soltar minha mão para pegar um livro gigantesco que seus olhos tinham avistado – Esse lugar é perfeito em tantos níveis que eu nem sei como você não conhecia! E é extremamente tranquilo!

-- Tudo bem, tudo bem – sorri fácil, abraçando-a por trás e pousando o queixo em seu ombro descoberto pelo cabelo – Você está certa, eu gosto de ler, tenho um interesse especial nos seus livros, mas não sou exatamente o maior radar de bibliotecas, livrarias e sebos...

-- Precisa melhor seu conhecimento Joseph – sorriu, me tirando um sorriso bobo e segurou o volume de capa dura atras de mim, me roubando um beijo curto antes de me soltar, me fazendo ficar com um beicinho indignado – Se aparecer algum fã seu aqui vão ter milhares de fotos nossas em todos os lugares...

-- Isso não seria tão ruim, quer dizer, nós podíamos ficar juntos oficialmente – murmurei próximo a seu ombro, fazendo-a sorrir – Seria um ótimo cenário...

-- Não agora Joe, não agora – ela sorriu, passando uma mão de maneira tenra em meu rosto – Quando voltarmos para o apartamento conversamos isso...

Horas depois, no meu apartamento, havíamos feito amor em todos os cantos da casa praticamente, e agora estávamos deitados no sofá com a tv ligada e eu realmente não fazia ideia do que estava passando.

-- Por que não me contou que ia para a Ásia depois daqui?

-- Porque eu te disse exatamente o que eu ia fazer – ela murmurou com a cabeça ainda no meu peito, provavelmente sentindo cada vez que eu prendia a respiração involuntariamente – A tour europeia acaba em três dias, eu tiro uma semana de férias onde eu bem entender e vai ser por aqui, depois vou embora...

-- Mas Ásia?

-- Rússia já pega uma parte da Ásia, sabe disso, não?

-- Sim, fuck!, eu sei disso! Mas como vamos ficar com isso?

-- Sinto muito Joe, mas não sei se há um nós aqui – ela murmurou, levantando a cabeça para me encarar – Volta a respirar, por favor.

-- Estou respirando, só que bom saber que você tem passado os últimos dias mais dentro do meu apartamento do que no seu hotel, que ao fim de todos os autógrafos você está vindo para cá, estou cozinhando para nós dois todos os dias, conheci sua mãe por chamada no outro dia, fui com você, te seguindo discretamente por cada país dessa droga de tour, e você está me dizendo que não há um nós?!

-- Estou dizendo que assim como você está muito mais tempo focado na sua carreira eu também estou focada na minha – seu tom era triste mas eu também estava, só que a minha tristeza estava se convertendo em irritação – Acha mesmo que daria certo esse relacionamento intercontinental? As gravações de Stranger Things são o único momento que você para nos EUA, no resto do tempo você tá saltando de lugar em lugar do mundo. Eu faço os mesmos saltos cada vez que um livro meu é lançado. Acha que daria certo isso? Acha que tem como haver um nós nisso?

-- Claro! – levante-me rapidamente enquanto ela se sentava, e fui pegando as roupas que deixamos caídas pelo apartamento e me vestindo conforme as achava – Muito bom você decidir falar isso até depois de eu ter decidido que queria que você morasse comigo! – ela me encarou com aqueles olhos gigantes e tristes que eu não queria encarar naquele momento – Você vai embora logo e não vai poder aproveitar a folga se estiver presa aqui comigo. Não precisa mais voltar, tome seu tempo, você sabe onde fica a chave reserva...

E a deixei sozinha no meu apartamento e saí para fumar, praticamente enfiando o pé no chão a cada passo que dava, fingindo que sentia raiva e não mágoa e tristeza porque ela estava partindo e eu me sentia completamente impotente em relação à isso...