Dois dias se passaram desde que a Lisa decidiu ir embora com a tal Candice, não consigo acreditar que ela fez isso. Sei que tenho a minha porcentagem de culpa em tal decisão, mas, ela precisava ir embora assim? Era mesmo necessário deixarmos eu e o Hyeon sozinhos nesta casa enorme?
Sinto um enorme vazio desde então, não tenho mais ânimo para ficar aqui, não faz mais sentido!
Errei em ter sido tão dura, errei em usar palavras tão árduas, me sinto um verdadeiro monstro, pois vi a tristeza em seus olhos, a decepção estampada em seu rosto, como eu me odeio!
Talvez eu deva voltar para casa, pensei que Lalisa e eu pudéssemos resolver toda essa situação maluca, e finalmente ficarmos bem, não digo como um casal.. não que eu não queira, mas, ela é casada e mesmo dizendo que não há nada entre ela e a loira, como explica os olhares e o toque que vi assim que cheguei da praia? Há algo ali e tenho certeza de que não estou maluca!
- Você tem os meus olhos. - Falo com meu filho que dorme em meus braços.
Fico impressionada como ele tem crescido tão rápido assim, ele está cada vez mais diferente, continua lindo.
- Oi moça. - Simon adentra com um sorriso estampado em seu rosto.
- Ah... Oi, Simon. - Respondi com um sorriso de canto.
- Como tem passado? Oi, campeão. - O homem se aproxima e beija a pequena cabecinha do meu filho.
- Estou bem, obrigada por perguntar.
- Não nos falamos desde o que aconteceu, então resolvi vir até aqui. - Simon relembra o ocorrido com a Lisa e com isso me lembro do beijo que lhe dei.
- Ah... Sim, desculpa. - Falo sem graça.
- Não consegui entender exatamente o que aconteceu aqui, mas, acho que você não precisava passar por tudo aquilo. - Simon toca em minha mão esquerda.
- Desculpa por ter lhe beijado daquele jeito, eu não estava pensando direito e acabei fazendo aquilo, me perdoa? - Abaixo a cabeça.
- Não precisa se desculpar, eu entendo o seu lado e não quero que pense que estou chateado ou algo do tipo.
- Foi errado da minha parte ter lhe usado de tal maneira, você sempre foi tão legal comigo, não merecia ser usado assim. - Falo enquanto coloco o Hyeon no bebê conforto.
- Não se preocupe, está tudo certo. E se serve de consolo, eu até gostei. - Simon se aproxima e para em minha frente.
- Ah... Como? - Fico sem reação.
- Não foi bem um beijo, um selinho.. isso, foi um selinho! - Simon sorrir.
- Mesmo assim, não deveria ter acontecido. - Tento me afastar lentamente, mas, Simon segura a minha cintura.
- Você é uma mulher incrível, corajosa, extrovertida, engraçada e muito linda. Sempre que quiser me usar, fique a vontade. - Ele sorrir e se afasta.
- Acho que não estou entendendo. - Minto.
- Que tal, irmos no luau no sábado? - Podemos levar o pequeno Hyeon, ficamos lá por uns 30 minutos e voltamos. - Simon parece entusiasmado.
- Bom, não sei se estarei aqui até sábado. - Respondo enquanto coço a nuca.
- Como não? - O brilho em seus olhos vai se apagando aos poucos.
- Eu tenho que voltar para casa, já fiquei mais do que deveria.
- Ah não faça isso, quem irá beber vinho e rir de piadas idiotas e sem sentido comigo? - Simon solta um pequeno suspiro.
- Aí não é como se fosse o fim do mundo, Simon!
- Sorrio.
- Como não? Olha ao redor, isso aqui é o paraíso e você quer ir embora? Voltar para a poluição e para um lugar repleto de pessoas egoístas e raivosas. - É incrível como o Simon pensa em todos os detalhes, se bem que ele tem razão.
- Eu tenho uma vida lá fora, e ela chama por mim.
- Faço um pequeno bico.
- Não aceito... Olha só isso aqui, podemos nos aventurar por aí, assistir filmes sem graça, fazer piadas bobas enquanto rimos da merda de alguém.
- Simon parece uma criança empolgada com o parque de diversões.
- Sinto muito, mas, eu realmente preciso voltar.
- Poxa! - Simon se joga em meu sofá.
- Mas, você pode ir me visitar quando quiser! - Me ajoelho em sua frente com um sorriso entusiasmado.
- Posso mesmo? Olha, eu não vou sair da sua porta.
- Claro que pode, seu bobo. - Toco na ponta do seu nariz.
- Então, me passe logo o seu endereço! - O homem se levanta em um pulo, me arrancando risadas.
Depois de anotar meu endereço e o contato da minha casa, Simon começa a dançar sozinho pela casa. Como ele me faz rir, ele é sempre autêntico e brincalhão.
- Eu realmente irei sentir a sua falta aqui, mas, sei que você tem a sua vida e não pode jogar tudo pra cima assim. - Simon fica sério.
- Obrigada por entender, irei voltar sempre que possível. Mas, eu tenho que cuidar do meu filho na minha casa, tenho o meu trabalho e principalmente, eu tenho os meus amigos. - Dessa vez, sou eu quem solta um suspiro.
- Bom, não vá sem se despedir ou eu irei atrás de você com toda a minha irá!
- Não se preocupe, não quero conhecer esse seu lado aí. - Rimos.
Ficamos conversando por horas, eu não tinha percebido o quão incrível o Simon é, ele realmente sabe me arrancar boas risadas e me faz sentir leve. Sem falar do carinho que ele demonstra ter pelo meu filho, é bom ter um amigo assim.
- Bom, preciso ir. - O homem de madeixas escuras fala ao olhar o relógio em seu pulso.
- Poxa, já? Foi tão bom que nem percebi o tempo passar. - Respondo triste.
- Ih, já virou a minha fã. - Como sempre, Simon faz uma graça.
- Não seja convencido. - Falo ao ficar de pé.
- Não se preocupe, irei voltar antes de você ir embora. - O homem alto para em minha frente.
- Acho bom.
- Até mais, senhorita Kim. E olha, eu não estava brincando quando disse que poderia me usar quando quisesse. - Simon se aproxima, e deposita um beijo estalado no canto da minha boca, me deixando totalmente sem reação.
Oi? O que acabou de acontecer aqui? Não acredito que não consigo ter uma reação coerente. Sem dizer mais nada, Simon deixa a minha casa cantarolando uma música qualquer, enquanto estou parada no mesmo lugar.
