Capítulo cinco

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— Não, eu realmente sinto como se eu o conhecesse, sabe ? Meu corpo não recua quando ele está perto. Diferente de outros caras. — Estava deitada sobre o divã da minha psicoterapeuta Olivia, enquanto falava sobre a noite passada com Evan.

— Você acredita que esse garoto não te causa gatilhos ? — Olivia tinha uma caneta e um bloco de anotações em suas mãos, além do gravador que estava captando toda nossa conversa.

— Isso! — Afirmei.

— A quanto tempo conhece esse rapaz? — Olivia semicerrou os olhos.
E então eu fiquei tentando lembrar a primeira vez que vi o rosto de Evan Peters, mas a minha mente estava semelhante a um borrão preto que me impedia de acessar minhas memórias.

— Ás vezes sinto que não consigo lembrar das coisas, Olívia. Como se uma neblina densa surgisse. — Vi que ela me olhou com um certo desdém.

— Existe uma explicação plausível para isso. Essa condição se chama amnésia dissociativa, devido aos traumas recorrentes e seu estresse, essa condição resulta na incapacidade de recordar informações sobre você, seu passado. Ou seja, seu cérebro usou de certa forma um mecanismo de defesa em busca de esquecer a dor emocional que você passou em um certo período na sua vida. — Disse Olivia.

— Mas de repente eu me pego com algumas lembranças terríveis sobre o meu maldito passado. — Falei, fazendo Olivia franzir as sobrancelhas.

— Isso não quer dizer que você nunca irá lembrar. Em algum momento, sem aviso você vai recordar, ou até algo pode fazê-la lembrar. — Explicou e eu respirei profundamente.
— A lembrança mais completa que tenho dele, é nos encontrando para ir à academia. — Murmurei, entretanto Olivia ouviu.

— Você parece gostar dele. —  Vi que ela sorriu ladino e eu ri em um tom sarcástico.

—  Isso é impossível. Ele namora e eu não sou uma pessoa normal. Não me vejo fazendo essas coisas, sabe ? Namorar, casar, ter filhos... —  Senti minha garganta seca e me levantei, sentando.

—  Você não é o seu passado, seus traumas e seus pensamentos intrusivos. — Seu tom de voz era firme.

—  É difícil, eu não quero mais me sentir assim. Eu sinto que isso não é meu, que esse corpo não me pertence. Não existe uma área sequer onde eu não me sinta enojada de mim mesma. —  Abracei as minhas próprias pernas, descansando a cabeça nos meus joelhos.

[...]

Eram quase 20h da noite, estava nos últimos retoques do meu vestido inspirado na Marilyn Monroe, usava luvas longas acima do meu antebraço com joias falsas pratas e pulseiras nos dois pulsos, havia comprado uma peruca loira e remodelei como o cabelo de Marilyn o vestido rosa midi tinha um enorme laço atrás da minha cintura, modelando meu corpo como uma ampulheta.

Usava uma maquiagem leve com um batom vermelho forte, calcei um salto preto que Elena tinha me emprestado e brincos pratas grandes e para finalizar um colar duplo em meu pescoço.

Estava descendo as escadas quando minha mãe parou para me observar sem disfarçar, ela arfou surpresa e sorriu levemente.

— Você está muito linda. — Suas sobrancelhas estavam levantadas.

— Obrigada. — Minha cabeça estava baixa.

— Eu posso te levar ? — Perguntou.

— Ah, sim. — Respondi hesitante.

Seria difícil entrar naquele carro do ex marido da minha mãe. Mas eu precisaria me esforçar para ficar bem.

O caminho até a escola foi tranquilo, não conversamos, mas pela primeira vez em anos, não era um silêncio ruim, muito menos desagradável. Eu me sentia tranquila e muito confiante.

Sweet pain| EVAN PETERSOnde histórias criam vida. Descubra agora