Capítulo um

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Era apenas um dia, um dia do qual eu teria que lidar e no fim ele acabaria sem nenhum tipo de surto que me faria ter vergonha de mim mesma. Sentei-me sobre a cama encarando a janela a minha frente, criando forças para levantar e ter que viver minha vida, talvez viver não seja a maneira correta de descrever meus dias, acho que sobreviver cairia como uma luva.

Depois de descer até a cozinha, vi minha mãe assistindo o noticiário. Não nos falávamos desde que o mario dela havera morrido, a notícia da sua morte foi como um fim de uma guerra externa e interna para mim. Deus me perdoe por me sentir tão feliz pela primeira vez há anos quando ele morreu.

Comi algumas torradas que já estavam frias por causa do clima, preparei um café, tomei enquanto lia Stephen King e ao fim de tudo, peguei minha mochila saindo de casa.

Minha mãe tinha um carro, mas eu preferia ir de bicicleta até a escola, detestava aquele carro, minha ansiedade atacava só de pensar em ter que entrar dentro daquele veículo.

[...]

Ao chegar de frente a instituição de ensino, vi Elena vindo em minha direção, ela usava um jeans rasgado e uma camiseta regata. Éramos amigas desde a infância, em Elena eu encontrava um refúgio de alguns males.

— Achei que não te veria hoje, sua puta. — Elena sorriu e eu pude observar suas covinhas se formarem em suas bochechas.

— Sei que você não consegue sobreviver nesse inferno sem mim. — Retruquei e rimos em um uníssono.

Nossos corpos se esbarravam nos corredores repletos de alunos indo de um lado para o outro procurando suas aulas, eu e Elena chegamos em nossos armários.

— Detesto matemática. — Bufou irritada.

— Eu detesto tudo que envolva cálculos e resoluções com números, é horrível. — Respondi. — Estou com sorte, tenho biologia agora.

— Nos vemos no almoço. — Elena mandou um beijo no ar e saiu andando pelo corredor.

Procurei a sala onde a aula de biologia já havera começado, sentei no meio da sala. Odiava ter que sentar no meio, era como se estivesse no centro, tentei respirar lentamente.

Enquanto a aula ocorria normalmente, senti uma pequena bola de papel atingir minha cabeça, em um instinto explosivo me levantei me virando para trás de onde havia saído a bolinha de papel.

— O que deu em você seu filho da puta ? — Sem me dar conta do que eu tinha acabado de falar, coloquei as mãos na boca e fiquei assustada com minha própria atitude.

— Desculpe, não foi intencional. — Adam que era um dos jogadores do time de futebol da escola se desculpou.

Ao me sentar novamente ouvia murmúrios.

— Silêncio classe! —  A professora repreendeu a todos. — Senhorita Anna, não era preciso tamanho exagero.

Ouvir aquilo me fez fechar o punho fazendo com que a as minhas unhas cravassem a palma da minha mão.

Conviver com aquele anseio, aquela raiva iminente, eu sabia que não era para tanto, mas era simplesmente impossível de me conter, era difícil controlar como eu iria agir, o que ia sair da minha boca.

A aula deu continuidade normalmente para todos, ao menos para mim. Meus pensamentos oscilavam entre todos acham que você é louca, ou ele merecia mais, deveria ter esmagado a cabeça dele.

Odiava ter que lidar com aquilo, principalmente quando me sucumbia por inteiro.

[...]

Sweet pain| EVAN PETERSOnde histórias criam vida. Descubra agora