Capítulo 12 - Obrigada Deus

582 42 11
                                    

Na segunda-feira de manhã, estou na sala de conferências esperando a reunião com a equipe. Todo mundo está aqui. Todos, com exceção de Cheryl. Meu pai olha seu relógio. Ele começou o dia cedo hoje, e sei que está ansioso para dar início. Fico com uma pulga atrás da orelha. Onde ela está? Por fim, a ruiva chega correndo, ainda com o casaco no corpo e uma pilha de pastas caindo de suas mãos. Ela parece... horrível. Na verdade, ela é linda para caralho, sempre está linda. Mas, acredite em uma pessoa que já a observou mais intimamente, Cheryl está tendo um péssimo dia.

Viu como ela está pálida? E quando foi que aquelas olheiras apareceram debaixo de seus olhos? Seu cabelo está preso em um coque bagunçado, que seria muito sexy se ela não parecesse tão... doente.

Ela sorri nervosa para meu pai.

- Me desculpe, senhor Topaz. Está sendo uma manhã difícil.

- Sem problemas, Cheryl. Íamos começar agora.

Enquanto meu pai relembra seus anúncios, não consigo parar de encará-la. Ela não olha para mim nem uma vez.

- Cheryl, você tem aquelas projeções para Pharmatab?

É o acordo do qual meu pai estava falando para a idiota na festa do escritório. O que a Cheryl fechou na semana passada. Ela olha para cima, com seus grandes olhos castanhos, parecendo que foi pega de surpresa.

Ela não está com eles.

- Ah... elas...

Eu me inclino e anuncio:

- Eu estou com elas. Cheryl me deu pra eu dar uma olhada. Mas deixei em casa. Trarei pra você o mais rápido possível, pai.

Meu pai acena e ela fecha os olhos, aliviada.

Depois que a reunião termina, todo mundo sai devagar, em fila, e eu ando ao lado de Cheryl.

- Oi.

Ela olha as pastas que está carregando e ajeita o casaco no braço.

- Obrigada pelo que fez lá, Toni. Foi bem legal da sua parte.

Eu sei o que disse no outro dia, que tinha me cansado dela. Mas não quis dizer isso de verdade. Estava falando sem pensar, sentindo-me frustrada sexualmente. Você sabe disso. Será que Cheryl sabe?

Será que ela se importa?

- Preciso fazer a coisa certa de vez em quando. Pra você continuar prestando atenção em mim.

Eu lhe dou um sorrisinho, sem retorno.

E ela ainda não deu a porra de um olhar para mim. O que aconteceu com ela? Meu coração acelera quando penso em todas as possibilidades. Será que ela está doente? Será que algo aconteceu com sua mãe? Será que ela foi assaltada no metrô?

Céus.

Cheryl entra em sua sala e fecha a porta, e eu fico do lado de fora, em pé. Deus deveria ter nos dado a capacidade de ler mentes.
Me afasto da porta de Cheryl. Parece que não vou descobrir o que ela tem tão cedo. Mais tarde naquele dia, estou em uma cafeteria com Jughead, sem tocar no meu sanduíche.

- Então, a Betty já conseguiu te pegar?

Ele se refere ao Massacre do Dia de Ação de Graças, caso você tenha se esquecido. Eu aceno.

- Recebi a ligação ontem. Parece que me inscrevi para ser voluntária no próximo mês na Sociedade Geriátrica de Manhattan.

- Podia ter sido pior.

- Na verdade, não. Lembra do Bernardo, tio da Verônica?

Homens mais velhos sentem algo por mim. E não é aquela coisa de apertar a bochecha, dar batidinhas na minha cabeça. Mas sim de apertar minha bunda, apalpar meus seios, pedir para eu empurrar suas cadeiras de rodas para a lavanderia para que possamos fazer algo sujo. É totalmente perturbador e nojento.

The Attraction - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora