Capítulo 24 - Inflação

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Após Tabitha ir embora, pego minha pasta e saio da sala para ir à minha reunião com o cara que escreve no céu. Ainda tenho que bolar algo para levar Cheryl até o telhado. Falando em Cheryl... Quer dar uma volta pela sala dela antes de sair? Para ver como ela e a boa irmã estão se saindo?

A porta da sala dela está aberta. Eu encosto minhas mãos no batente e me inclino para dentro. Você consegue vê-la atrás dos balões? Sentada em sua mesa, com as mãos entrelaçadas, um sorriso congelado no rosto, enquanto ela concorda com tudo que a Irmã Beatrice diz.

- Moças, como estamos indo nesta tarde?

Cheryl se vira para mim. E sua voz é hostil.

- Toni. Aí está você. Estava pensando em você agora.

Do jeito que ela está apertando as mãos, parece que estava pensando em como me estrangular.

- Enquanto a Irmã Beatrice me contava a fascinante história das casas de vidro. E sobre como nós não deveríamos jogar pedras, pois vivemos nelas.

Ela continua sorrindo. Mas seus olhos dizem algo totalmente diferente.

É um pouco assustador.

Sabe no filme O massacre da serra elétrica, quando o velho sorri um pouco antes de cortar a garganta da menina? Sim, seu olhar se parece com o dele.

A Irmã Beatrice olha para o teto.

- Somos todos imperfeitos aos olhos de Deus. Cheryl, posso usar seu banheiro, querida? A natureza me chama.

- Claro, Irmã.

Elas se levantam e Cheryl abre a porta de seu lavatório.

Assim que a porta se fecha, Cheryl risonha dá tchau. Cheryl raivosa entra em cena. Ela marcha até mim.

E os balões tentam se salvar.

- Vou te perguntar só uma vez e, se você mentir pra mim, juro que deixo a Tabitha te envenenar.

- Certo.

- Ela é mesmo uma freira? Ou alguma atriz que você contratou?

Eu rio. Nunca nem pensei nisso.

- Não, ela é de verdade.

Cheryl não está satisfeita.

- Pelo amor de Deus, Antoinette! Uma freira? A porra de uma freira? Isso é golpe baixo. Até mesmo pra você.

- Acho que agora ela é, na verdade, uma madre superiora.

Eu me inclino próximo à Cheryl porque... bem, apenas porque posso... e o cheiro de seu hidratante me atinge. Muito. Eu resisto à vontade de colocar meu nariz em sua pele e aspirar como uma viciada em cocaína.

- Há algo a que você não se rebaixe pra conseguir o que quer?

Não. Perdão. Não há. Não me importo em dar golpes baixos e sujos.

- Medidas desesperadas... tive que pegar pesado.

- Você quer ver o que é pegar pesado? Assim que a noviça voadora sair do meu escritório, vou te mostrar o que é pegar pesado! Não acredito...

Deus do céu, ela é linda. Fala sério, olhe para ela. Ela é como um vulcão em erupção: feroz, flamejante e excitante. Se ela não encontrar um modo de ficar feia quando estiver brava, vou ter que passar tempo pra caralho fazendo coisas que a irritem. Isso talvez não seja ruim no final. Sexo com raiva é demais.

Eu interrompo o discurso violento de Cheryl.

- Por mais excitante que esta conversa tenha sido e, acredite, foi muito, tenho que ir a uma reunião. - antes de ir, chego perto de seu pescoço. - Ei, por que não está usando seu colar?

The Attraction - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora