Chamas vingativas

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*Voltando aos pensamentos de um dragão *

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*Voltando aos pensamentos de um dragão *

Depois de dias sem vê-la, quando ela entrou na prisão meu corpo estremeceu. Evitei olhá-la, caso contrário não resistiria a tentação de falar com ela. Quando Isaque a provocou tive que conter minha fúria novamente.
Ao sinal da Huang Hua, seguimos as instruções da Ewellein e Huang Chu para abrir aquele portal. Eu ainda achava um desperdício de ingredientes escassos. Um a um, liberamos os homens que se dispuseram a ir embora sem conflito. Todos exceto o Isaque. O portal ainda estava aberto quando a Huang Hua lhe dirigiu a palavra.

- Então rapaz, você não quer mesmo ir?
- Já disse quais são meus termos.
- Creio que você não está em condições de exigir nada – sibilei
- Vamos todos manter a calma. - pediu Huang Hua. Enquanto isso, Isaque se divertia às nossas custas.
- O que você sugere? – A Feng Huang se dirigiu a Erika.
- Acredito que nada que eu disser fará diferença alguma – Deu de ombros. A essa altura, o primo dela cantarolava e eu já estava impaciente.
- Tenho uma sugestão. Não podemos atravessá-lo desacordado?
- Nevra! - Repreendeu a líder.
- É uma opção. Não há como fazermos o que ele quer e nem queremos mantê-lo aqui.
- Olha, concordo com o Nevra. Mas ele ameaçou minha família– Erika respondeu.
- E vocês estão esquecendo de um detalhe. – todos olharam para mim. – Ele não veio aqui por acaso. De alguma forma ele tem acesso a portais.
- Lance ter razão. – concordou Jamon.
- Ok. Então o que você sugere? - Rebateu Nevra com ironia. Respirei fundo e ignorei.
- Algo semelhante a Mnemosine pois ele não aceitaria fazer uma poção e não há tempo para enganá-lo como vocês fizeram com a Erika. – Ao dizer isso, todos abaixaram a cabeça e Erika fez uma expressão indecifrável.
- Koori ser capaz de alterar lembranças através de suas ilusões. Podemos fazer o humano esquecer que esteve aqui e de tudo relacionado a magia. – Falou Jamon.
- Pois bem. Todos de acordo? – perguntou Huang Hua e balançamos a cabeça unânimes. – Está certo. Jamon, busque Koori imediatamente. – O ogro se retirou.
- Ei! O que estão cochichando aí? Andem logo com isso! Eu só quero sair daqui com minha prima. – gritou o prisioneiro. Cerrei o maxilar para evitar falar besteiras. Estava a ponto de fazê-lo engolir os dentes.
- Já disse que não vou a lugar algum com você! – Erika respondeu com a voz alterada.
- Você não quer rever seus pais? Não quer saber como eles estão? Chegue mais perto que eu te conto como está a vida deles agora sem você e eu vou embora sem reclamar. – propôs. Eu conhecia esse truque muito bem pois eu mesmo já havia feito isso com Erika. No entanto já era tarde demais. Ela já estava seduzida pela chance de saber dos seus pais e foi se aproximando da cela. Estava com um mal pressentimento.
- Erika, não! – Avancei mas o Nevra me segurou. Virando-se para mim ela disse:
- Está tudo bem, Lance. Não se preocupe. - E voltou a caminhar em direção à cela com passos cautelosos. Assim que chegou perto, Isaque tirou uma adaga de dentro da sua bota e desferiu um golpe na barriga da Erika.
- Não! – Gritei me soltando do maldito vampiro que me segurava e corri para pegá-la antes que caísse. Isaque começou a rir histericamente e eu não pude mais conter minha ira. Escutei os passos do Nevra e da Huang Hua se aproximando.
- Afastem-se! – gritei. Meu corpo tremia de ódio. Deitei Erika no chão e então invoquei o dragão. Isaque largou a adaga e correu para a outra extremidade da cela.
- Lance, não! – Gritou Huang Hua mas não lhe dei ouvidos. Ateei fogo na cela que aquele verme estava e instantaneamente ouvimos seus gritos de dor. Não tive misericórdia. Voltei à forma humana e peguei a Erika no colo.
Me dirigi à saída ignorando completamente os olhares horrorizados dos dois. Enquanto corria, Erika balbuciava algo inaudível.
- Droga! Quantas vezes terei que te levar até a maldita enfermaria? – minha reclamação era sem sentido no momento e tinha certeza que ela não estava entendendo. Ela estava prestes a perder a consciência . A porta da enfermaria estava fechada e eu gritei para que abrissem.
Uma Ewellein mal humorada apareceu, mas sua expressão mudou completamente assim que botou os olhos em Erika.
- Pelo oráculo! Rápido, coloque ela aqui. – indicou um maca e eu obedeci. – Não tem mais ninguém aqui então preciso que mantenha-se calmo e me auxilie nos cuidados agora. – falou sem parar um segundo pra olhar pra mim e eu prontamente disse sim.
- O que posso fazer?
- Primeiro, faça com que ela beba isso. – tirou um frasco da prateleira e me entregou. Sem questionar, fiz o que ela pediu. Ewellein se aproximou com equipamentos para suturas e outros líquidos que eu desconhecia.
- Ótimo, a anestesia logo fará efeito. – ela suspendeu a parte da blusa de Erika na parte onde foi atingida e começou a limpar com eficiência.
Vê-la vulnerável outra vez me fez sentir culpa por não ter acabado com ele dias atrás. Ewellein derramou um líquido sobre a ferida e me pediu para pressionar o local com uma gaze enquanto ela conferia os batimentos da aengel e outros pontos vitais. Depois de tudo isso ela deu um longo suspiro.
- Graças aos céus ela ficará bem. Você fez bem em trazê-la imediatamente. Ela não perdeu tanto sangue. – Foi minha vez de suspirar. Fiquei aliviado.
- Obrigado, Ewellein.
- Mas o que houve dessa vez? – perguntou preocupada.
- O desgraçado do primo dela. Ele quem fez isso.
- Que horror! E onde estão os outros? O que fizeram com este homem?
- Eu espero que estejam varrendo as cinzas dele. – Respondi friamente. A elfo levou as mãos à boca e pude sentir seu pavor.
- Ele está...?
- Sim, está! – Rebati.
- Entendo. De qualquer forma, mais tarde terei maiores detalhes. Lance, fique aqui observando Erika. Preciso ir no outro cômodo um instante. – assenti e ela saiu. Peguei uma cadeira e posicionei ao lado da maca em que Erika estava. Sua testa estava molhada de suor e então acariciei seus cabelos igualmente suados. Ela estava desacordada e ainda assim havia tanto que eu queria lhe dizer mas simplesmente só saiam lágrimas.

Minutos depois a Ewellein retornou e me ofereceu uma garrafinha com água e eu aceitei.
- Lance, descanse um pouco. Prometo que ela ficará bem. Eu cuidarei do resto.
- Obrigado. Por favor, traga ela de volta. – Ewellein tocou meu ombro e meu olhou com bondade.
- Não se preocupe. Tome isso e você se sentirá melhor. – Aceitei o que me pareceu um comprimido e saí. Fui direto para meu quarto e tomei a pílula que a Ewellein havia me dado. Estranhamente senti o sono me dominar e desabei na cama.
Acordei no dia seguinte revigorado mas assim que lembrei o motivo, tentei entender por que a Ewellein me dopou. Levantei-me da cama e avistei um papel perto da porta.

“ Erika acordou"

Estava sem assinatura mas não me importei. Só queria ir vê-la.
Enquanto caminhava pelo corredor, escutei uma voz chamar meu nome. Olhei para todas as direções mas não vi ninguém então resolvi ignorar. Chegando próximo à Sala do Cristal, a voz me chamou novamente e vinha de lá de dentro. Essa voz... eu a conhecia. Fáfnir!

A Redenção do Dragão de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora