Descrição:
Uma história narrada pelo próprio Lance onde podemos conhecer um pouco de seus pensamentos mais profundos e inocência adquirida, que é tão pura quanto a inocência de nascença (possui referências da série ONCE UPON A TIME).
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Tempos depois
À medida que os dias se passavam, ficava mais do que claro pra mim que aquela visão de uma família ao lado de Erika não era algo que estava fadado a acontecer. Pior do que ter um vislumbre do futuro, é não saber como chegar lá. Se eu pudesse escolher, preferiria não ter visto. Não que eu não tenha gostado, longe disso! Mas descobri que aquela visão é tudo que eu mais quero. Erika é tudo o que eu mais quero. Saber que existe essa possibilidade e que está escrita em uma de nossas linhas do tempo me consome a cada segundo e querendo ou não, ainda escuto os burburinhos pelos cantos do Q.G do tipo: "Como ela pode fazer isso?" "Não era ele o seu pior inimigo?" "Ela só pode ter enlouquecido!"
Erika garante que não se importa com nada disso, mas creio que essa situação afeta mais a mim do que a ela. E não é verdade o que dizem? Uma batida na porta me arrancou de meus pensamentos.
- Olá! Está uma manhã agradável e adoraria tomar um café da manhã ao ar livre com você - Fui surpreendido por uma sorridente Erika ao abrir a porta. Por uma fração de segundos, me lembrei dos cochichos venenosos.
- Você acha mesmo que é uma boa ideia? - Questionei e o semblante da aengel mudou para um ar confuso.
- E por quê não seria? - Rebateu pousando as mãos nos quadris de maneira provocante. Não pude evitar de olhá-la de cima a baixo. Ao perceber meu olhar, Erika ficou corada no mesmo instante e desfez a postura. Respirei fundo.
- Entre, por favor. Preciso conversar com você.
Dei passagem para ela que, hesitante, sentou-se em minha cama desarrumada. Aparentemente, depois da visão compartilhada que tivemos, pude perceber que inconscientemente evitávamos estar sozinhos em um ambiente. O curioso é que de alguma forma, parecia um acordo mútuo. Tudo isso me deixava intimidado demais para ficar à vontade com ela.
- Aconteceu algo? - quis saber.
- Não. É que estive pensando em tudo que vivemos. Aliás, em tudo que vimos.
- Ah! Isso... Muito bem, o que anda pensando?
- Não tivemos a oportunidade de conversar abertamente sobre esse assunto. Tudo ficou meio subentendido e não quero que você embarque nisso porque algo ou alguém já designou antes mesmo de você existir.
- Pode ir parando por aí, Lance - Erika se levantou - Eu já sou bem grande pra entender o que quero ou o que sou obrigada a fazer e creio que em momento algum demonstrei incerteza. Já conversamos sobre isso, mas você insiste em se auto-afligir com pensamentos depreciativos.
- Mas eu...
- Mas nada, Lance. Caso você tenha dúvidas do que quer, esse é o momento de falar. Sei que o que vimos não é absoluto mas sei também que é possível trilharmos esse caminho.
-Isso não te assusta? Não te dá a sensação de que não tem escolha? Se você não tivesse visto, acharia que era possível?
- O que eu acho é que se foi revelado a você era porque VOCÊ precisava acreditar mais do que eu. O Valkyon ou o Fáfnir não perderiam tempo se não achassem que seria importante. Pare de achar que não merece mais ser feliz. Você sabe que pode. Essa conversa acabou e o convite do café nos jardins está cancelado por hoje. Vou deixar você refletir. - Como um furacão, Erika passou pela porta me deixando sozinho. Fiquei em choque por alguns segundos e sorri feito bobo em seguida. Eu certamente amo essa mulher.
