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Sentiram minha falta? rs
Boa leitura <3

Clarke

Saio com a cabeça erguida da caverna depressiva de Lexa, mas, assim que fecho a porta, me apoio contra a parede do corredor, tentando organizar os pensamentos.

Já estou arrependida do meu inesperado surto de... bom, na verdade, não tenho ideia do que foi aquilo. Gostaria de pensar que foi um ato corajoso e nobre, mantendo com firmeza o compromisso que assumi, ou algo virtuoso do tipo.

Mas a verdade é que tudo em Lexa Woods me irrita, e eu perdi o controle. Não sabia que podia ficar tão irritada assim. Encontro o caminho para a cozinha, onde Lindy está com os braços cheios de farinha. "O que está fazendo?", pergunto, antes que me interrogue sobre meu encontro desastroso com Lexa.

Ela me lança um olhar curioso. "O que acha?"

Olho para a massa em que está mexendo no balcão de granito.

"Pizza?", arrisco. Seus movimentos me lembram os dos pizzaiolos do Grimaldi's. Lindy sorri de lado.

"Também faço pizza, mas hoje vai ser só um bom pão caseiro."

"Ah", digo, me sentindo uma idiota. Claro que é pão. Quando queremos pão na minha casa, alguém passa na padaria ou no mercadinho no Flatiron District. Observo Lindy trabalhando a massa por algum tempo. Embora seus movimentos sejam rítmicos e tranquilizantes, não fazem muito efeito sobre o meu cérebro agitado.

"Quer falar a respeito?", ela pergunta, sem levantar o rosto.

"Nem saberia por onde começar."

"Ela causa essa reação nas pessoas. Chegam todas esperando sentir pena, mas vão embora querendo estrangular a garota."

"Isso resume bem a coisa", comento, passando o dedo sobre a farinha espalhada no balcão.

"Mas você vai ficar?", ela pergunta.

Aperto os lábios enquanto penso. Não quero ficar. Quero chamar Roan gritando e voltar correndo para Manhattan, onde as pessoas compram pão, onde não existe esse silêncio assustador, onde veteranas deficientes não têm lindos olhos verdes e uma atitude de merda.

Daí, penso na condescendência pretensiosa no rosto de Lexa, que antes era lindo e agora está destruído. Ela sabia que eu ia me sentir assim. Droga, se certificou de que nada ia me segurar aqui. É como se soubesse do meu plano de aparecer nesta casa como uma santa ou um anjo da guarda para reparar meus próprios pecados, e deixasse claro que não vai compactuar com isso.

Parece que obter perdão não vai ser uma tarefa tão fácil quanto dar sopa na boca de uma alma combalida e agradecida. Lindy dá outro sorriso torto — parece ter um estoque infinito deles. É um sorriso que diz: "A vida é uma merda, mas vale a pena".

"A maioria das pessoas não admite como é frustrante", ela diz. "Elas fingem que ela é um amor e acham que podem resolver tudo. Mas alguns nem se dão ao trabalho de fingir. Vão embora poucos minutos depois."

"Mas acontece que não tenho outro lugar para onde ir. Acho que não sou a pessoa certa para ajudar Lexa, mas também não sei se tal pessoa existe."

Lindy dá um tapinha satisfeito na massa antes de limpar as mãos em um pano de prato. "Agora vamos conhecer o seu quarto."

O andar de cima é tão amplo e grandioso quanto o de baixo, mas está tão vazio que chega a ser irritante. Sigo Lindy por uma série de corredores de madeira, notando que passamos por meia dúzia de quartos, todos parecendo desocupados. O que faz sentido, já que o sr. Woods não mora aqui, e Roan e Lindy vivem na casa dos funcionários, cuja localização desconheço. Isso significa que somos só eu e Lexa na casa. Sozinhas.

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