36.

447 55 13
                                    

O último capítulo. Já tô morrendo de saudade dessa história incrível. Fiquem como até o final, ok? Boa leitura <3

Lexa

Preciso me lembrar de perguntar a Clarke por que escolheu morar no apartamento mais nojento de Manhattan.

Pego algumas notas que acabei de sacar da minha conta agora vazia e as entrego aos dois grandalhões da mudança. Nenhum dos dois se dá ao trabalho de contar o dinheiro, o que me parece meio idiota, mas pelo menos assim vão embora mais rápido.

Minha casa. Nossa.

O locador garantiu que era o maior apartamento disponível no andar. Um apartamento luxuoso de dois quartos. Tudo bem que tecnicamente há dois cômodos em que caberia uma cama, mas a parte do luxo não sei de onde veio.

E a geladeira pré-histórica? O congelador que não para de fazer barulho? Não, deve ser o chuveiro surrado embaixo do qual talvez eu caiba de lado. Ouço um carro buzinar do lado de fora. Não, espera. São dúzias de carros buzinando do lado de fora.

É claro que a essa altura sou praticamente imune a isso. Estou nessa cidade há algumas horas, mas bastou a viagem do aeroporto até este prédio para buzinas se tornarem muito naturais para mim. Entendo por que os nova-iorquinos dizem que o barulho nem incomoda mais depois de um tempo. Você tem que se acostumar, caso contrário enlouqueceria.

Estou muito, muito longe de Bar Harbor.

Passo a mão pelo rosto e olho em volta, para as caixas entulhadas no espaço ridiculamente pequeno. Não trouxe muita coisa. O essencial para a cozinha, roupas e talvez mais caixas de livros do que dá para ter em um apartamento em Nova York.

Mas até meus pertences mínimos lotam este lugar.

Não me importo. Não me importo com o reboco nojento do balcão, com a geladeira minúscula ou com o fato de que meu locador me deixou um bilhete indicando o lugar mais barato para comprar ratoeiras. Não estou aqui pelo luxo.

Estou aqui por ela. Porque Clarke é tudo.

O único problema é que meu grande plano de reconquistá-la parece consistir em mudar para o prédio dela para mostrar determinação e... só. Tipo, esse é o fim da porra do plano.

Estou assustada demais para ir além. Morro de medo de que me mande dar o fora. De que tenha encontrado outra pessoa — alguém que não aja como uma garotinha superficial e assustada, escondida em seu castelo porque teme o que as outras pessoas podem pensar.

Eis a conclusão na qual cheguei: não ligo para as outras pessoas. Levei bastante tempo para crescer, mas é a mais pura verdade.

Mas me preocupo com algumas pessoas. Lindy. Roan. Meu pai.

Anya.

Octavia e Lily.

Clarke.

As semanas sem ela foram as piores da minha vida, e eu ficaria feliz em passar o resto do meu tempo como uma atração de circo, com todo mundo apontando na minha direção e rindo, desde que esteja ao meu lado.

Mas aí é que está. Tenho que descobrir como trazê-la de volta. E é por isso que mudei para este buraco, quando posso pagar por algo três vezes maior, e que não cheire como a Tailândia.

Queria ficar perto dela. Preciso ficar perto dela. Mesmo se não quiser mais nada comigo, mesmo se tiver que vê-la entrando com outra pessoa em seu apartamento, preciso ficar perto dela.

Por isso, irei onde ela estiver.

E Clarke está em Nova York. É meio que meu pior pesadelo, mas ela se dá bem aqui. Com seus bons modos e sua inteligência, pertence à nata de Manhattan, em vez de ficar trancafiada no meio do nada. Fui uma completa idiota ao exigir dela a segunda opção.

Em PedaçosOnde histórias criam vida. Descubra agora