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Desculpem a hora. Tive um dia corrido.

Lexa

Foi ridiculamente fácil — só mandei umas mensagens rápidas para a misteriosa Niylah enquanto Clarke estava fora, em sua corrida matinal.

Corridas essas nas quais eu costumava acompanhá-la. Até que ela agiu exatamente como o resto das pessoas, lendo sobre mim como se eu fosse uma soldada qualquer e não Lexa.

Mas esse não é o ponto. O ponto é que meus instintos estavam certos no que diz respeito a Niylah: não é só uma amiga, mas tampouco, uma namorada, ainda que ela assim desejasse. Estava tudo claro em seu rosto idiota enquanto ela descia as escadas.

Não é para o rosto de Niylah que eu olho agora, no entanto. É para o de Clarke. Eu estava preparada para a surpresa e a raiva. Não, esperava pelas duas, pois é, afinal, da natureza da vingança.

Mas o que vejo em seus traços perfeitos é a agonia mais pura. Sou uma escrota. Mas sempre soube disso. É hora de Clarke saber também. E sou uma grande fã da filosofia do olho por olho. Ela se mete na minha vida, eu me meto na dela. Fui além da conta?

Claro. Mas é que foi fácil demais.

Tinha pensado que as razões de Clarke para fugir de Nova York eram um pouco mais interessantes que algo tão clichê quanto um triângulo amoroso. Mas Niylah respondeu ao convite que achava ser de Clarke em mais ou menos dois segundos. Ela estava obcecada, e Clarke a estava evitando.

A necessidade de ferrar com a vida dela do mesmo modo que tinha ferrado com a minha era grande demais para resistir, mas agora... agora estou arrependida. A tensão no hall é quase palpável, e meu plano já não parece genial. Só cruel.

"Clarke." Niylah se aproxima com as mãos esticadas. Ela solta um grunhido de desalento.

Instintivamente, vou na direção delas.

"Vai embora." O silvo é dirigido a mim. "Você me deve pelo menos isso."

Começo a me dar conta da magnitude da minha manipulação. Me sinto uma merda. Ainda assim, lanço um olhar de alerta para Niylah, como se avisasse para não magoá-la. Mas é em vão. Ela só tem olhos para Clarke.

No caminho para a porta, paro ao lado de Clarke. Abro a boca para... para quê? Me desculpar? Ela nem me dá chance.

"Sai", diz, sem me olhar.

Eu me forço a obedecer. Por um momento, não sei como viver comigo mesma. Então, me lembro de que já estou morta por dentro.

...

Ai gente, que situação tensa...

Em PedaçosOnde histórias criam vida. Descubra agora