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Preparem-se pra muita tensão e fofura

Clarke

De alguma forma, acho que eu deveria estar esperando pelos pesadelos. Meu quarto fica no mesmo andar que o de Lexa, mas não ao lado do dela, então não tenho certeza de que ouviria seus gritos através das portas fechadas se não estivesse atenta. Mas eu estou prestando atenção.

Cheguei a ouvi-la nas últimas noites também, mas as coisas estavam tão estranhas entre a gente que eu sabia que minha presença não seria suficiente para reconfortá-la. Esta noite, no entanto, meu instinto me manda fazer o contrário, levando-me direto para Lexa.

Assim que a ouço gritar, eu me levanto na hora. Sabendo que ela dorme quase pelada, pego meu roupão e jogo por cima do short e da regata, dando um nó no cinto, enquanto ando pelo corredor.

Hesito diante da porta, dividida entre o desejo de lhe dar privacidade e de reconfortá-la. Deus sabe que da última vez que invadi o quarto dela no meio da noite a coisa não terminou muito bem pro meu orgulho.

Ouço um gemido baixo.

Então: "Lincoln. Lincoln, não...".

Dane-se. Ela precisa de mim.

A parte superior de seu corpo não está coberta, e há luz o

bastante para confirmar que está mesmo sem camisa. Minha

nossa.

Respiro fundo e vou em direção à cama. Um braço está jogado acima da sua cabeça, o outro está esticado ao lado do corpo. Seus dedos se agarram ao lençol.

Eu me movo devagar e pego sua mão, sentando na beirada da cama. Me sinto meio boba. Pareço Florence Nightingale, mas a necessidade de confortá-la fala mais alto.

Lexa geme de novo.

Devo acordá-la? Foi o que fiz da última vez, e ela pirou. Mas deixar que fique presa ao pesadelo me parece cruel.

"Lexa."

Ela se contorce.

"Lexa", repito, mais alto dessa vez.

Ela fica quieta, mas com o corpo ainda rígida.

Com delicadeza, coloco a mão em seu ombro, tentando segurar as ondas de eletricidade que surgem quando encosto na pele dela. É só um ombro, Clarke.

"Acorda", digo, baixinho.

Ela para de gritar agora, mas sua respiração continua forte e entrecortada.

"Lexa!" Eu a sacudo.

Seus olhos se arregalam, e seu corpo fica imóvel.

Fico parada também, deixando que acorde. Espero a tensão em seu corpo diminuir e sua respiração ficar mais regular, mas é quase como se o ar ficasse pesado no momento em que percebe minha presença. Seus olhos encontram os meus, e o clima passa de tenso a intoxicante.

"É melhor que isso faça parte do sonho", Lexa diz, com a voz rouca.

Balanço a cabeça, com medo de que, se falar, vou estragar o momento. Daí, ela vai pirar como da última vez, começar a beber e distribuir beijos quentes como uma forma de punição. Se ela me beijar hoje, não quero que seja para me punir, mas sim para me aproximar dela.

Não sei quem faz o primeiro movimento. Em um momento, estou me esforçando para não olhar para sua boca e criando coragem para perguntar sobre o sonho; no outro, estou debaixo dela.

Deveria estar chocada, mas não estou. Acho que, no instante em que deixei a segurança do meu quarto, eu sabia que eu terminaria aqui, na cama desfeita de Lexa Woods, com ela em cima de mim.

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