Havia se passado três dias desde o anúncio do baile, era quinta feira. Depois da escola, César, Arthur e Joui foram até a sorveteria da outra rua, cumprimentando Balu perto dos freezers e escolhendo os seus sorvetes. Os três se sentaram no fundo da sorveteria, enquanto conversavam.
— Já decidiram o que vocês vão tocar? — Joui perguntou para o Cervero que passava algumas notas para o caderno.
— A gente tá fazendo um repertório, mas acho que vai ter de tudo. — Arthur respondeu com o olhar baixo, querendo ou não, o clima entre os dois ainda estava estranho.
— Hum, legal.
César tomava seu sorvete em silêncio, perdido em seus próprios pensamentos.
— A Erin quer entrar pra banda também. — O Cervero comentou distraído. — Como vocalista.
— Ela sabe cantar? — Joui questionou surpreso.
— Sabe. E a voz dela combina bastante com a voz do Fernando, então talvez a gente tenha dois vocalistas na banda.
— Interessante.
Mais um momento de silêncio, Balu se aproximou de fininho, fingindo ser furtivo, e acenou para os adolescentes.
— Garotada! — O mais velho cumprimentou animado, arrancando alguns sorrisos dos garotos.
— Oi, Balu. — Os três falaram ao mesmo tempo, um tom mais divertido na voz.
— Tô vendo vocês com essas carinhas de cachorro abandonado, o que aconteceu?
Os adolescentes riram um pouco sem graça, mas nenhum deles teve coragem de explicar o que estava acontecendo.
— Pra gente dessa idade, eu só consigo pensar em dois problemas. Ou vocês estão com as notas baixas ou é o coração sofrendo por causa de um amor. Qual dos dois?
— Nenhum dos dois. — Arthur e Joui disseram ao mesmo tempo.
— Coração sofrendo... — César começou a falar mas se calou imediatamente quando percebeu que era o único. — Nenhum dos dois.
— Aham, sei. E o climão é pelo o que? Pisou em pata de cachorro?
— Quase isso. — Joui murmurou desanimado.
— Balu. Eu quero que você me dê a sua opinião sobre uma situação hipotética. — Arthur falou calmo e o japonês ergueu uma sombrancelha.
— Pode mandar, Campeão. Sou todo ouvidos. — O mais velho disse animado puxando uma cadeira e se sentando a frente dos adolescentes.
— Vamos fingir que você tem um amigo de longa data, tipo, cês são parceiraço. — O Cervero começou a dizer, ganhando a atenção do bigodudo. — Mas aí você conhecesse alguém novo, e esse seu amigo de longa data começa a ser babaca com ele. — Joui sentiu seu rosto criar uma feição indignada, e apenas não disse nada pois queria que ele terminasse. — E esse amigo só está fazendo isso por tirar conclusões precipitadas dessa pessoa. O que você faria?
— Bem, é... — Balu passou a mão pelos bigodes, parecendo pensativo. — Eu teria uma conversa com meu amigo.
— E se seu amigo estiver fugindo dessa conversa? — Arthur questionou com os olhos fixos em Joui, agora sem medo de mostrar sua indignação para o amigo.
— Olha, eu diria que esse amigo deveria criar vergonha na cara. — Balu disse simplista e Joui se virou para o mais velho, agora ainda mais indignado. — Olha pessoal, vocês são jovens, não deveriam viver com tanto ódio no coração. Tomar decisões precipitadas é coisa normal da idade, mas quando você percebe que tá errado você tem que assumir.
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Ah, Meu Pobre Coração!
RandomCésar sempre gostou de flores, sua mãe lhe ensinara o significado de cada flor e achava aquela linguagem encantadora. A propósito, o Cohen tinha de tudo para ter mais um dia normal na sua vida, ir para o colégio e depois jogar um pouco no computador...