Capítulo 11

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  Havia se passado três dias desde o anúncio do baile, era quinta feira. Depois da escola, César, Arthur e Joui foram até a sorveteria da outra rua, cumprimentando Balu perto dos freezers e escolhendo os seus sorvetes. Os três se sentaram no fundo da sorveteria, enquanto conversavam.

  — Já decidiram o que vocês vão tocar? — Joui perguntou para o Cervero que passava algumas notas para o caderno.

  — A gente tá fazendo um repertório, mas acho que vai ter de tudo. — Arthur respondeu com o olhar baixo, querendo ou não, o clima entre os dois ainda estava estranho.

  — Hum, legal.

  César tomava seu sorvete em silêncio, perdido em seus próprios pensamentos.

  — A Erin quer entrar pra banda também. — O Cervero comentou distraído. — Como vocalista.

  — Ela sabe cantar? — Joui questionou surpreso.

  — Sabe. E a voz dela combina bastante com a voz do Fernando, então talvez a gente tenha dois vocalistas na banda.

  — Interessante.

  Mais um momento de silêncio, Balu se aproximou de fininho, fingindo ser furtivo, e acenou para os adolescentes.

  — Garotada! — O mais velho cumprimentou animado, arrancando alguns sorrisos dos garotos.

  — Oi, Balu. — Os três falaram ao mesmo tempo, um tom mais divertido na voz.

  — Tô vendo vocês com essas carinhas de cachorro abandonado, o que aconteceu?

  Os adolescentes riram um pouco sem graça, mas nenhum deles teve coragem de explicar o que estava acontecendo.

  — Pra gente dessa idade, eu só consigo pensar em dois problemas. Ou vocês estão com as notas baixas ou é o coração sofrendo por causa de um amor. Qual dos dois?

  — Nenhum dos dois. — Arthur e Joui disseram ao mesmo tempo.

  — Coração sofrendo... — César começou a falar mas se calou imediatamente quando percebeu que era o único. — Nenhum dos dois.

  — Aham, sei. E o climão é pelo o que? Pisou em pata de cachorro?

  — Quase isso. — Joui murmurou desanimado.

  — Balu. Eu quero que você me dê a sua opinião sobre uma situação hipotética. — Arthur falou calmo e o japonês ergueu uma sombrancelha.

  — Pode mandar, Campeão. Sou todo ouvidos. — O mais velho disse animado puxando uma cadeira e se sentando a frente dos adolescentes.

  — Vamos fingir que você tem um amigo de longa data, tipo, cês são parceiraço. — O Cervero começou a dizer, ganhando a atenção do bigodudo. — Mas aí você conhecesse alguém novo, e esse seu amigo de longa data começa a ser babaca com ele. — Joui sentiu seu rosto criar uma feição indignada, e apenas não disse nada pois queria que ele terminasse. — E esse amigo só está fazendo isso por tirar conclusões precipitadas dessa pessoa. O que você faria?

  — Bem, é... — Balu passou a mão pelos bigodes, parecendo pensativo. — Eu teria uma conversa com meu amigo.

  — E se seu amigo estiver fugindo dessa conversa? — Arthur questionou com os olhos fixos em Joui, agora sem medo de mostrar sua indignação para o amigo.

  — Olha, eu diria que esse amigo deveria criar vergonha na cara. — Balu disse simplista e Joui se virou para o mais velho, agora ainda mais indignado. — Olha pessoal, vocês são jovens, não deveriam viver com tanto ódio no coração. Tomar decisões precipitadas é coisa normal da idade, mas quando você percebe que tá errado você tem que assumir.

Ah, Meu Pobre Coração!Onde histórias criam vida. Descubra agora