Dante estava na porta da casa de Arthur. O loiro segurava um gigantesco buquê de cravos vermelhos, andando de um lado para o outro, ansioso.
Dante sabia que quando Beatrice havia dito para ele conversar com Arthur e chamá-lo para o baile, ela não dizia com tanta urgência; porém o loiro não conseguiu aguentar todos aqueles sentimentos angustiantes dentro do seu peito.
As flores escolhidas não eram aleatórias. Dante lembrava muito bem do dia que sua irmã deu a César um único cravo vermelho, ele não sabia o significado mas tinha em mente que era uma coisa boa levando em consideração que o emo cabeludo havia se apaixonado logo em seguida.
O pobre adolescente respirou fundo uma última vez, agora se lembrando das palavras de Joui, sentindo um frio na barriga.
— Meu Deus do céu...
— Ei, guri. Tá perdido? — Dante reconheceu o homem alto e longos cabelos brancos.
Brúlio carregava várias sacolas de supermercado, não parecendo incomodado por todo aquele peso.
— Oh, eu conheço você, guri. Da floricultura. Amigo do meu Arthur. — A voz grave do mais velho fazia Dante se sentir como uma formiga prestes a ser pisada. — Pra quem é o buquê?
O loiro ficou calado, seu rosto pálido ficando completamente vermelho.
— E-eu... Hã... E-eu...
— Brúlio, traz as sacolas aqui pro bar. — Ivete exclamou da porta do estabelecimento, desviando sua atenção para o adolescente. — Dante, né? Pode entrar, o Arthur deve estar no quarto. Vamos deixar vocês conversarem à sós.
Antes que Brúlio pudesse falar alguma coisa, a dona do bar o puxou pela orelha para dentro.
Dante tirou outra pausa para respirar fundo e criar coragem, logo adentrando o imóvel e seguindo timidamente os corredores até que encontrou o quarto de Arthur, onde havia desenhado uma gigantesca caveira com as cores da bandeira pan. O loiro bateu na porta fraquíssimo e percebendo que o Cervero não tinha ouvido, bateu mais algumas vezes, agora ansioso.
O garoto com heterocromia abriu a porta enquanto segurava a guitarra com a outra mão, surpreso com a presença de Dante e ainda mais surpreso com o buquê de flores que ele segurava.
— D-Dante?
— O-oi A-Arthur, v-você acha q-que a gente p-pode conversar? — O mais alto gaguejou, era quase possível ver fumaça saindo do topo da sua cabeça.
— Claro, entra. — O Cervero deu espaço para ele passar, colocando a guitarra no canto do quarto.
Assim que Dante entrou, Arthur pensou na possibilidade de fechar a porta, mas dependendo da situação era sempre bom ter por onde fugir.
— Hã... Sobre o que você quer conversar?
— I-isso... O buquê... é pra você. — O loiro estendeu as flores, que foram recebidas pelo mais baixo de bom grado.
— Cravos.
— V-você sabe o significado? — Dante perguntou ansioso, com medo de que fosse algo ruim.
— Acho que o César já comentou, algo sobre dor no coração, um infarto talvez... Não lembro. Mas acho que é algo bom! — Ele acrescentou a última parte, mesmo sabendo que era um pouco conflitante com o que tinha dito anteriormente. — Ao q-que devo a honra?
— Hã... Porta legal. — O mais alto mudou de assunto, na cara de pau mesmo. Tenham calma com ele, é difícil criar coragem.
Arthur desviou o olhar da porta para Dante, com uma expressão confusa.
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Ah, Meu Pobre Coração!
عشوائيCésar sempre gostou de flores, sua mãe lhe ensinara o significado de cada flor e achava aquela linguagem encantadora. A propósito, o Cohen tinha de tudo para ter mais um dia normal na sua vida, ir para o colégio e depois jogar um pouco no computador...