César esperou no fim da rua pelas bicicletas de Arthur e Joui, mas elas não vieram. Quando chegou na escola, o lugar parecia em euforia, alguns alunos do terceiro ano corriam de um lado para o outro enquanto anotavam várias coisas em um caderno e havia vários alunos do primeiro ano conversando animados sobre algo que o cabeludo não entendia.
O Cohen encontrou Arthur perto da sala de música, enquanto falava com Fernando Carvalho, ele cumprimentou o amigo e acenou tímido para o garoto popular que sorriu para ele.
— César, você não vai acreditar. — O Cervero disse entusiasmado.
— O que rolou? — O cabeludo perguntou confuso, mesmo que estivesse com o ânimo de uma porta.
— Na verdade não era pra ninguém saber ainda, mas... — Arthur fez suspense, em tom alegre.
— Mas? — César desviou o olhar para Fernando, que sorriu gentil esperando que o Cervero explicasse a situação.
— Vamos ter um baile!
O cabeludo quase engasgou quando ouviu aquilo, sem decidir se ria em escárnio ou se reclamava de ter que aturar outra situação social.
— Um baile?
— Aham! Eu não lembro o que era... — Arthur olhou para Fernando, pedindo ajuda.
— O clube de astronomia falou que ia ter um eclipse solar mês que vem, então o Veríssimo disse que ia fazer um baile, mas o professor Renan acabou vazando a informação e a fofoca correu solta. — O garoto de dreads explicou calmo e César suspirou cansado.
— Ah, ótimo. Mais um dia pra faltar.
— Sem essa! — Arthur exclamou indignado e o Cohen recuou. — A gente vai tocar! Eu quero que você veja!
— O senhor Veríssimo nem anunciou oficialmente o baile, e vocês já estão pensando em tocar? — César perguntou franzindo o cenho.
— Mas é claro! Fer, me dá um minuto. Vou ver se consigo um pouco de energia pro César. — Arthur disse brincando enquanto acenava para o garoto popular, quem sorriu gentil e voltou para dentro da sala do clube de música. — Ei, por que todo esse desânimo? Pensei que você ia estar mais feliz depois do encontro com a Bea.
— Ah... — César arfou, um pouco deprimido. — Ela me deu isso aqui. — Ele pegou da mochila a foto que Beatrice havia tirado dele com Orpheu, entregando para Arthur.
— Que bicho é esse? Um urubu? — Arthur perguntou confuso e César sentiu seu rosto abrir um pequeno sorriso.
O Cervero virou a foto e leu a frase escrita com a caligrafia de Beatrice.
— Isso é ruim? — Ele perguntou incerto, não tendo a mínima ideia do que aquela frase significava.
— Amores-perfeitos significam literalmente "penso em você".
— Pô, mas isso é ótimo. Por que essa cara de quem achou feijão em vez de sorvete?
— Não sei, acho que é só minha auto-confiança que resolveu tirar férias. — César disse deprimido enquanto se sentava num banco do pátio.
— Ah, cara, sem essa!
— É sério! Isso foi acontecer só hoje de manhã. Quando ela me deu a foto só faltou eu me jogar no chão! Mas hoje de manhã eu simplesmente acordei e pensei: "hum, talvez eu não seja tão interessante assim pra ela gostar de mim, ou talvez eu esteja apenas alucinando e a frase na foto seja só um jeito dela falar que gosta de mim como amigo". ARGH! EU NÃO SEI.
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Ah, Meu Pobre Coração!
CasualeCésar sempre gostou de flores, sua mãe lhe ensinara o significado de cada flor e achava aquela linguagem encantadora. A propósito, o Cohen tinha de tudo para ter mais um dia normal na sua vida, ir para o colégio e depois jogar um pouco no computador...