Ainda estou correndo. E continuo sem uma direção certa.
Vez ou outra sinto minhas pernas vacilarem e quase me fazendo cair.
Ainda sinto a raiva lancinante que corre dentro de mim, como se fosse uma doença invadindo todo meu corpo e me deixando entre a vida e a morte.
Chega a ser intrigante como algo muda para você de uma hora para a outra.
Em um momento, eu achava que este local era minha casa. Meu lugar de segurança.
Agora só consigo vê-lo como uma grande prisão.
Algo especialmente moldado para me satisfazer e encobrir sua verdadeira forma.Um cativeiro.
Para algumas pessoas pode parecer estranho que sua percepção sobre algo mude tão rápido assim. Mas a verdade é que você só entende o peso disso quando passa por tal situação.
Não dá para questionar ou duvidar da dor de outra pessoa, pois não é você que está no lugar dela. Não é você que está sentindo aquela dor.
É fácil julgar alguém por seus traumas e dores quando se está bem consigo mesmo. É fácil quando sua vida nunca foi construída à base de mentiras como a minha.
Não desejo mais ver meu pai.
Não suporto nem ao menos sua presença. Cada vez que sua imagem ressoa na minha mente ela vem acompanhada do fato dele nunca ter me contado a verdade.Ele disse que estava me protegendo, quando na verdade estava me enganando. Criando situações para esconder seu verdadeiro propósito: Me usar para diminuir sua dor por perder minha mãe, me prendendo por não ser capaz de perder outra pessoa.
Pode parecer amor, mas isso é egoísmo.Queria que minha mãe estivesse aqui. Queria poder chorar em seu ombro e dizer o quanto isso é ruim. Ela me entenderia e me ajudaria em tudo.
Sei disso.
Quando penso nela eu finalmente consigo assumir um rumo para minhas longas passadas.
Corro em direção à ala sul do castelo.
Passo por alguns escritórios dos conselheiros do reino. Depois desço alguns degraus para baixo e dou de cara com o Santuário dos Deuses.Passo pela porta e dou de cara com o cômodo. É uma sala até que simples considerando seu propósito. Possui algumas estátuas dos Deuses mais importantes para a história, ou pelo menos aqueles que Astoryan e alguns outros Reinos de Bellarius consideram importantes.
Sempre fui criada para acreditar nos Deuses. Ter fé acima de tudo.
Mas de vez em quando eu me questiono em como posso ter fé naquilo que nunca vi nada além de estátuas de ouro e bronze. Como posso saber que eles realmente estão ouvindo minhas preces e orações?
São questões que surgem em minha mente e que temo nunca saber a resposta.O teto do cômodo é entornado em ouro, com uma imagem cheia de seres angelicais.
Os próprios Deuses.
Mais à frente há uma pequena porta.
Ela é meu verdadeiro propósito.
Me aproximo e abro-a devagar. Começo a descer alguns degraus que levam para um tipo de sala no subsolo.É a cripta da família Exmoor.
Aqui, nesse espaço parcialmente escura, está gravada toda a história da minha família.
Consigo ver os altares dedicados à cada membro da família de meu pai.
Meu avô, minha avó, meu tio que partiu jovem demais, e muitos outros familiares. Alguns bem antigos, e outros recentes.Não cheguei à conhecer nenhum deles, pois todos morreram antes mesmo de eu nascer.
Assim como minha mãe.
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A Princesa Perdida
FantasyVallerye Exmoor nunca se preocupou com o fato de viver sempre dentro dos limites do castelo. Sua vida inteira fora rodeada por coisas que desejava, para assim compensar os anos presa entre aquelas paredes de concreto. Tudo muda quando um acidente e...