Trigésimo quarto capítulo

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Guio Lilith pelo corredor mais afastado, por onde passei enquanto explorava esse castelo desnecessariamente gigante. Seguro em sua mão e vou na frente, torcendo para que nenhum criado nos veja.

Ela se segura forte em mim, parece até confiar sua vida, e isso me deixa aliviada de certa forma. Sinto uma pequena sensação de apego quando chegamos nos fundos da cozinha, onde existe uma saída.

- Queria que ficasse - Digo. - Queria poder ir com você. Queria... tantas coisas.

- Isso será possível depois que eu tomar o elixir, e graças a você. - A vampira sorri, me beija, e me segura pela cintura.

Deixo que me beije de novo. Deixo que me segure, porque gosto disso. Gosto que me toque, até pelo gesto mais curto. Sinto seus lábios em meu pescoço e o ar quente contra minha pele, e isso me faz sentir uma dor na mordida.

- Vamos. - Eu digo, contra minha vontade de me afastar.

Assim que chego na porta emperrada, Lilith me ajuda a abrir. Admiro o horizonte escuro e sinto o vento cortante em meu rosto, e então ela solta minha mão, e se põe a caminhar de volta para onde é seu lugar.

Ainda é seu lugar.

Fechando a porta e me virando, volto pelo mesmo lugar, cuidadosa, e só baixo a guarda quando já estou no corredor onde há maior trânsito de pessoas. Caminho pensando em Lilith e no quanto estou desejando que isso acabe logo e eu possa estar com ela. Não sei como faríamos isso, mas se ela ao menos estiver do lado humano as coisas poderão ser mais fáceis, só preciso do elixir.

Vou direto para o meu quarto com a intenção de passar o resto do meu tempo deitada e sem me preocupar com Kanata ou casamento, mas assim que abro a porta, me deparo com ele de pé e as mãos nos bolsos.

- Onde minha noiva estava? - Ele pergunta, sorrindo. O vampiro se aproxima e beija minha bochecha, eu faço uma expressão de nojo que ele não vê.

- Fui tomar um ar. - Minto.

- Eu estive pensando, querida - Diz, eu reviro os olhos enquanto dá as costas para se sentar no estofado. - Você se dignou a pegar a espada de Hakon Van Helsing e me perguntei o motivo disso. A alternativa mais aceitável foi que você sente falta dessa vida. Então, diga-me: Você sente falta?

Era meu sonho. Eu gostava de treinar e caçar os vampiros. Ter algo para provar a alguém era no mínimo inspirador. Mas agora eu não sei. Talvez eu precise caso possa tramar algo contra esse vampiro, mas não tenho certeza, porque uma crise política agora não ajudaria.

- Sim. - Confirmo falsamente, ele dá um sorriso breve.

- Posso devolver a você. Mas é importante que você não tente absolutamente nada contra a família real. Isso inclui a mim.

- Isso nunca se passou pela minha mente. - Eu minto de novo, balançando a cabeça positivamente dessa vez.

Kanata balança uma espécie de sino e dois guardas entram no quarto segurando uma espada. A mesma que roubei.

- Entreguem para ela. - Diz o príncipe.

Eles exibem para mim e eu pego, hesitando, mas ainda pego.

- Considere nosso presente de noivado, meu bem - Ele se levanta, dessa vez beija minha boca, mas eu me afasto. - Casaremos amanhã e quero vê-la satisfeita.

Não importa o quanto faça por mim ou quantos presentes me dê. Nada disso importa se não o amo.

Eu quero estar com Lilith.

Your Blood On My LipsOnde histórias criam vida. Descubra agora