Prólogo

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Três batidas fortes contra a porta de mogno.
Isso foi o suficiente para chamar atenção da família Langley. Largando o cachimbo em cima da mesa, Cadman Langley preparou seu rifle e caminhou até a porta. Amis Langley, mulher de Cadman, colocou as duas filhas atrás de si e ordenou que ambas se escondessem sob o assoalho solto. As duas irmãs, assustadas, assentiram ao receber aquela ordem, mas antes que pudessem dar qualquer passo, um estrondo forte surgiu da porta da frente.

Cadman havia atirado contra o vampiro que surgia como uma sombra assustadora na porta, isso o deixou com raiva, fazendo-o partir para cima de Cadman. Amis gritou a plenos pulmões quando viu a cena, mas estava claro que nenhum dos vizinhos iriam ouvi-la, ou ajudá-la. Numa noite como essa, onde a lua assume sua forma vermelha e o céu se torna acinzentado, todos sabiam que deveriam ficar escondidos o quanto conseguissem.

- Escondam- se - Amis sussurrou para as filhas. - Saiam daqui!

Mesmo havendo tanto sangue sob o piso, Cadman ainda estava vivo. Isso porque os vampiros gostavam de outra coisa além de sangue humano: O sofrimento daquela espécie. A única forma de matar um humano de uma só vez era acertando qualquer parte do seu corpo com todas as suas garras afiadas. Era tão efêmero, e de uma forma ou de outra, a morte viria, sendo ela rápida ou torturante. Com as últimas forças que lhe restavam, Cadman acertou seu rifle na cabeça do vampiro que estava sobre si. Isso o acertou como se fosse uma simples folha, já que única forma de dor dos vampiros era uma espada que apenas caçadores tinham. As espadas eram forjadas com um minério que fazia a pele do vampiro queimar, ele sentiria uma dor tão forte que poderia fazer com que recuassem no mesmo instante, e os matariam caso acertassem seu coração.

- Cadman! - Amis gritou quando viu o coração de Cadman sendo arrancado pelas garras do vampiro. Era uma criatura magnífica, sua pele se assemelhava com a neve que caia nos dias de inverno, os olhos vermelhos como rubi resplandeciam na escuridão.

Os olhos de Bryanna se arregalaram quando a bela face do vampiro encontrou seu olhar. Aquela face tão delicada e pequena de Bryanna, porém expressiva, que transparecia medo. Amis mesmo destruída com a cena que estava bem a sua frente, se colocou na frente da criança, que agora só conseguia ver a seda do vestido usado por Amis. O vampiro então se aproximou, as garras parecendo mais afiadas, os olhos parecendo ainda mais brilhante. Bryanna estendeu sua mão para o vampiro, que sentia o aroma doce e tentador do seu sangue. O toque das mãos foi impedido por Amis, que empurrou a garota para longe, fazendo o vampiro lhe acertar com sua garras.

Bryanna teve vontade de gritar quando viu a mãe morta, mas sua garganta parecia ter farpas, que a impediam de falar qualquer coisa. Caylin morreu em sua frente do mesmo modo que a mãe, e ao olhar todo aquele sangue sobre o assoalho, o sofá e suas roupas, Bryanna começou a chorar. Ela torcia seus dedos sobre o colo, a beleza do vampiro transformou-se em uma simples sombra de olhos vermelhos, que agora se aproximava tão lentamente quanto um animal selvagem preparado para caçar qualquer cervo perdido na floresta. A mão fria tocou o rosto de Bryanna, que gritou, mas não fez o vampiro recuar.

- As lágrimas nos fazem parecer fracos. - A voz do vampiro soou como um consolo. Num tom tão suave e reconfortante. - Não chore, pequena criança. - As garras por um momento desapareceram, e a outra mão tocou o rosto de Bryanna, mas não parecia tão fria agora. - Não tenha medo. Eu nunca mataria a única pessoa que testemunhou um dos meus maiores atos.

Apenas uma das suas garras surgiu, servindo para retirar uma mecha de cabelo castanho do rosto de Bryanna. Ela fechou seus olhos quando sentiu um arranhão em sua testa. Não seria o suficiente para matá-la, mas aquela marca iria servir para lembrar a qualquer outra pessoa que Bryanna havia tido contato com um vampiro, e que ele havia se apaixonado pelo sangue que corria em suas veias.

O vampiro então se levantou, e mesmo sentindo uma sede que só aquele sangue poderia saciar, ele continuou andando sem olhar para trás. Seus pés pisavam os corpos da família Langley, eles estavam sendo tratados como carpetes, e o sangue se espalhava pelo assoalho, escorrendo entre as brechas.

Your Blood On My LipsOnde histórias criam vida. Descubra agora