Apenas Corine me segura, e Wera anda em nossa frente, chamando alguns guardas com um gesto.
Em frente a uma porta dupla e pesada, Lady Wera para e respira fundo antes de abrir. Acho estranho a quantidade de pessoas que estão aqui, e fico surpresa ao ver Lilith perto da parede, com correntes que parecem queimar sua pele.
Eu paro de pensar em seu rosto quando analiso o resto da sala e meu olhar pousa sobre uma figura pálida de cabelos que parecem prateados. Seus olhos são vermelhos, e quando finalmente olho com atenção, meu coração se acelera tanto que eu poderia ouvi-lo se isso fosse capaz. Um suor frio escorre pelo meu pescoço, minhas pernas falham e eu caio de joelhos, o corpo todo treme.
- Bryanna. - A voz do vampiro soa igual. Um tom calmo, mas é uma criatura cruel.
Não consigo pensar direito e tenho vontade de gritar até todo ar sair dos meus pulmões, mas não está sendo possível sequer falar.
Olhar para ele me deixa tonta. Memórias se passam na minha cabeça. Ouço o grito da minha mãe, relembro o sangue que se acumulou como poça sob meus pés.
- Eu aguardei ansioso pelo momento do nosso encontro, irmã. - Ele diz, eu levanto minha cabeça rapidamente e agarro o tapete vermelho, acumulando poeira em minha mão.
Um soluço escapa da minha boca, eu aperto os olhos, mas abro no mesmo instante para saber o que está acontecendo.
- Você se lembra de mim, e acho justo que saiba o motivo para eu ter dado um fim a sua família.
Ranjo os dentes, tento reunir coragem e me levantar, mas não consigo fazer isso, e Corine continua apertando meus pulsos com essa corrente que parece ter espinhos.
- Você é filha de Hakon Van Helsing, Bryanna.
Eu me assusto, meu peito sobe e desce por causa da respiração, e o vampiro continua:
- Cadman era meu pai.
- Impossível. - Eu digo sem pensar, Corine acerta seu cotovelo na minha nuca para me manter calada, e isso foi a gota d'água.
Viro mesmo com os pulsos amarrados e acerto seu rosto.
Ela mostra suas garras para me matar aqui mesmo, mas eu me protejo e Corine acerta as correntes, fazendo elas caírem no chão. Vejo a vampira me olhar com medo pela primeira vez, então eu pego o enfeite afiado do meu cabelo e acerto em seu olho, fazendo ela cair no chão gemendo de dor.
O vampiro que falava comigo bate palmas de uma forma lenta, mas suficiente para que quem esteja neste salão ouça.
- Bravo, humana - Ele ri. - Vejo que realmente é uma Van Helsing.
A vampira continua caída, algo parecendo choro está escorrendo pela sua face.
- Meu nome é Bryanna Langley. - Eu digo, mas a minha confiança parece sumir quando eu olho em seus olhos e relembro daquela noite.
- Cadman jamais quis que eu fosse filho dele, mas preferiu aquela... família. - Diz com desprezo. - Minha mãe tentou, dia após dia, mostrar o filho de Cadman a ele. E sua resposta? Tratar minha mãe com desrespeito.
- Pare de mentir, vampiro maldito. - Eu digo, a cabeça de repente dói em um só lugar, parece que vai se partir.
- Eu só não a matei por que você não tinha o sangue dele, humana tola! - Ele levanta a voz e sai do seu trono. - Você é filha de Hakon Van Helsing.
Como pode ser? Como eu posso ser a filha do caçador de vampiros das histórias? Não faz sentido.
Talvez nada aqui faça.
A criatura que um dia achei bonita, agora parece algum tipo de maldição, se aproximando demais de mim. Eu recuo o máximo que posso, com medo de um vampiro.
- Eu sou Ryben Langley, filho de Cadman por direito - Ele afirma, frieza na voz. - Não é suficiente que você já seja uma Van Helsing?
- É verdade! - Uma voz grita por cima da de Ryben, grita por cima das súplicas não atendidas de Corine. Lilith. Seus pulsos estão queimando com velocidade. - Ouvi Lady Wera falar disso, Bryanna - Ela me olha. - Você é filha de Hakon Van Helsing.
Confusão deixa minha mente nublada, o vampiro ri com satisfação.
Um porta menor se abre, a julgar pelo barulho, e mesmo odiando o vampiro em minha frente, odeio ainda mais o príncipe que entra no recinto.
- Chega de dramas familiares - Kanata diz, e mostra as presas enquanto sorri. Talvez esteja em casa. - Procuro pela minha futura esposa.
Eu ranjo meus dentes, poderia gritar agora, mas um passo do vampiro me deixa alerta.
- Tudo que perdeu foi por culpa do homem que acredita ser seu pai - Ryben diz em tom baixo antes de se afastar. - A vingança é algo que toma sua alma por completo. É tudo que você pensa quando odeia alguém, e eu odeio Cadman, e o odiarei pelo resto da minha vida imortal.
Ryben caminha devagar até a plataforma onde está seu trono, e Kanata aguarda ali, a postos. Ele tem protetores, já que é o príncipe.
Eu respiro mais rápido, olho apenas para a plataforma e cerro meus punhos quando Kanata sorri para mim.
Ele desce, chega mais perto e seu sorriso se amplia. O príncipe segura meu pulso e faz força para abrir, e depois segura minha mão.
- Parece que será minha dama, afinal de contas.
Seus guardas me cercam, ele se vira e nos guia para a saída. Eu olho para Lilith, seu cabelo bagunçado, sua expressão de dor.
- Eu matarei você, Bryanna Van Helsing. - A vampira caída no chão me ameaça. Kanata pisa forte em seu rosto, mas Corine não revida e o deixa ir.
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Your Blood On My Lips
Vampire↣𝗘𝗠 uma noite de lua vermelha, Bryanna Langley presenciou a morte de toda a sua família diante dos seus olhos. Carregando uma marca em sua testa e uma grande dor dentro de si, Bryanna se tornou uma caçadora, com o desejo de eliminar cada um dos va...