Doce paixão

25

Eu não consegui dormir a noite toda, fiquei pensando na Lili. Ela realmente iria embora, logo agora que poderíamos ficar novamente. Eu até tentei dormir, mas os meus pensamentos sempre voltavam a ela, a porra da noite toda.

A nossa conversa não saia da minha mente, ela disse que estava apaixonada por mim, mas eu não acho que esse seja o único motivo para ela ir embora pro Brasil.

Eu fiquei o dia seguinte ansioso, esperando que ela chegasse para entregar a sua demissão no RH. Depois de lá, ela seria mandada para a minha sala, eu queria fazer muitas perguntas a ela, queria implorar para que ela ficasse na empresa porque ela animava os meus dias com o seu sorriso contagiante e a sua teimosia comigo.

Camila telefonou dizendo que Lili estava subindo do RH para a minha sala. Minhas mãos começaram a soar a tremer, meu coração acelerou. Por que eu estava tão nervoso? Cazzo!

Ela bateu duas vezes na porta e eu mandei entrar. Ela surgiu em minha vista com o seu cabelo preso em um coque e roupas simples, uma calça jeans e uma blusa branca simples. Em seus pés ela calçava chinelos, havaianas brancas mais especificamente.

__ Bom dia.__ ela disse se sentando em minha frente.

__ Bom dia, Reinhart.

Ela me entregou uma pasta com os papéis da sua demissão, eu abri a pasta olhando os documentos lá dentro, mas meu olhar voltou para ela novamente.

Estava sem maquiagem, mostrando o seu rosto belo e totalmente livre daquela maquiagem pesada que ela vinha trabalhar. Por mais que eu achasse o seu rosto belo assim, ela estava triste. Conseguia ver pelos seus olhos baixos e suas olheiras profundas.

Ela havia chorado.

__ Você está bem, Lili?__ perguntei.

__ Sim.

__ Quando você vai querer ver a Luisa?

__ Hoje eu não vou poder, tenho que resolver algumas coisas sobre a minha viagem. Mas acho que amanhã eu vou poder, se você deixar.

__ Ela vai ficar triste que você vai embora.

Ela soltou um suspiro triste cruzando os seus braços. Vi seus olhos encherem de lágrimas e eu me levantei caminhando até ela.

Ela me acompanhou com o olhar, eu peguei suas mãos que estavam cruzadas acima do seu peito e a puxei para se levantar. Antes que ela perguntasse algo, e eu sabia que iria já que franziu a sua testa. Eu a abraçei.

Ela não tinha acreditando que eu havia a abraçado, e nem eu. Ela não retribuiu o abraço de começo, mas depois senti os seus braços me contornarem e ela deitar a cabeça em meu peito. Seu cheirinho de morango que eu senti dês do primeiro dia em que eu a vi chegou até às minhas narinas.

Jamais iria esquecer do dia em que eu cheirei os seus cabelos naquela viagem para comprovar que era realmente dos seus cabelos que vinha o cheiro de morango.

Eu comecei a fazer carinho em suas costas, descendo e subindo a mão pela suas costas pela última vez.

Não queria me separar dos seus braços, e acho que ela menos ainda. Acabei deitando a minha cabeça em cima da sua sentindo ainda mais o seu cheiro que eu tento gostava. Ficamos um longo tempo assim, eu me sentia tão bem perto dela. Não precisávamos dizer nada, nosso silêncio já dizia tudo.

Nós dois iríamos sentir falta um do outro. Era um sentimento mútuo. Agora que ela iria embora, talvez eu estivesse percebendo que gostava mais do que eu negava dela.

Quando ela separou o nosso abraço, percebi os seus olhos vermelhos. Mas os meus também estavam, eu só não podia deixar ela ver isso.

__ Eu vou dar os seus direitos.

__ Mas...

__ Sem mas, Reinhart.__ voltei a me sentar na minha cadeira.__ como você ficou trabalhando um longo tempo aqui, vai tirar um bom dinheiro que você vai poder se reconstruir no Brasil. Talvez até abra algo pra você.

Ela sorriu fraco. Eu amava o seu sorriso.

__ Obrigada. Eu não sei se eu tenho direito de pedir mais, mas eu não quero perder o contato com a Luisa. Teria problema se eu ligasse para ela?

__ Não vejo problema, ela gosta muito de você.__ ela sorriu novamente.

Acabei assinando a sua demissão e ela se despediu de mim dizendo que foi um prazer trabalhar para mim. A Lili, eu queria você trabalhando comigo mais do que nunca agora.

Eu iria sentir falta do seu corpo lindo, da sua animação, do seu rosto, seu cheirinho de morango... Mas se ela não está feliz aqui, eu não quero que ela continue. A família dela não está aqui.

Eu só quero que ela fique bem.

Quando eu fui para casa no final do dia, Luisa ficou me perguntando o porquê eu estava tão desanimado, eu me vi tendo que dizer a ela que Lili iria embora.

Ela acabou chorando, ficou me perguntando o porquê a minha namorada tinha que ir embora e eu nem consegui desmentir que ela não era a minha namorada.

Mesmo que ela não seja.

__ Eu posso durmir com você, papai?__ Luisa disse abrindo a porta do meu quarto.

Eu concordei e ela pulou na minha cama ao meu lado deitando sua cabeça em meu peito. Eu comecei a fazer carinho em seus cabelos sedosos.

__ Eu vou sentir tanta falta da Lil...

Sua voz saiu triste e chorosa.

__ Eu também amor, eu também.