Torre

O Início da Aventura

Me chamo Viktor, fui criado sozinho por minha mãe e admiro a força que ela teve pra me criar e me dar uma vida minimamente digna em meio a um cenário de pobreza, por mais que a minha infância tenha sido ótima, ainda me abala me lembrar que nem todos em minha volta tiveram a mesma chance de ter uma mãe ou pai carinhoso que estivessem dispostos a cuidar deles.

Quando era menor sempre fui fascinado em livros e suas histórias de fantasia, lembro das noites em que passava em claro imaginando lutas fantásticas, após ouvir contos sobre dragões e nobres guerreiros, na esperança de um dia poder também ser como eles, pensando em como iria acumular méritos e trazer conforto para aquela, que me criou e me ensinou o básico sobre a vida.

Ao atingir minha maioridade ganhei o que todos chamam de familiar, um nobre escudeiro que me ajudaria em várias situações e isso foi um grande incentivo para que eu, saísse de casa, rumo a um reino próximo que era famoso por conter uma guilda de aventureiros, onde vários deles morriam em combate mas outros tinham glória em combate.

O único problema é que não veria minha mãe com frequência e ela sabia daquilo, mesmo contra sua vontade ela me incentivou e me ajudou a entrar nessa jornada até o reino, onde acabei conseguindo alimento e água para alguns dias de viagem, dias o suficiente para chegar até meu destino.

Acabei saindo de casa de forma impulsiva e me esqueci, que não tenho um armamento e nem sei lutar, me dei conta disso no meio do caminho em vários momentos pensei em desistir da ideia, mas ao olhar para Félix, sabia que tinha uma proteção enquanto ele estivesse comigo.

Em nossa primeira noite dormindo ao ar livre, montamos um pequeno abrigo abaixo de uma grande árvore, colocamos pedaços de tronco no chão para que pudéssemos sentar em volta da fogueira que montamos e aquecia nossa pele, clareando a nossa volta e nós protegendo de possíveis problemas.

Começamos a comer alguns pães e pedaços de carne seca que tínhamos recebido de minha mãe, nesse momento me dou conta de como uma comida quente faz falta, a textura esfarelenta do pão não me agrada e muito menos o sabor extremamente salgado da carne, aquilo resseca meus lábios, além de espalhar gordura em meus dedos.

Viktor: Odeio carne seca, é uma das piores coisas que já comi, infelizmente.

Félix: Ainda dá tempo de desistir dessa sua ideia imprudente Viktor, ou você achou mesmo que sair de casa e se aventurar seria uma maravilha igual nos livros de história?

Viktor: Olha, eu sei que a ideia não é a melhor opção para um cara como eu, sem habilidades de combate e sem uma arma, mas.... se eu quiser ver a minha mãe tendo seus dias com conforto sem se preocupar se vamos jantar, acho que já valeu a experiência toda.

Digo isso, terminando um pedaço do pão que estava em minhas mãos e pegando meu cantil de couro, tomando um pouco de água, que refresca meu corpo naquele momento.

Félix: Sua causa é nobre, mas irei te contar uma pequena história todos os aventureiros que já pisaram na terra tinham causas, algumas nobres e belas como a sua, outras nem tanto, mas havia um tolo assim como você, que pensava que encontraria um propósito de vida em sua jornada, no fim, seus medos falaram mais alto em sua cabeça e seu caminho foi em vão, Viktor, não seja esse tolo, lute até o fim por aquilo que seu coração queima, eu estou aqui para apoiar você e te proteger, sou grato por tudo que sua família já me fez, mas não vou exitar em arrastar você de volta para sua casa, então faça tudo valer a pena.

Dou um sorriso ao ouvir, aquele sermão sei que tudo que ele diz é para me ajudar de alguma forma.

Viktor: Eu agradeço, por ter você e minha mãe em minha vida, não sei se teria tanta coragem sem vocês, e pode deixar não irei desapontar você, serei como a rapadura, doce mas mole não!

Solto uma risada alta olhando para Félix, que me encara sem entender muito bem o que eu tinha tido.

Félix: Rapadura?

Viktor: Esquece, melhor irmos dormir, está bem tarde.

Digo isso me apoiando em minha mochila, enquanto Félix se aproxima deitando ao meu lado, ainda alerta, mas logo acaba adormecendo.

Os dias que se seguem, fogem totalmente dos contos que já ouvi, dias de viagem tranquilos, sem monstros ou grandes desafios, mas enfim acabamos por chegar na cidade, enquanto vislumbramos os portões da cidade, várias pessoas passam em nossa volta.

Viktor: Chegamos, onde tudo começa.