Frágil

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O som da carne sendo dilacerada por uma mordida invade meus ouvidos  à dor é constante e infernal, mesmo diante dessa situação tenho uma oportunidade única diante desse ser mitológico, retiro de minhas costas aquela espada quebrada, mesmo que fosse uma lâmina quebrada veio a calhar nesse confronto, com a pouca força que me resta desfiro um golpe frente ao lobo acertando sua jugular onde a espada fica presa, sangue é jorrado do ferimento, fazendo a besta dar alguns passos para trás tampando o corte com a mão esquerda, em uma medida desesperada de estancar seu sangue, tenho tempo para me levantar e olhar fixamente nos olhos da besta.

Viktor: Te peguei!

Uma risada ecoa assim que aquelas palavras saem de minha boca, com um olhar de surpresa vejo a criatura pronunciar uma fala.

Alfa: Você é só um garoto assustado.

Meu corpo se move por puro impulso, quando me dou conta estou em cima do monstro segurando a lâmina presa a seu pescoço enquanto aprofundava o ferimento, rasgando sua carne.

Viktor: Com medo do garotinho?

Sou agarrado pelo pescoço, sua feição de graça muda para um ódio profundo, sou  novamente arremessado com força contra o solo, sinto meu corpo quente e meus ouvidos zunindo, minha consciência está completamente abalada nesse combate, visivelmente mais fraco que esse ser, talvez tenha sido idiotice me jogar aqui sem uma estratégia clara.

Talvez deus tenha tido piedade da minha pobre alma, o lobisomem tinha sumido após esse ataque, não consigo me lembrar de muita coisa, apenas de Félix gritando meu nome e de pequenos flashes onde sou arrastado para algum lugar.

Os últimos tempos de minha vida tem se resumido em eu apagar por cansaço ou em batalha e acordar no meu quarto, essa situação não seria diferente a não ser por um detalhe, acordo no dia seguinte, me sentindo de certa forma diferente, leve e as dores tinham ido embora.

Me sento sobre a cama vendo Félix no meio de minhas pernas olhando para mim com certa preocupação.

Félix: Se sentindo bem? você apagou durante um dia todo e se contorcer enquanto dormia, você até queimava em febre.

Viktor: Me sinto ótimo!

Me levanto da cama parando em frente a um espelho que havia em meu quarto notando que meu abdômen tinha se definido ainda mais, qualquer presença de hematomas ou arranhões tinham sumido, retiro a faixa branca ensanguentada que cobria meu ombro, vendo que a mordida ainda estava aberta, inchada e com bolhas nojentas de pus, aquilo coçava, a repulsa e agonia toma conta de minha mente e me entrego ao desejo passando minhas unhas sobre o ferimento que arde, mas um sentimento de satisfação vem em seguida.

Félix: Como você já notou, o ferimento não vai se cicatrizar até você se transformar pela primeira vez ou até você matar quem te transformou e falando nisso temos poucas horas até  seu surto de loucura.

Encaro Félix após isso.

Viktor: o que fazemos então?

Félix: Bem, a essa altura você deve conseguir sentir aqueles que são igual a você, é uma pena isso não ser entendido ao alfa, vamos ter que descobrir na marra a localização dele.

Viktor: Eu não vou dizer que vamos caçar, por que eu virei a caça na última luta.

Dou uma risada baixa me aproximando da minha cama e vestindo minha camisa que estava em trapos, mas serviria para aquele momento.

Arrumo minha mochila saindo de meus aposentos atravessando o salão principal da guilda, voltando para as ruas de Umore.

Os efeitos colaterais dessa maldição vieram à tona, sinto minha cabeça em uma eterna confusão sons altos, cheiros fortes, uma visão deturpada e clara até demais.

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