Torre

Primeiro Andar

Viktor: Sabê Félix, não imaginava que teríamos coragem de entrar em um lugar perigoso como a torre e sair vivos de lá, venho pensando desde ontem, eu ainda tenho medo mas me sinto tão empolgado para explorar aquele lugar, ficar cada vez mais forte e quem sabe assim, não posso ter uma família e trazer minha mãe para cá, a família aumenta e próspera, não é?

Meu olhar transmite empolgação e determinação em meio aquele gramado, o ar corre por meu corpo me enchendo de leveza e felicidade, mesmo com receio sentia que nada poderia me parar.

Me levanto, alongando meu corpo olhando para o gato preto que estranha minha mudança repentina de humor.

Félix: Não sei, o que aconteceu com você mas estou gostando desse seu lado, oh na realidade talvez eu sei o que seja, ou acha mesmo que não vi você se engraçando com Jasmin, foi logo na Elfa não é mesmo danadinho.

Suas sobrancelhas se erguem algumas vezes, lançando um olhar malicioso diretamente para mim, sou pego por um sentimento de constrangimento e felicidade pelo acontecido.

Viktor: Calado pulguento, aquilo foi só uma noite, e apenas conversamos nada demais.

Félix: Sei, os gritos "oh querido mais forte!" Eram só conversa entendi Viktor, conheço você melhor que sua mãe e sei que seu corpo reside uma alma afundada em trevas seu danadinho.

Coloco uma de minhas mãos em meu rosto, não conseguindo esconder minha face envergonhada e sem jeito diante de tudo aquilo.

Viktor: Felix! Por favor, não vamos tocar nesse assunto, foi só uma noite eu eu estava meio bêbado, vamos voltar para guilda.

Félix: Oh, ele é tímido, mas não vi essa timidez quando arrastou Jasmin em seu colo para seu quarto ontem a noite.

Com uma risada alta, Félix toma a dianteira indo em minha frente e com passos lentos vou o seguindo rumo ao centro da cidade, não demora para chegarmos dentro da guilda, onde o ambiente se encontra lotado com outros aventureiros e com uma belíssimo canto do bardo local junto de suas exuberantes dançarinas que alegram um pouco a vida dos grupos desse lugar.

Me sento em uma mesa a fim de tomar um bom café da manhã, mesmo que tenha me divertido em uma noite de bebedeira ainda sou inteligente o suficiente para ter uma reserva, acabo pedindo o prato do dia que chega sem delongas e em minha primeira colher a maciez e suculência da carne preenche minhas papilas gustativas, a sopa esquenta meu corpo me animando para mais um dia difícil.

Ao terminar empunho meu machado enquanto me levanto, passando em frente ao balcão de Jasmin acenando para ela com um sorriso me aproximo.

Viktor: Bom dia bela moça, será que pode ajudar esse pobre rapaz?

Jasmin: Oh, o que esse nobre guerreiro precisa dessa humilde mulher?

Solto uma risada, colocando minha mochila em cima do balcão, retirando os itens que coletei no dia anterior.

Viktor: Bem, com a ajuda do Félix consegui matar as minhas primeiras criaturas e queria saber o quanto esses itens acabam valendo.

Jasmin: Bem, não é algo animador já que itens de baixos níveis valem pouco, mas parabéns pela sua primeira conquista, posso oferecer 7 peças pelos dois itens.

Viktor: Lucro é lucro, obrigado querida pela ajuda.

Jasmin: Boa sorte, nobre aventureiro, espero você a noite hoje.

Ela me olha com um sorriso malicioso, acenando para mim, logo voltando para suas atividades.

Ao sair de lá, vou diretamente para o portão da torre ultrapassando o lugar com coragem dessa vez, a cegueira temporária não mexe tanto assim comigo dessa vez, logo o local é iluminado por pequenas esferas iluminadas.

Félix: O que iremos encontrar hoje, capitão? Teremos um novo desafio neste grandioso dia?

Viktor: Não me importo, estarei pronto dessa vez Félix, seja lobo ou o que for, falei sério quando disse que traria conforto para minha mãe.

Félix: Que mudança brusca de atitude, certeza que está passando bem? Está com febre ou alguma dor? Bateu a cabeça em algum lugar?

Suas falas acabam saindo em um tom irônico, mas são interrompidas com a aproximação de um lobo, rosnando em nossa direção, a raiva e seu instinto assassino transbordavam por sua boca em forma de espuma, e com um avanço fero me coloco em posição de combate, apertando com força o cabo de meu machado, por segundos consigo ver sua investida, ele pula em minha direção e com um passo leve direciono meu corpo para o lado, conseguindo atingir seu abdômen, a lâmina acaba ficando grudada em seu corpo e com uma rápida resposta largo minha arma, vendo o corpo do animal virando pó, a única coisa que pode ser ouvido é o som do metal batendo no chão de forma brusca.

Viktor: TOMA SEU PEDAÇO DE MERDA, ACHOU O QUE? QUE IA TER UM JANTAR FÁCIL HOJE? ERROU FEIO OTÁRIO, POR QUE EU SOU DEMAIS SEU MERDA.

Félix: Atenção! Viktor.

Me viro, tentando entender o por que da fala de Félix e sou surpreendido por outro lobo que pula em cima de meu corpo agarrando também a base de meu machado, sou jogado ao chão novamente, tentando evitar que sua boca chegue em meu corpo, mas por incrível que pareça, minha arma é partida ao meio com uma mordida, mesmo surpreso, ataquei o rosto do animal, perfurando um de seus olhos com a madeira, me safando daquela situação crítica, aproveitando o momento de distração da fera, apanho a lâmina do machado cravando em seu pescoço várias vezes, me sentando ao ver as partículas de pó emergindo no ar.

Félix: Oh, eu até gostava desse machado, seu nome era divino, mesmo para uma arma simples como ele.

Viktor: Eu também gostava dele, mas e agora? Se não tenho arma, não consigo continuar dentro da torre, e eu não tenho moedas o suficiente para comprar uma espada.

Félix: Bem, isso é um grande problema mesmo, temos a opção de continuar em frente e talvez achar um armamento para você aqui dentro.. hmmmm, talvez eu possa ajudar você nesse meio tempo, estou caridoso mas não abuse!

Viktor: É, depender de você para me ajudar, vai ser o maior erro da minha vida, mas é o que temos para hoje, você vai na frente.

Félix toma a frente dessa vez, nossa caminhada infelizmente não é tão esperançosa, já que a única coisa encontrada, foram criaturas para enfrentar, paramos para um breve descanso, nos sentando e apoiando nossas costas nas paredes desse labirinto.

Me levanto para alongar meu corpo por um momento, me espreguiçando nesse instante por um breve momento sinto meu peito quente, abro um sorriso pensando que estava com o coração aquecido, mas logo esse sentimento é roubado por uma ardência e dor profunda, direcionando meu olhar para baixo percebi uma flecha atravessando meu corpo, o sangue escorre de minha boca, deixando meus joelhos tocarem o solo, sinto minha vista completamente pesada.