Desperto me sentando em minha cama olhando para os lados não vendo Félix dentro de meu quarto, olhando para as janelas conseguia ver um céu escuro, talvez eu tenha dormido demais, não ia me impressionar se a noite fosse do dia seguinte.
Me levanto lentamente sentindo um pouco de dor na parte direita de meu peitoral onde tinha sido atacado pelo campeão, abro a porta saindo e descendo as escadas do estabelecimento, diferente do comum a guilda estava em completo silêncio, o que era estranho afinal é um local de comércio, ao tocar o piso inferior consigo ver um amontoado de pessoas em volta a uma mesa próxima a porta de saída me aproximo vendo Félix sentado atrás de um homem, posiciono ele em meu ombro tentando ver o que estava acontecendo.
Viktor: O que houve?
Félix: Aparentemente o homem que estava no meio dessa bagunça toda foi atacado por uma criatura que está rondando a cidade, dizem que não é o primeiro ataque, o problema é que o monstro ataca apenas a noite.
Viktor: Lobisomens não são assim?
Félix: É o que estão teorizando mas o cara ali não consegue falar por ainda estar em pânico.
Respiro fundo abrindo caminho em meio a aquelas pessoas enfim vendo um camponês comum que estava com seu ombro coberto por um pano ensanguentado, me aproximo dele enquanto as pessoas me olhavam, coloco minha mão esquerda em seu ombro esquerdo o olhando nos olhos.
Viktor: Ei, você está seguro agora, se acalma, estamos aqui.
O homem me encara ao ouvir a minha voz, sua feição de choro ainda está presente em seu rosto, lágrimas escorrem de seus olhos, aos poucos ele vai se acalmando.
Viktor: Me conta o que houve.
Orn: Eu estava cuidando da minha horta que fica um pouco afastada da minha casa, não tive tempo de fazer isso durante o dia então peguei uma lanterna e fui terminar o trabalho do dia, foi quando aquela coisa me atacou.
Ele cobre sua cabeça com as mãos visivelmente assustado ao lembrar do que o feriu.
Viktor: Você está indo bem, uma última pergunta e eu vou deixar você descansar, como ele era e onde você o viu pela última vez?
Orn: Ele era como um lobo de pelo preto e muito grande, eu vi ele ficando em pé e a última coisa que me lembro é dele correr para a floresta.
Viktor: Obrigado.
Me levantando olhando para as pessoas em volta, ninguém ali estava confiante em pegar essa coisa.
Viktor e Félix: Nós vamos.
Olho para Jasmin chegando perto dela.
Viktor: Se eu não voltar, mande uma equipe de aventureiros para eliminar isso, acredito que todos aqui tenham muito a perder então não me impressiona essa feição de medo.
Jasmin: Tenha cuidado Viktor, não posso me responsabilizar sobre seus atos.
Dou um sorriso de canto saindo da guilda parando no lado de fora frente às portas do estabelecimento.
Felix: Algum plano?
Viktor: Nenhum.
Solto minha respiração jogando meus braços para baixo quase derrubando Félix de meu ombro logo recuperando a minha postura.
Viktor: Mas, hoje o caçador se torna a caça, me banhe com vossa sabedoria sobre essas criaturas majestade.
Dou uma risada olhando para Félix.
Félix: Oh reles plebeu, diferente do que os livros de romance contam, lobisomens não são afetados por prata, qualquer coisa afiada o suficiente consegue ferir essa besta, contam as más línguas que o primeiro lobisomens surgiu sendo fruto de magia negra, um homem amaldiçoado por uma bruxa, onde ele passa seus dias andando na pele de um lobo infectando outros e os transformando em seus semelhantes, toda alcateia tem seu alfa e você só pode se libertar dessa maldição matando aquele que te transformou, a maldição só pode ser passada por mordida.
Viktor: Como você sabe tanto sobre eles?
Félix: Eu fiz o meu dever de casa.
Viktor: Os ferimentos do homem não pareciam ser de mordidas e sim de garras, talvez ele esteja fora disso tudo.
Félix: Acho que você vai precisar disso daqui antes de sairmos.
Vejo Félix vomitando minha mochila, pisco várias vezes encarando seu rosto e voltando minha atenção para minha mochila e para ele meio incrédulo do que tinha acabado de ver.
Viktor: Às vezes você me surpreende.
Félix: Tenho meus truques.
Viktor: Acha que eu posso vencer um lobisomem?
Félix: Quer que eu minta?
Viktor: Vou levar isso como um não.
Visto minha mochila após Félix pular de meu ombro, onde começamos a correr para dentro da floresta naquele horário seria perfeito para cortar o mal pela raiz e talvez para um plano suicida.
Viktor: Julgando pelos ataques, talvez seja apenas o alfa que está na área, se for assim, conseguimos lidar com ele, mesmo com extrema dificuldade ou nem tanto, sou um nvl 6.
Félix: Ele ainda tem a vantagem de campo e horário, vai ser bem mais difícil enfrentar alguém às cegas.
Viktor: Nisso você tem razão, de qualquer forma, vou trazer a cabeça desse merda.
Félix: Síndrome de herói… por que está se esforçando tanto por eles? nem uma recompensa foi prometida.
Um desconfortável silêncio se instaura por alguns segundos.
Viktor: Ela faria o mesmo.
Félix: Merda Viktor.
Quando nos damos conta estamos dentro da floresta que era próximo a cidade, obviamente estávamos fundo o suficiente para não vermos os portões de Umore.( sim Umore é o nome da cidade)
Com o silêncio presente na floresta o medo percorre minha espinha, me sinto extremamente observado naquele momento, sei que alguma coisa está rondando a gente, o som das árvores escondem as pegadas abafadas de algo que se move em círculo.
O estalo de um galho toma minha atenção é a última coisa que vejo são olhos avermelhados, sinto a ardência em meu ombro direito enquanto ele é perfurado por dentes, minha pele é rasgada como se fosse manteiga, expresso um grito de dor sendo lançado ao chão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Torre
PertualanganA história conta as aventuras de Viktor e de Felix o gato, seu fiel escudeiro em um mundo fantasioso, onde monstros malignos travam batalhas fantásticas contra humanos.