Capítulo 15

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Puxo a blusa longa pela cabeça, girando e virando para me olhar no espelho. O couro me serve bem (embora seja um pouco justo) mas prefiro ter um vestido se vou para casa. Mas mesmo depois de vasculhar as pilhas de roupas de Camila, não consegui encontrar um único vestido.

Talvez ela seja contra a instituição. Algumas mulheres não gostam delas ou se recusam a usá-las simplesmente porque é esperado. Posso respeitar essa mentalidade, para ser honesta.

Não gosto de fazer nada que sou forçada. Eu nunca gostei.

Seja como for, tenho de admitir que pareço bastante feroz de meia-calça. Enquanto puxo meu cabelo sobre o ombro, uma nova rodada de excitação passa por mim. O dragão disse que meu pai deveria chegar hoje à montanha para fazer a troca e me levar para casa.

E embora meu cativeiro não tenha sido abusivo ou mesmo tão assustador, sinto falta da minha casa e dos meus amigos. Eu não pertenço a uma montanha isolada com um dragão. Eu pertenço a Vanir, aprendendo a governar meu povo. E mal posso esperar para falar com meu pai sobre a história do rei Lende. Eu me pergunto se ele sabe disso e como reagirá ao meu plano de adotar um herdeiro, se for o caso.

A ideia tirou um peso de meus ombros, que eu não percebi que me pesava tanto. Porém, suponho que seja assim com os fardos: você nunca sabe o quanto eles eram pesados até não ser mais sufocado por eles.

Se meu pai aprovar minha ideia e eu puder de alguma forma documentar sua aprovação, será fácil convencer o resto de nosso reino a seguir sua liderança quando eu assumir o trono. Porém, espero que esse dia esteja muito longe, tenho que planejar para isso. A cada dia, meu pai fica mais velho e, a cada vez que ele respira, estou um passo mais perto de ter que cumprir minha responsabilidade para com meu povo.

Um rosnado baixo no túnel atinge meu ouvido e eu saio, brandindo a adaga que roubei do tesouro de armas do dragão. Estremeço ao me lembrar de quantas eram, quantos ela deve ter matado para reunir tal coleção. Conforme eu ando pelo corredor, o rosnado se torna mais claro. É o dragão. Eu suspiro, deslizando a adaga em meu cinto e me movo para a caverna principal, estreitando meus olhos sobre ela.

— Você parece descontente, besta

Eu rio.

— Algo errado?

— Eles estão na base da montanha

Ela murmura, esticando sua asa.

— Venha.

— Não consegui encontrar meu vestido.

Suspiro.

— Se você quiser, está no quarto de dormir que você mencionou, dobrado entre os outros. Gosto dos tecidos brilhantes... mas não vou roubar de você.

Seu grande olho rosa dilata um pouco quando ela olha para mim e eu rapidamente balanço minha cabeça, levantando minha mão.

— Não. Não está bem. Se você gosta, pode ficar com ele. Você tem sido gentil, de certa forma. Ou, pelo menos, você não foi cruel. Obrigada por isso.

O dragão balança a cabeça, exalando um pouco de vapor de suas narinas antes de balançar a asa novamente.

— Suba aqui, agora. Vamos voar para baixo. Não quero o povo do seu pai nas minhas cavernas nunca mais, Tesourinho.

Eu corro para a ponta de sua asa, meu coração batendo forte em meus ouvidos enquanto agarro um grande espinho que encontro lá. Com cuidado, atravesso os ossos grossos que revestem sua asa, tomando cuidado para não pisar no material de couro de que ela depende para voar. Depois de alguns momentos (e apenas algumas quase quedas) me encontro sentada nas costas de um dragão. Avançando meus quadris para frente, eu me sento na base de seu pescoço, envolvendo meus braços em volta do pescoço grosso na minha frente.

Estimada (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora