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Ele estava nervoso. Era visível a quilômetros de distância: Matheus respirava fundo, tentando conter as lágrimas teimosas que ainda assim escorriam livremente por seu rosto. Seus olhos fechados com força indicavam que ele estava rezando sozinho em seu canto, preso em pensamentos turbulentos e com o nervosismo à flor da pele. Respeitei seu momento até que ele se sentisse confortável para vir falar comigo. Enquanto isso, continuei bebendo uma latinha de energético para lidar com meus próprios sentimentos confusos.
Eu nem era a atração principal, nem sequer uma atração, e estava completamente nervosa, com meus sentimentos em tumulto. Imaginava como Matheus, uma das atrações principais do maior show de sua carreira, no maior evento de todos os tempos, deveria estar se sentindo.
Era insano.
── Eu sei que você odeia atrapalhar ele antes do show, mas você podia ir lá, né? Hoje não é um show comum, é o Rock in Rio, véi ─ Disse Sávio calmamente enquanto apertava um baseado.
Ele tinha razão.
── Eu só não quero atrapalhar ou fazer ele se sentir mais nervoso.
── Você? A rainha da 30? ─ Sávio revirou os olhos. ─ Se toca, Luana.
Olhei para o mais novo com desdém e revirando os olhos em resposta.
── Se toca ─ Repeti, me afastando. ─ Vê se pode, mandou eu me tocar e esse pirralho só tem 20 anos.
Respirei fundo e sorri com cautela ao me aproximar de Matheus. Seu olhar estava escuro e indecifrável. Sem saber exatamente o que estava se passando com ele, apenas o abracei, sentindo meu corpo ser envolvido pelo dele. Seus braços me apertaram em seu calor, e seu rosto se encaixou perfeitamente em meu pescoço. Minhas mãos foram automaticamente para suas costas, oferecendo um carinho terno.
Continuamos assim por um tempo até que alguém gritasse indicando que o show estava prestes a começar. Acompanhei-o até próximo ao palco e voltei para o abraço, desta vez realizando nosso ritual. Minha boca perto de seu ouvido, eu murmurei uma reza, desejando energias positivas e boas vibrações para o show. Quando terminei, beijei sua testa e a ponta do seu nariz.
── Voa mais alto, meu menino ─ Beijei seus lábios. ─ Eu te amo.
── Acho que se você não me dissesse para voar mais alto, tudo daria errado. Eu te amo.
Ri baixinho e deixei alguns selinhos em seus lábios até que se transformassem em um beijo calmo e amoroso.
Sua mão segurando minha cintura apertou um pouco mais quando a voz do Chorão anunciou a introdução do show. A plateia vibrando e gritando seu nome era o combustível exato que ele precisava. Limpei seu rosto, removendo os resquícios de lágrimas, e sorri grandemente para ele, que retribuiu com o sorriso mais lindo que podia.
Matheus entrou no palco cantando "Máquina do Tempo", levando a plateia à loucura. Juntei-me a Sávio, Wiu e Clara, e não pude evitar as pequenas lágrimas enquanto via meu menino performar. Definitivamente, o palco era a casa de Matheus. Ele entregava tudo de si e sempre conseguia superar suas próprias expectativas. A pista de skate no meio do palco era linda, tornando a apresentação ainda mais impressionante. Teto e Wiu, com suas respectivas músicas, também foram um momento incrível. Eu não poderia estar mais orgulhosa dele.
Tudo saiu perfeito: as apresentações, as participações, a linda homenagem ao Chorão, a pista de skate. Tudo.
Ele encerrou o show com um sorriso grande e um público satisfeito. Senti-me sufocada, à beira de explodir quando ele saiu do palco. Chorei baixinho enquanto o via se aproximar, sentindo meu corpo anestesiado por uma felicidade completa. Ver Matheus se destacando nos palcos me deixava feliz; vê-lo bem e feliz, fazendo o que mais ama, me deixava ainda mais feliz.
── Mano, você viu aquilo? ─ Ele disse rindo, com uma expressão incrédula e um sorriso contagiante.
── Voa mais alto, meu menino ─ Falei em seu ouvido, enquanto o apertava em meus braços. ─ O mundo já é seu, e eu estou muito orgulhosa de você.
A melhor resposta que ele podia me dar foi um lindo sorriso acompanhado de um beijo digno de cinema. O barulho da equipe nos despertou, formando uma roda ao nosso redor enquanto pulávamos e gritávamos palavras desconexas de orgulho por todo o trabalho duro da equipe durante o ano para essa apresentação.
── É a 30 no Rock in Rio, porra!! ─ Gritou Nox, e todos abrimos a roda aplaudindo.
Após nosso pequeno show de comemoração, caminhei com Matheus até o backstage, onde seria sua entrevista.
── Quais seus planos, chefe? ─ Perguntei, batendo continência.
── Apertar um seria ótimo, sair para comemorar com a rapaziada e depois ficar com a minha namorada.
── Fofo, muito inclusive. Mas seus planos são: entrevista agora, comemorar com a 30, fumar um baseado e, se sobrar tempo, ficar com sua namorada.
── Às vezes me questiono se você realmente gosta de mim. Não é possível uma coisa dessas, mano.
Ri baixinho.
── Eu queria muito ficar só no love ou entrar numa onda tão boa que eu daria horrores para o meu namorado, mas vamos assistir ao show do Justin Bieber.
Matheus me deu um selinho e revirou os olhos.
── Não vamos assistir Justin Bieber.
── Vamos sim ─ Insisti. ─ Por favor, você sabe o quanto eu te amo.
Ele riu, negando, mas eu sabia que no final acabaríamos assistindo ao show do Justin.
A entrevista correu perfeitamente, com Matheus descontraído e dedicado como sempre. Tivemos tempo para uma farra com a equipe da 30, brindes e alguns bons goles de bebida. Matheus conseguiu fumar seu baseado, e eu consegui ficar até o show do Justin. Era apenas questão de tempo até eu agradecer e comemorar com Matheus do jeito certo mais tarde.
Do nosso jeito.
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Só mais esse pra ninguém ficar aguado. Até a próxima,
