Capítulo 14

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Os olhos de Sun se abriram e estavam desfocados. Ela os fechou novamente, estava em uma posição desconfortável e com uma manta que não reconhecia por cima do corpo. Sua cabeça latejava um pouco e os lábios estavam meio anestesiados. Sentiu um baque e percebeu que estava em movimento. Abriu os olhos novamente e tentou focar. Ela percebeu que estava em um carro, olhou para o motorista e viu que era Zayn. Ele a olhou rapidamente, ela estava desnorteada. Seus movimentos eram lentos e pesados ao mesmo tempo. Sua cabeça girava e ela ficou enjoada. Não entendia o que estava acontecendo, não sabia como fora parar ali. Meu Deus, ela queria se levantar, queria gritar, mas não tinha forças para somente levantar um braço. Estava fraca demais. Seu corpo, cada membro parecia pesar uma tonelada. Ela estava ficando com muito sono de novo, suas pálpebras pesavam demais. Ela queria falar algo, mas sua boca não a obedecia, seu corpo não a obedecia. Então seus olhos se fecharam de encontro a escuridão.
Ela estava em escuro completo, estava ficando tonta de tanta escuridão. Mas o lugar que ela não sabia o que era ou onde era, fazia ecos. Sons de passos tomavam conta do lugar mas Sun não estava andando. Seu corpo parecia se sacudir, fazer um leve movimento. O lugar pareceu clarear e agora ela via flashes de coisas. Viu o rosto de Zayn, visto de baixo, caminhando. Depois viu uma escada no interior de algum local. Depois viu uma porta branca de madeira. E foi a última coisa que viu novamente.
Sun abriu os olhos e a claridade os fez arder. Ela os semicerrou, forçando-os a ficarem abertos. Ao se acostumarem com a luz, Sun conseguiu focar onde estava e percebeu também que sua cabeça doía. A língua parecia inchada e dormente. Ela estava em um quarto grande de cor amarela, um tom calmo, não forte. As janelas de onde vinham a luz do sol estavam abertas e as cortinas balançavam com a brisa. Havia um guarda-roupas grande e próximo a sua cama havia um criado mudo. Ela estava com seu pijama, enrolada em um cobertor quentinho e não fazia ideia de onde estava. Sun levantou-se e ao tocar os pés no chão, sua cabeça latejou. Ela parou um pouco mas forçou-se a continuar, à sua frente estava a mesma porta branca que viu em seu sonho. Ela tocou a maçaneta e abriu.
Sun deparou-se com um corredor com algumas portas, e mais a frente uma escada. O piso de madeira brilhava com a luz que entrava de algum lugar e fazia sua cabeça latejar mais. Ela desceu os lances de escadas devagar e escutou um som vindo do andar de baixo. Antes de chegar ao último degrau, ela já havia visto a sala de estar. Era enorme, continha sofás e poltronas grandes, uma tv gigante na parede, a estante era pequena e tinham alguns porta-retratos, mas à frente portas duplas de madeira davam para um gramado, ela conseguiu ver através do vidro. Desceu as escadas e virou a esquerda, notou q era a cozinha e sons vinham de lá, antes dela se dirigir para o local, viu um porta-retrato pendurado na parede. A foto mostrava um casal e um menino cujos olhos azuis eram profundos, os cabelos escuros contrastando com com a vivacidade do azul. Ela caminhou para a cozinha, já sabendo quem encontraria ali ou pelo menos esperava.
Zayn estava próximo a pequena mesa redonda, de costas para Sun que ficou parada como uma estátua esperando que ele olhasse. Não fez nenhum som.
- Vai ficar aí parada? - a voz dele a surpreendeu.
Ele virou sobre seus calcanhares para encara-la. Sun vestia apenas seu pijama, algo parecido com um blusão que ia até abaixo do seu bumbum deixando suas pernas nuas. Ela devia ficar com vergonha por estar vestida assim na frente de Zayn, mas estava com muita raiva para se incomodar com aquilo no momento.
- Só me explica uma coisa - ela falava entredentes- como eu vim parar aqui?
Sua cabeça latejava, seus lábios pareciam inchados. Ela os umedeceu com a língua enquanto Zayn parecia ponderar alguma resposta.
- Eu a trouxe.- Foram as únicas palavras que disse, como se quisesse encerrar o assunto.
- Jura?! - ela falou sarcasticamente.- Seria a última coisa em que eu pensaria.
Zayn sorriu de lado, pensando em algo, seus olhos ainda fixados em Sun.
- Sua mãe - ele começou saindo de seu breve torpor - ela me mandou busca-la. O resultado dos exames saíram mais rápido do que eu esperava, então saímos de Londres no final da tarde.
- Zayn - ela falava com a raiva ainda pulsando dentro dela, se recusando a ir embora e Sun tentando controla-la o máximo possível - como eu vim parar aqui sem ver nada?! Eu fiz a porcaria dos exames que você disse?
Zayn mexeu-se, estava de costas para a mesa, apoiou as duas mãos na mesma atrás do corpo, as pernas à sua frente estavam cruzadas.
- Em algum momento, que eu não sei e muito menos tenho a ver, a senhora Mellark coletou seu sangue e em seguida aplicou um remédio para que você dormisse. Ela somente me ligou para que eu a buscasse e também a sua coleta de sangue. Me disse o que tinha feito e que aplicou uma dose que a faria dormir a noite toda. Mas no meio da viagem você acordou, achei que o efeito não ia durar, mas você estava grogue demais para entender alguma coisa. Você acordava e dormia. Na verdade, abria os olhos e caía no sono de novo. Quero que saiba que não tenho nada a ver com isso. Foi ela quem me procurou para que eu a tirasse da cidade, não a induzi em nada na decisão que ela tomou.
Sun riu sarcasticamente. Ela queria arrancar os olhos de Zayn, queria machuca-lo de qualquer forma. Ela aproximou-se dele com um dedo acusatório erguido.
- Eu realmente quero te matar, Wate. Como você pôde me trazer pra cá sabendo que a única pessoa que eu tenho ficou para trás?! Como pôde fazer isso sabendo que se a minha mãe morrer, eu vou junto?! Deixou ela indefesa, Zayn! Agora ela não tem a mim nem a você! Ela não tem ninguém!- Sun gritava e sua cabeça parecia latejar no ritmo de seu coração. Ela ia estapear Zayn, estava próxima o suficiente para fazer tal ato.
Zayn logo percebeu o que ela pretendia, então segurou-a pelo pulso. Ele agora não estava com as pernas cruzadas e nem encostado na mesa. Estava de pé, reto, bem maior que Sun. Ele olhava para baixo, para os olhos de Sun. Zayn não disse nada, apenas a segurava, enquanto Sun tentava se acalmar internamente. Ela soltou um gemido de frustração e relaxou os braços, porém Zayn não a largou. Ele ainda a olhava, prendendo-a naquela profunda imensidão azul. A raiva não amenizava em seu peito, ainda continuava a pulsar, como a dor em sua cabeça. Ele a puxou mais para perto, juntando os braços dela a frente do peito e aproximando seus corpos. Ele aproximou seu rosto do de Sun e encostou sua testa na dela fechando os olhos. Sun sentia sua respiração quente torcar-lhe o rosto. Os lábios de Zayn roçaram nos seus, ele havia feito isso propositalmente. E aquilo fez com que uma corrente elétrica passasse pelo corpo de Sun fazendo-a se arrepiar. Ele a beijava apenas roçando seus lábios nos dela.
- Eu te odeio, Zayn Wate.- ela falou com seus lábios nos dele.
Zayn sorriu e abriu seus olhos.
- Você fica linda quando está com raiva, Sunny Mellark.
E após isso beijaram-se de verdade. Zayn largou os braços de Sun e ela os enrolou ao redor da cintura de Zayn. Ele por sua vez, levou uma mão à nuca de Sun e segurando-a e a outra apertando a cintura dela, puxando-a sempre para perto.
~*~
Após pararem o beijo e se olharem por alguns minutos, Sun subiu para tomar um banho e trocar de roupa. Zayn disse que sua mala, que Sun tinha a plena certeza de que fora arrumada às pressas, estava em um dos quartos próximos. Ele disse q levaria para ela em seguida. Ela entrou no quarto com uma toalha branca e fofa que Zayn lhe dera e se dirigira para o banheiro que ali estava. Ela não havia notado antes, mas no quarto continha abajures e um pequeno lustre no teto. A cama de casal era grande e confortavel. Apesar ter discutido brevemente com Zayn, ainda não sabia onde estava, mas com certeza aquele era o quarto principal da casa. Era grande e bem arrumado. Ela tirou suas roupas e entrou no banheiro, tomou um banho quente, deixando a água correr por seu corpo relaxando-o. Sua cabeça doía e ela se esqueceu de pedir um remédio a Zayn. Ela pensava em sua mãe, ainda estava com raiva por ela e Zayn terem feito isso. Armado um plano para levarem Sun para longe. Ela não sabia como, mas obviamente iria atrás de sua mãe. Não importa o que acontecesse.
Ela saiu do banheiro enrolada na toalha e sua mala estava próximo a cama. Ela a pegou e pôs em cima do colchão, abriu o zíper e antes de pegar qualquer coisa a porta se abriu e Zayn a olhou.
- Meu Deus, Zayn! Você não sabe bater em portas?!
Ela segurava a toalha em torno do corpo. Estava envergonhada por aquilo, realmente estava. Ele a viu corar e achou graça daquilo. Zayn não esperava encontra-la ali, achou que ainda estava no banho. Mas adorou a expressão no rosto dela, ela não sabia o que fazer. Ele sorriu.
- Me desculpe. Não esperava encontra-la no quarto, achei que ainda estava tomando banho.
- O que você quer?
- A senhora Mellark me disse que depois da dose que ela aplicou em você, provavelmente acordaria como se estivesse de porre. Então, aqui está.
Ele disse erguendo a mão e oferecendo a Sun um remédio conta-gotas para que ela tomasse. Ela o pegou e Zayn virou-se para sair do quarto. Sun ficou grata. Ele fechou a porta e Sun pôde pegar um roupa confortável. Após se vestir e pentear os cabelos na frente do espelho no banheiro, desceu para tomar o café da manhã preparado por Zayn. Ela precisava descobrir onde estava, precisava sair dali. Queria isso, queria proteger sua mãe.
Ao chegar na cozinha, Zayn estava sentado na pequena mesa redonda que a uma hora atrás foi onde os dois se beijaram.
Sun sentou-se na frente dele, onde um prato com ovos e bacon estava colocado e havia algum tipo de suco em uma jarra. Os dois comeram em silêncio, Sun não sabia que estava com tanta fome até colocar o garfo na boca com os ovos mexidos.
Depois de terminarem, Sun levantou-se e pegou a louça suja, lavando tudo enquanto Zayn as secava e guardava.
- Zayn- Sun disse limpando a garganta e virando-se para ele após terminar de lavar a louça enquanto ele secava o último prato. Ele levantou os olhos e a olhou- onde estamos?
Zayn ficou em silêncio apenas olhando-a, Sun ficou constrangida e voltou seus olhos para a cozinha enorme. Os moveis eram imbutidos nas paredes, havia um balcão de uma madeira brilhosa e bancos para que se sentasse, havia algo parecido com um lustre, era comprido e tinha apenas uma grande luz na ponta que parecia a parte de cima de um abajur. Havia também, próximo a cozinha a sala de jantar, com uma grande mesa de vidro e cadeiras acolchoadas. Sun ainda esperava que ele respondesse.
- Estamos na casa dos meus pais.
Sun pareceu ver um lampejo de dor passar pelos olhos dele. Se aquela era a casa de seus pais, onde estavam?
- Em Liverpool?
- Não. Em Cheshire.

In The End (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora