Capítulo 10

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Sun tocou o braço de Zayn gentilmente e tirou-o de sua cintura. Afastou-se um pouco, ele era bem alto e ela queria olha-lo diretamente nos olhos.
- Não devíamos ter feito isso.- ela passou as mãos pelos cabelos ajeitando-os.
- E por que acha que não?
- Porque mal nos conhecemos, Zayn. Mal o conheço e já estava atirada em cima de você.
- Pare com isso, Sunny. Não somos crianças, não vejo nada demais em um beijo. Te conheço a um mês e somente a beijei.
- Eu sei disso. Mas apenas não sou como as outras. E por favor, não vamos repetir isso por enquanto.
Zayn cruzou os braços, ela havia dito "por enquanto" e isso queria dizer que ela o desejava, que ela o queria. Mas por que não satisfazia a sua vontade logo? Zayn não a compreendia, qualquer outra mulher iria querer algo mais que um beijo, porém ela não. Aquela mulher mexia com seus pensamentos. Agitava-os e embaraçava-os.
- Tudo bem. Se é assim que você quer, não vou me opor.
Sun assentiu e fez sinal para que ele se sentasse no sofá novamente e ele o fez.
- Você quer beber algo?
- Água, por favor.
Ela assentiu e Zayn suspirou. Sun caminhou para a cozinha e em seguida voltou com dois copos d'agua. Entregou um para Zayn e sentou-se novamente ao seu lado levando o outro copo até os lábios. Sua garganta estava seca e as mãos úmidas. Havia algo de errado, algo nele a fazia sentir-se assim.
Após terminar de beber a água, Zayn entregou o copo à ela e olhou no seu relógio. Eram 17:30. Daqui a pouco teria de ir embora.
- Eu sei que vim aqui por outras questões, então me desculpe por agir assim. Não farei nada parecido novamente a não ser que você queira.
Sun sorriu discretamente.
- Está tudo bem.- ela colocou os copos em uma mesinha próxima e agora olhava para as próprias mãos.
- A única coisa que te peço é que isso se repita de novo qualquer dia, se você quiser é claro.
Sun sorriu ainda encarando as mãos e ele a olhava.
- O que foi?- ele perguntou erguendo uma sobrancelha.
- Claro que quero, Zayn. Só espere isso passar. Você sabe mais do que ninguém da situação toda.
- Tudo bem, Sunny. Mas preciso deixar claro que no momento não quero um relacionamento sério. No momento só quero um tempo pra mim, se você me entende.
- Entendo perfeitamente. E acho que no momento nós dois precisamos disso. De um tempo para nós mesmos.
Zayn a olhou por mais uns instantes. Então ele pegou um papel que tinha guardado no bolso, notou que na mesinha onde estavam os copos tinha uma caneta. A pegou e começou a escrever algo no papel. Esticou um pouco o braço e o ofereceu a Sun.
- Meu número. Para o caso de emergências.
Sun o aceitou e sorriu mais uma vez. Dessa vez um pouco irônica. Zayn sorriu e viu que ela entendeu o recado.
- Quer meu número também, não é mesmo?- ela ainda sorria.
- Se você não se opor a isso também...
Sun levantou-se e foi buscar um pedaço de papel. Voltou e escreveu seu numero nele.
- Para o caso de emergências.- disse brincando.
Ele pegou o papel branco que agora continha numeros, pegou sua jaqueta e o guardou no bolso da mesma, vestindo-a.
Já de pé Zayn não sabia como despedir-se dela. Nunca havia se sentido assim, tão embaraçoso com uma mulher. Então apenas a olhou e disse:
- Já esta na minha hora, senhorita Mellark.
- Por que não consegue me chamar de Sun? É mais curto, bem melhor.
Zayn sorriu de lado e aquilo fez as bochechas de Sun esquentarem.
- É íntimo demais para um agente chama-la assim.
- Não para um agente que acabou de me beijar no meio da minha sala.
Os dois sorriram. Zayn gostava dela. Sabia ser irônica no momento certo e sempre entendia as brincadeiras dele rapidamente.
- Então tudo bem, Sun. Já que você prefere assim.
Ele sorriu mais uma vez e agora o coração de Sun bateu forte em seu peito.
Caminharam para a porta e Sun a abriu para que Zayn pudesse passar. Ele virou-se e a olhou enquanto estava encostada na porta. Ele lembrou-se do noticiário. Lembrou-se da possível epidemia que poderia assolar o país. Mas não quis assusta-la ou faze-la preocupar-se ainda mais. Sabia que Sun estava passando por um momento bem complicado, não precisava ser nenhum gênio só precisava ter um pouco de senso.
- Cuidado quando for sair, Sun. Tem muita coisa ruim acontecendo e pode ser perigoso. Enquanto você puder se manter em casa, mantenha-se.
Sun deu um sorriso.
- Com toda certeza.
Ele assentiu e virou-se caminhando para o carro. Entrou no veículo e mais uma vez ligou o aquecedor. De lá acenou discretamente para Sun que fez o mesmo. Zayn deu a partida e arrancou com o carro, Sun fechou a porta de sua casa e tentou imaginar o porquê daquilo que ele disse antes de entrar no carro. As mortes e sequestros já haviam parado, o que ele sabia de tão grave assim? O que mais havia de errado na cidade? Sun sentia algo terrível em seu peito. Um sentimento muito ruim, sentiu medo misturado com preocupação e uma pitada de desespero. Ela era o tipo de pessoa que entrava em pânico fácil mas não escandalizava ou demonstrava. Guardava seu sofrimento para si.
Sun dirigiu-se para a cozinha, tirou do bolso da calça jeans o papel que Zayn a entregara. O olhou e um formigamento percorreu seu corpo como uma corrente elétrica. O colocou em cima do balcão e prendeu os cabelos em um coque. Era de dar aquele friozinho na barriga, ele era o tipo de homem que toda mulher queria por perto, não duvidava do seu caráter, pelo menos ainda não. O fato dele não querer assumir um compromisso sério não a afetou em nada, na verdade a fez refletir enquanto preparava a massa de lasanha para o jantar. Ela já havia visto diversas vezes pessoas com esse mesmo perfil e a semelhança entre elas para que tomassem esse tipo de decisão era a decepção de relacionamentos antigos. A possível explicação para Zayn escolher isso para a sua vida, era que em algum momento alguém o decepcionou. Sun, a alguns meses atrás, havia visto a seguinte frase: "Aqueles que dizem que não querem mais amar, são os que mais amam". E isso podia ser aplicado perfeitamente à Zayn, ele está se blindando, está construindo muros para que não passe novamente pela mesma coisa. Como em um looping. Sun viu que por dentro, aquele cara durão, firme e um pouco amedrontador, não era nada daquilo. Na verdade ele era um homem desacreditado, que talvez precisasse de alguém para abraça-lo e conforta-lo. Dizer que tudo ia ficar bem. Talvez seja o que ele mais queira e ao mesmo tempo o que mais teme.
Zayn era realmente um cara interessante e apesar dessas deduções, Sun não podia afirmar nenhuma. Ele era um verdadeiro enigma e Sun ainda não sabia se queria decifra-lo.
Mais tarde, após terminar de preparar o jantar, Sun subiu e foi tomar um banho para esperar por sua mãe. Estava coberta por farinha e suor. Tomou um banho com água quente e colocou roupas limpas, passou seu hidratante e desceu. Já estava quase na hora de sua mãe chegar, dentro de instantes estaria ali. Sentou-se na sala e logo em seguida o telefone tocou. Ela rolou os olhos e levantou-se.
- Alô?
- Sun? Sou eu, mamãe.
- Ah, oi mãe.
- Apareceu um imprevisto aqui no hospital, eu realmente queria embora, mas preciso ficar. Você esta bem? Consegue ficar bem?
Sun riu ao escutar aquilo.
- Claro, mãe. Não se lembra que tenho 20 anos? Pode ficar tranquila. Você vem que horas amanhã?
Sun mudou de posição.
- De manhã. Umas oito to chegando.
- Tudo bem, mãe. Se cuida.
-Sunny qualquer coisa, qualquer coisa mesmo liga pro meu celular ou pra polícia. Ou pra mim e pra polícia.
Sun sorriu.
- Vai ficar tudo bem, mãe. Pode ficar tranquila. Sigo sua orientação caso precise.
- Ta bom, fica com Deus. Se cuida.
- Você também, mãe.
E desligou. Sun, já estava na cozinha, colocou seu jantar. E sentou-se sozinha na mesa. O silêncio as vezes era um som realmente perturbador. Ela sentia que havia algo de errado.
E provavelmente estava certa.

In The End (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora