Capítulo 6 - O início do fim

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Sun estava em seu quarto um tanto escuro. Sentada em sua cama sem força alguma, ouviu o tilintar da chuva no telhado de sua casa. As janelas estavam fechadas e cortinas caíam sobre elas. O dia chuvoso combinava com seu humor sombrio. Olhou para seu vestido preto e uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Duas semanas depois de ter aquele pesadelo horrível com seu pai, o telefone tocou numa tarde ensolarada e a voz do policial do outro lado da linha não lhe trazia nenhuma notícia boa. Como em seu sonho ele havia sido encontrado sem a cabeça e com marcas por todo o corpo. O sangue fora-lhe drenado e sabe-se lá o que foi feito. O corpo foi encontrado separado da cabeça, mas encontraram os dois no mesmo dia. Um fim macabro para quem era tão bom. Sun havia visto um rosto em seu sonho, sabia quem havia feito aquilo com seu pai mas não tinha tanta certeza assim. Primeiro que seus sonhos eram confusos. Tudo bem que aquele estava claro como água porém ela já havia se enganado antes e podia muito bem se enganar agora. Segundo e mais importante: ninguém acreditaria nela. Sem excessão. Pensariam que estava louca, transtornada pela morte do pai e buscava um culpado para tal ato. O agente, Zayn Wate, ainda fazia visitas à ela e à mãe. Ainda não haviam solucionado o caso e mais pessoas continuavam a desaparecer. A notícia do que acontecia em Londres percorria o mundo. Sempre com a questão não resolvida: quem estava fazendo isso e por quê? Seria um serial killer que gostava de rituais macabros? Seria algum grupo ou clã? E aonde queriam chegar com isso? A única certeza que tinham era que as pessoas que faziam aquilo, faziam muito bem. Era o tipo de crime perfeito que estava se repetindo diversas vezes e sem controle. No total, nessas três semanas em que Sun estava morando ali, na maior parte da Inglaterra e na cidade de Londres, onde era o foco, 53 pessoas haviam desaparecido e encontradas mortas. Todas da mesma forma. Sem os olhos, sem o sangue do corpo e cheias de símbolos.

Sun ouviu uma leve batida na porta, levantou os olhos e viu sua mãe ali. O rosto sombrio, olheiras marcavam seus olhos e agora parecia sempre olhar para o chão.

- Já está na hora, Sun. - murmurou.

Sun levantou-se e pegou seu guarda chuva também preto e caminhou para perto da mãe. Sarah foi andando na frente deixando Sun imersa em seus pensamentos por um instante. Seu pai... Augustus Mellark, havia morrido por algum ritual. Sangue inocente como todas aquelas outras 53 vítimas encontradas. Tão pouco tempo morando na nova casa e ela já havia de tornado sombria. Não tinha tanta lembrança assim de seu pai ali, mas o vira sorrir ajudando a arrumar tudo o que tinham. Ainda ouvia o som de sua voz grossa a chamando. Caminhou pelo corredor que levava às escadas e passou pelo quarto de sua mãe. Viu o guarda roupas aberto e notou que as roupas do seu pai ainda estavam lá. Olhando apenas da porta o perfume das roupas dele inundou suas narinas. Seus olhos ficaram úmidos. Aquela seria a última vez que sentiria o perfume dele. Sua mãe a chamou mais uma vez no andar de baixo. Sun então fechou a porta e encaminhou-de para as escadas. E sem olhar para trás as desceu. Estava se dirigindo para o lugar em que o veria pela última vez. Ou melhor se despediria porque o caixão não seria aberto.

In The End (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora