Meu Professor Babaca

CAFÉ

Louis é um um bom colega de mesa. Não fala muito. Não invade meu espaço. É agradável de estar perto.

-Você... vai sentar com quem no intervalo?

A pergunta me pega de surpresa. Um pouco deprimente dizer que não tenho amigos, mas é a verdade, fazer o que?

-Com ninguém na verdade...

-A.. se quiser pode sentar comigo, vai ser bom não lanchar sozinho, pra variar... Mas só se você quiser é claro..

-Tudo bem haha...

É um cara gente boa.

-Ei vocês dois, silêncio, tem coisa pra fazer, não estão vendo?

A voz grave do professor nos interrompe, sinto uma raiva enorme desse cara, odeio ser interrompido.

-Desculpe- eu e Louis dizemos ao mesmo tempo.

O sinal bate e saímos para o intervalo. Reparo no olhar estranho q o professor Connor fuzila em mim. Estranho. Talvez ele me odeie também.

Sentamos em uma mesa afastada da multidão de alunos com suas bandejas de comida. Bem parecido com um presídio, reparo.

-Qual é a desse professor? Tenho a impressão de que ele não gosta de mim. Será que foi por causa do meu atraso?- pergunto a Louis enquanto como a comida sem gosto oferecida pela escola.

-Olha, é o jeito dele ser o professor pau no cu da escola, se acostume. Mas confesso que reparei nas olhadas maléficas que ele dava em você. Fiquei até arrepiado.

-Pois é... acho que vou ter problemas com ele.

O sinal toca novamente.

Antes de ir para a próxima aula, decido ir buscar um café na cantina da escola. A falta de uma boa noite de sono realmente estava me afetando.

Compro um expresso duplo, e sigo pelo corredor enquanto olho no meu celular a grade de aulas para saber qual sala devo ir. Ainda iria demorar um pouco pra me acostumar com a escola.

Distraído, não reparei que vinha alguém na minha direção. Pelo visto a pessoa também não. Um esbarrão forte o suficiente pra derramar pelo menos metade do meu café em cima do babaca na minha frente.

-Porra! Olha por and...

Merda. É claro. Atônito, o professor Connor me fuzila com os olhos, com uma expressão de "não acredito nisso"

-Puta que pariu...- ele fala baixinho pra si mesmo.

-Eu sinto muito professor! Estava distraído e não vi que...

-Ta , ta... só.. sai da minha frente, vai pra sua aula, vai.

Agora que ele me odeia mesmo. Parabéns Nathan, logo no primeiro dia.

Encontro minha sala, mas antes de entrar decido que preciso ir ao banheiro. Estava realmente apertado.

Entro no banheiro e não reparo em quem está na pia, só quando vou lavar minhas mãos que percebo ele, de novo ele. O professor Connor, com a camisa desabotoada, tentando limpar a mancha de café causada por mim.

Ele me olha e meu corpo congela. Tenho a estranha impressão de que vou morrer. Enquanto lavo minhas mãos, ele me lança vários olhares furiosos mas não fala nada. Ainda bem. Por fim, ele abotoa a camisa e sai do banheiro, logo em seguida tomo rumo para minha sala.

Isso foi estranho. Estranho pra caralho. Não só pela torta de climão que ficou naquele banheiro, mas também pela sensação estranha que eu tive quando vi... a camisa desabotoada...? O que que eu to pensando? Deve ser efeito da minha falta de sono. Sigo pra sala tentando afastar esses pensamentos da minha cabeça.

Mas os pensamentos seguem comigo até o fim desse maldito primeiro dia.