Não temerei mal algum

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Satanás, Satanás, Satanás...

Os três meninos não perdoavam Samael que continuava os olhando com desdém, os três falavam baixinho pois sabiam que algum adulto poderia ouvir, então eles se aproximavam de Samael e falavam perto de seu ouvido repetidas vezes o nome Satanás, Samael se levanta e encara os meninos.

_Vocês acham mesmo que me importo com isso? - Pergunta o menino. - Agora mas do que nunca vocês vão ver do que sou capaz seus merdinhas, cagada de Deus.

Os outros meninos ficam calados e de olhos arregalados, o menor já tinha dado um passo atrás, em seguida os três saem do corredor deixando Samael de volta com sua pesquisa, em quanto na sala da Psicóloga:

_ Eu...eu não consigo explicar Anisia, sinceramente eu não entendo essa reação do Sam. Eu sei que ele é um menino...hã...

_ Anti social. - Interrompe Anisia.

_ Sei que as vezes ele é...

_ Maldoso. - Mais uma vez interrompe Anisia, deixando Laura sem graça.

_ Iria dizer sincero...de mais. - Tenta remediar Laura.

_Você quer dizer que o Samael está certo em falar todos aqueles absurdos para sua colega de sala?

_ O...que...não...meu Deus não é isso. Desculpa eu não estava nem pensando nesse episódio, é que...na maioria das vezes ele fala coisas que por mais verdadeiras que sejam acabam magoando as pessoas.

_Você tem problemas com negros Laura?

_Você deve está brincando comigo não é Anisia? Estudamos juntas por um bom tempo, tive amigos negros, inclusive quase namorei um.

_Perguntei ao Sam se ele já tinha ouvido algo racista em sua casa... ele não disse nem que sim, nem que não.

_Ah...nem sei como dizer isso Anisia, mas ele sabe que ninguém lá em casa é racista, ele deve ter falado isso porque ele...bom ele gosta de jogar com as pessoas.

_Como assim jogar?- Pergunta Anisia.

_Quando ele conversa com alguém e se for algo que lhe convém ele faz joguinhos de palavras, até mesmo psicológicos.

_Nada natural para um menino da idade dele não acha?

_Eu não sei o que você quer dizer com isso Anisia mas não estou gostando do seu tom de voz.

_ Apenas estou preocupada com seu filho e com as outras crianças que o cercam.

_Como assim?

_ No momento só preciso saber se está tudo bem com o Samael, se existe algo que está o irritando, o incomodando.

_Não...não tem, está tudo bem em nossa casa.

_ Você ainda frequenta os Alcoólicos Anônimos e os Narcóticos Anônimos?

Laura ficou visualmente irritada, aquele era um assunto que não era da conta da Psicóloga e a mãe em questão estava ficando constrangida.

_ Desculpa, mas isso é da sua conta?

_ Sim, claro que é. Se estamos falando do Samael isso pode atingi-lo e...

_Está tudo bem comigo. - Interrompe Laura odiando a maldita micro cidade onde todos sabiam da vida de todos.

_Você superou sua depressão Laura?

_Mas que droga você está querendo? - Os olhos de Laura estavam mergulhados em lágrimas.
_Calma Laura, não precisa ficar nervosa, eu apenas estou querendo entender o porque do comportamento de seu filho para com as outras pessoas. - Anisia se preparava para tocar na ferida de Laura. - E também eu quero entender o porquê de você não ama-lo.

Aquelas últimas palavras fizeram Laura encarar a Psicóloga que permanecia com sua expressão de que não tinha dito nada de mais. Laura levantou-se e caminhou em direção a Anisia que ficou atenta e também se levantou de sua cadeira mas não a tempo suficiente para que Laura a puxasse pelo jaleco.

_ Você bebeu, está louca? - Laura nem percebia que segurava sua respiração. - Como ousa dizer um absurdo desses?

Anisia consegue soltar-se das mãos de Laura, recompõe-se e olha de forma incrédula para sua ex amiga.
_ Desculpe se você não gostou Laura, mas sou uma profissional na área da psicologia e sempre observava você nas reuniões dos pais. Você sempre falava com um afeto mais que perceptível em relação ao seus outros filhos mas quando se trata do Sam você sempre fica em silêncio e desconfortável. Então por favor, não me venha com essa, talvez você não queira assumir por vergonha, ou outra coisa mas essa é a verdade.

Laura ficou de olhos arregalados com aquelas palavras e ela tinha sensação de que seu queicho encostava no chão, ela piscou algumas vezes e foi em direção a cadeira que ela tinha deixado sua bolsa e a pegou de preparando para sair.

_ Eu vou embora, não vou ouvir esses absurdos e não quero quebrar minha mão nessa sua cara...sua louca.

Laura bate forte a porta da sala de Anisia deixando a Psicóloga sozinha.

_ Eu...louca? Hum. - Anisia pega seu celular e faz uma ligação. - Olá, hum...então, estou com um caso bem interessante, vou pesquisar mais a fundo e se eu estiver certa...bom, você irá gostar...hurum, tudo bem, um beijo e até logo.

Psicopatas Vol.4 - Pequeno SamOnde histórias criam vida. Descubra agora