Ainda que ande pelo vale das sombras da morte

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O rio parecia sombrio naquela noite, as águas estavam calmas e o vento frio era um pouco desconfortável, as folhas secas das árvores caiam sobre o rio e uma leve correnteza as levavam para um lugar desconhecido, mas apesar de sombrio Laura começava a lembrar de tantos momentos bons que viveu naquele lugar, tanto sozinha, quanto com Leila em momento das garotas se bronzearem, como também com o seu pai nas horas de pescas, e como não lembrar dos momentos em família com Clara, Joseph, também nos momentos românticos entre ela e Douglas, se beijando, ou fazendo amor tanto na pequena lancha como até mesmo dentro do rio, até porque foram naquelas águas que Clara foi concebida depois de um momento difícil do casamento.

Mercedes tinha aconselhado Laura a ir para um lugar que ela gostasse e aquele rio foi a primeira coisa que lhe veio em mente.

***

_Aqui é o Carlos, qual é a sua emergência? - Pergunta a voz do outro lado da linha.

_A minha avó está morta. - Responde Samael tranquilamente.

_Morta? O que aconteceu e qual é o seu nome e a sua idade?

_Tenho dez anos, me chamo Samael e ela caiu da escada. - Responde o garoto e o atendente poderia jurar que teve a impressão de ouvir o garoto bocejar. - Olha só, será que você poderia mandar alguém aqui para retirar o corpo? Estou com fome e fico sem apetite nessa situação.

***

Leila tinha chegado em sua casa depois que saiu do escritório de Guilherme, mas ao chegar viu um bilhete de sua mãe avisando que iria visitar Laura, Leila achou melhor esperar a mãe, mas já estava ficando tarde e decidiu ir até a casa de sua irmã sabendo que não poderia entrar, No caminho para a casa de Laura, Leila repassava em sua mente toda sua conversa com o psicólogo Guilherme, todas aquelas informações eram de mais.

De longe leila ver algumas luzes piscando em frente a casa de Laura, ela força um pouco mais a vista até entender de que se tratava de sirenes.

_DEUS! - Leila grita acelerando o carro, seus olhos já estavam cheios de lágrimas, e ela se perguntava o que tinha acontecido, rezava para que nada de ruim tivesse acontecido a sua família, mas algo lhe dizia que era tarde de mais.

Leila pára o carro um pouco trás de umas das viaturas, eram três e uma ambulância, ela vê a pequena Clara séria no colo de uma policial que estava dentro da viatura, parecia tudo em câmera lenta, depois ela consegue ver Joseph que encontra o olhar da tia, ele falava com um policial, e ele faz uma expressão de como sentisse muito por Leila, um policial vem até Leila, ele fala algo mas ele só consegue ver sua boca abrir fechar, ela caminha para sua casa, até agora Joseph e Clara pareciam bem, ela olha para cima e ver a imagem de Samael a observando de sua janela, ela aperta um crucifixo que ficava em seu colar que tinha ganho de presente de sua mãe Mercedes, o policial insistia em falar com Leila como se não a deixasse entrar na casa, mas ai ela ver algo, de dentro da casa policiais e paramédicos traziam uma maca com um corpo coberto por um lençol branco.

_Não...Deus...por favor. - Leila empurra o policial e corre até a maca aos prantos, outro policial tenta detê-la mas é em vão, ela pára em frente a maca. - Mostra.

Leila estava rouca e nem percebia que já chorava, um policial aproxima-se como se quisesse ajudar, em quanto outro lentamente retirava o lençol do rosto do corpo e ela ver sua mãe, um filme passa em sua mente, desde sua infância quando Mercedes brincava com Leila e Laura de bonecas, ou de quando Leila perdeu sua virgindade e contou para sua mãe e do quanto ela foi compreensiva, ou de quando o marido de Leila morreu e Mercedes tanto a consolou, Leila sente-se zonza, seu joelhos tremem e sua vista escurece.

Psicopatas Vol.4 - Pequeno SamOnde histórias criam vida. Descubra agora