Ordinary

XI - A Morte, O Louco, e a Roda da Fortuna

Chester andava de uma forma totalmente diferente da de Matt. Seus passos eram leves, com uma ansiedade atrelada a empolgação, não a medo ou insegurança. Trazia consigo uma rosa cor-de-rosa, que havia dado um jeito de esconder no carro de Kane, sem que ninguém suspeitasse. Seu destino era o mesmo de Matt.

Seus passos não se tornavam pesados nem na brusca subida que levava à porta de vidro dos fundos da casa. Sua leveza se tornava angústia ao ver a máscara de caveira no chão. "Cupcake" podia ser lido na parte de dentro da máscara. Ele se agachou, e observou-a.

- Você... Raven... - Ele suspirou, espremendo a feição. - Não sente nojo de como cutuca uma ferida de forma cruel?

- Não esperava ver você por aqui tão cedo. - Disse Gwen, vestindo uma sacola na cabeça, após ter aberto silenciosamente a porta.

- Eu vim trazer isso. - Ele entregou a rosa.

- Detesto flores, mas gosto de rosa. - Ela pegou a flor. - Vou considerar. O que é isso na sua outra mão?

- É... Nada.

- Deixa eu ver.

- Você não vai gostar.

Gwen tomou a máscara à força da mão de Chester. Ela a observou, em agonia, lendo "Cupcake" escrito em rosa, sua cor favorita. Ela se virou, e voltou para dentro da casa, segurando a porta.

- Gwen, espera. - Disse Chester, segurando a porta que estava a centímetros de se fechar. - Me escuta.

- O que você ainda tem a me dizer?

- Você gosta de ser assim? De estar presa a algo que mesmo vendo de fora eu tenho certeza que você não é?

- Você não sabe nada sobre mim.

- Ele tá te ajudando a se esconder mais, e você tá escolhendo aceitar. Não vê que isso é a forma que ele tem de te controlar? Você quer continuar na teia dele?

- E o que você sabe sobre ele? O que você entende sobre qualquer coisa que envolva eu, Gwendolyn Foster, e ele, Matthew Raven? Me diga uma única coisa, Chester Lindemann. Por favor, me deixe em paz. Se percebe que eu escolhi me esconder atrás de máscaras, que assim seja. Saia do meu campo de visão. E não volte mais.

- Você tá com medo. - Chester abriu uma brecha, que fez com que Gwen reduziu a sua força segurando a porta, fazendo com que ele a abrisse. - Talvez você só precise de um... - Ele pôs sua mão sobre a sacola na cabeça de Gwen. - Impulso. - Ele a puxou, removendo-a.

Um zumbido barulhento começava na cabeça de Gwen, provocando desespero e tremedeiras, enquanto ela se agachava e pressionava suas mãos contra o rosto.

- Ei, me escuta. - Disse Chester, a levantando lentamente.

- Você... Não entende... - Ela chorava.

- De fato. - Ele segurou suas mãos. - Mas eu tô tentando te ajudar. Você só precisa me ouvir. - Ele afastou as mãos do rosto de Gwen lenta e delicadamente.

E na frente de Chester, se revelava a verdadeira face de Gwendolyn Foster. A franja que Chester não via há eras estava no mesmo comprimento que ele lembrava. Suas marcas de expressão e modelagem facial como se fosse uma obra renascentista, acompanhada daqueles olhos verde-água, e lábios hidratados. Ela o encarava, lentamente deixando o desespero de lado e normalizando sua respiração.

- Wow. É isso o que você tem medo de esconder?

- Você realmente não entende.

- Talvez você tenha razão. Mas eu não tô mentindo. Você não tem nada a temer. A última coisa que você deve sentir consigo mesma... É med... - Chester foi cortado por um beijo.