XVIII - Contato de Emergência

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Faye girava o garfo de maneira entediada pelo seu prato de espaguete.

- O que foi? - Perguntou Todd.

- Hã?

- Você tá viajando no prato, não comeu um único pedaço.

- Ah, eu... Tô sem fome.

Ela mentia. Seu estômago roncava. Mas a sensação era estranha. Era como uma azia descontrolada. Uma fome sem apetite. Todd suspirava com raiva.

- Se você não quer ir, deveria ter dito antes.

Faye apenas sorria com ironia e insatisfação, sem deixar nenhuma palavra escapar de sua boca. Depois de alguns segundos para processar, ela direcionava o seu olhar a ele, de maneira quase que apaixonada, e acariciava sua mão. O garoto se acalmou aos poucos.

Essa viagem estava planejada havia meses. Todd, que já é uma pessoa temperamental, certamente se irritaria com o fato de Faye expressar sua mudança de decisão no momento em que estavam prestes a sair, ainda jantando no posto quase fora da cidade. Por mais problemática que pudesse ser a impulsividade de Todd, Faye ainda conseguia compreender essa parte. Ela talvez não expressasse raiva, mas se decepcionaria da mesma forma se estivesse no lugar do garoto.

De volta à cidade, Tate caminhava com passos apressados, com o telefone no ouvido.

- Cara, você tem certeza que isso é uma boa ideia? - Perguntou Ramona, no telefone.

- Isso sempre foi uma possibilidade. Você sabe disso. - Tate respondeu.

- É, só que agora você não vai mais ter vida. - Ela girava a massa de uma panqueca na frigideira.

- Eu preciso de dinheiro, Ram.

- A gente mora junto, e nas condições que a gente tá, o certo seria eu procurar um emprego.

- É, mas se você não consegue, eu tenho que tomar uma atitude!

- Ok, ok, me desculpa por ser tão lesada. Mas isso não vai complicar a sua posição?

- Minha função principal sempre vai ser prioridade. Ou, pelo menos, até o caso se encerrar. Eu praticamente vivo pra isso, de forma indireta.

- Então você largaria do seu novo trampo se houvesse qualquer interferência?

- Eu não tenho muita escolha, né? Se eu não fizer isso, não vou mais poder ver você.

Ramona suspirou.

- Boa sorte, Tate. - Ela desligou.

Chloe tentava fazer parecer que não estava completamente perdida no sistema dos computadores do cinema. Ela mal tinha entendido o preço dos ingressos, mas era seu teste de emprego, e precisava dar o seu melhor. Seu expediente já havia começado há dez minutos.

O andar de Tate se tornava mais apressado conforme ele se aproximava das salas de cinema. Ele finalmente se dirigiu à chefe, e nervoso, começou:

- Mil perdões pelo atraso no primeiro dia. Nos falamos mais cedo, eu vim fazer um teste.

A chefe não implicou muito com o garoto, pois realmente estavam desesperados por pessoas que quisessem cumprir a vaga.

Os olhares dos dois novos funcionários se encontravam, em desgosto.

- Bela primeira impressão. - Chloe estourou uma bola de chiclete.

E a noite estava apenas por começar. Chloe cuidaria dos ingressos, e Tate, dos lanches.

O olhar de Matt se vidrava no de Rydel em desespero. Sua pele ficou pálida e ele perdeu o equilíbrio por um instante. Era um choque. Matt literalmente não fazia ideia do que falar. Seus olhos permaneciam arregalados, contraindo suas pupilas.

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